Por Luis Dufaur
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O general Villas Bôas falando na audiência pública no
Senado.
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No marco da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança
do Clima, reunir-se-á de 30 de novembro a 11 de dezembro de 2015 em Paris a
denominada COP21 (Conference of the Parties).
Ela reunirá as delegações oficiais de quase todos os países
do mundo com vistas a aprovar um projeto de governo planetário para combater o
aquecimento global e outros espantalhos considerados inexistentes por
cientistas objetivos.
O plano já foi tentado em algumas das reuniões anuais
precedentes, mas não teve sucesso. As COPs são conferências eminentemente
políticas, e em Paris osmovimentos ambientalistas e socialistas pretendem fazer
aprovar uma mal definida “governança mundial”.
Essa “governança” visaria assumir o controle do mundo
corroído pela corrupção e instalar um regime de tipo científico cooperativista
com o pretexto de “salvar o planeta” do “aquecimento global gerado pelo homem”.
Com algumas tarefas já definidas nos cenáculos ativistas
verdes, nessa “governança” destaca-se prioritariamente o plano de submeter toda
a região amazônica a uma administração “científica”, incluindo o território dos
países que detêm soberania sobre ela.
Em poucas palavras, o Brasil perderia a soberania sobre uma
parte essencial e imensa de seu território.
Essa soberania vem sendo sorrateiramente minada por
múltiplas iniciativas nacionais promovidas pelas esquerdas tupiniquins, mas
muito aplaudidas pelas esquerdas ambientalistas do mundo inteiro.
Sobre uma dessas recentes iniciativas falou o comandante do
Exército Brasileiro, general Eduardo Villas Bôas, em audiência pública da
Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado. O objetivo
primário da audiência foi analisar o controle de fronteiras e o combate ao
tráfico de drogas e armas na região.
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A imensa dimensão do 'Corredor Biológico Andes - Amazonas -
Atlântico' ou AAA.
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Na ocasião, o general destacou a necessidade de se prestar
maior atenção na atuação das ONGs internacionais que operam no País. Com grande
conhecimento de causa, ele ressaltou a ameaça representada pelo projeto do
“corredor ecológico” proposto pelo governo da Colômbia.
De acordo com Villas Bôas, os militares estão apreensivos
com situações que restringem a autoridade do País sobre seu território, bem como
sobre questões estratégicas para o desenvolvimento da região, fundamental para
atender às aspirações dos brasileiros – em especial os da população da Região
Amazônica.
A proposta denunciada é conhecida como “Corredor Triplo A” e
foi apresentada pelo presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, ao Congresso
de seu país.
Ela visa a criação de uma zona de preservação ecológica que
iria dos Andes até o Oceano Atlântico. Se implementada, poderá “esterilizar”
1,35 milhão de quilômetros quadrados dos territórios da Colômbia, Brasil e
Venezuela.
A intenção é apresentar o projeto para análise da COP-21
acima mencionada, já podendo ter como garantida sua aprovação por lobbies de pressão
ambientalista que trabalham ativamente para esse fim.
O general lembrou que a Amazônia representa 62% do
território brasileiro e a eventual criação do “corredor” inviabilizaria a
exploração de recursos naturais avaliados em mais de 23 trilhões de dólares,
como reservas de minérios raros e biodiversidade.
Como há décadas afirmou o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira,
lembra nosso blog, a soberania é plena ou não é soberania. Não existe soberania
parcial, ou condicionada.
Se um outro país, ou um conjunto de países, vem dizer o que
o Brasil tem que fazer em mais de 60% de seu território, não adianta que eles
apresentem distingos jurídicos ou científicos sofisticados: atentam contra a
soberania brasileira.
Se eles conseguirem essa meta, vão amputar o Brasil. E isso
é totalmente inadmissível.
Vilas Bôas aproveitou para se posicionar contra as propostas
de manter os recursos naturais amazônicos “congelados” para sempre e disse que
é possível conciliar a preservação ambiental com o uso racional das riquezas da
região.
Para ele, tal condição configura um “déficit de soberania”
produzido por ONGs misteriosas: “Esse déficit de soberania, esse processo todo
é como combater fantasmas, porque a gente não sabe de onde vêm, o que são, o
que fazem e quais são os seus objetivos, mas o resultado geral a gente pode
verificar (Agência Senado, 16/07/2015).”
Como explicou o comandante do Exército, a proposta do
“Corredor Triplo A” foi concebida pela ONG britânica Gaia International, cuja
filial colombiana é a Fundación Gaia.
Além disso, Villas Bôas também criticou o modelo atual de
demarcação de terras indígenas na Amazônia, inclusive em áreas com forte
concentração de riquezas minerais:
“Não sou contra unidades de conservação em terras indígenas.
(…) mas temos que compatibilizar esse objetivo com a exploração dos recursos
naturais”, disse.
E observou que a falta de projetos permitindo que a
exploração das riquezas naturais amazônicas seja feita de forma organizada e
com fiscalização tem provocado o contrabando ilegal desses mesmos recursos.
Como exemplo, citou o caso da exploração ilícita de
diamantes cor-de-rosa em terras indígenas de Rondônia, que continuam sendo
extraídos e exportados sem qualquer controle.
“Isso é uma hemorragia; são riquezas que o país perde, que
saem pelas estruturas de contrabando, e o país não se beneficia em nada com
isso”, questionou.
O comandante também expôs a situação do narcotráfico na
região amazônica, e observou que o Brasil é usado como corredor de passagem de
cocaína para o exterior, por fazer fronteira com os três maiores produtores da
droga no mundo: Colômbia, Peru e Bolívia.
Villas Bôas informou que foram identificadas e destruídas
pequenas plantações de coca no interior de nosso território, e que há
informações da ação de traficantes brasileiros e mexicanos na Amazônia:

Já o tráfico de armas é mais presente em fronteiras no Sul
do país, afirmou.
Para proporcionar um monitoramento mais efetivo das
fronteiras, principalmente na Amazônia, está sendo implantado o Sistema
Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), desenvolvido pelo Exército
e composto de sistemas de comunicação, radares e veículos aéreos não tripulados
(Vants), com 70% de tecnologia nacional.
O sistema começou a ser implantado em Mato Grosso, com
previsão de conclusão em todo o País para 2023, embora possa haver atrasos,
devido aos cortes orçamentários do governo federal, observou Villas Bôas.
O sistema pode recuperar o investimento realizado em dez
anos, contribuindo para uma economia de mais de R$ 13 bilhões em gastos com
segurança, nesse período.
É de extrema relevância que uma autoridade com a
responsabilidade do comandante do Exército venha a público para denunciar o
caráter danoso do radicalismo ambientalista-indigenista de ONGs internacionais
que há mais de duas décadas colocaram o Brasil na sua alça de mira.
Entrementes, o dano causado pela atividade delitiva dos
carteis do contrabando e do narcotráfico pode ser largamente agravado por
decisões no sentido do plano denunciado e que circulam não só na ONU, no CIMI e
nas ONGs, mas na cúpula do governo federal.
Todas essas instâncias verde-vermelhas preparam propostas
que serão apresentadas na COP-21, talvez sonhando colocar o Brasil entre a
espada e a parede.
Mas eles não sabem com quem estão lidando.
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