Por Nivaldo Cordeiro
É bom que se diga que a posição do PSDB e seus aliados em
torno do nome alternativo de Júlio Delgado foi uma jogada tática que deu
conforto aos seus líderes. Para Eduardo Cunha, o relevante era não haver
segundo turno, pois não precisava para isso dos votos das oposições em si, mas
apenas que ela não somasse com o adversário petista, dando alento à sua
candidatura. O PSDB não aderiu, mas deu apoio tático. O resultado foi desastroso
para o Palácio do Planalto.
Cada vez mais claro que o projeto revolucionário do PT
encontrou agora uma reação sólida, ao menos no nível parlamentar. A pauta do
Congresso Nacional será oposicionista sem ser destrutiva. O que for do
interesse geral da nação será acolhido; o que for inovação revolucionária do PT
será recusado.
A derrota se tornou ainda maior porque o desdobramento da
Operação Lava Jato pode levar a um eventual pedido de impeachment da presidente
Dilma e é na Câmara dos Deputados que o processo de inicia. Se, junto com
provas jurídicas, houver um clamor popular a cassação eventual de Dilma
Rousseff sai do reino das possibilidades e cai na concretude política. Bom
lembrar que a cassação de Dilma Rousseff daria um grande poder ao PMDB, partido
de Eduardo Cunha, pois o vice-presidente da República é do seu partido. O colo
de Michel Temer está preparado para receber a faixa presidencial.
Em volta de tudo temos o desenrolar da crise econômica, que
pode agravar o quadro político. A inflação está se acelerando e a produção,
caindo. O desemprego ameaça. A perda de renda da população é visível. Esse
quadro favorece a rejeição mais acentuada da presidente Dilma Rousseff.
Eu tenho escrito nas redes sociais que a única alternativa
para o PT se manter no poder é fazer um ato de força. Mas ele não a tem,
sobretudo porque o PT, alavancando a ideologia alucinada na tal Comissão de
Verdade contra os militares, colocou as Forças Armadas contra si. Desse modo,
um golpe de força ficaria fora de cogitação.
Estamos assistindo à derrocada paulatina do projeto do PT.
Ela se concretiza em várias frentes, desde a nomeação de um ministro da Fazenda
“neoliberal” até a derrota na eleição da mesa da Câmara dos Deputados. O PT
também tem colhido dissabores no plano internacional e seus aliados mais
próximos, como Venezuela, Rússia e Irã não parecem ter grande valia para
estancar a perda da credibilidade internacional.
O ano de 2015 será crucial. A derrocada do PT pode se
acelerar, inclusive pela notória incompetência de Dilma Rousseff para conduzir
o processo. Ela não sabe bem o que fazer no cargo que ocupa. O fim está
próximo? Quem viver verá.
Publicado originalmente no site Nivaldo Cordeiro - Um Espectador Engajado