Por Milton Pires
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The Siege: Nova York sitiada
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Prezado Reinaldo:
Nós nos conhecemos pessoalmente na
Livraria Cultura, aqui em Porto Alegre, por ocasião do lançamento de “O País
dos Petralhas II” (livro que guardo aqui em casa com a sua dedicatória). Leio
seu blog diariamente e, se você escrever outro livro, evidentemente, vou
comprar e ler. Apesar disso, muito já me irritei (e vou continuar,
provavelmente, me irritando) com declarações suas a respeito do PT. Tenho
certeza absoluta que você não se importa com a minha “irritação” e vai manter,
como sempre fez, seus pontos de vista que tem sempre, na minha opinião, bases
muito sólidas.
Hoje eu lhe escrevo em função da Operação Politeia da
Polícia Federal – essa que invadiu propriedade de Fernando Collor e tomou seus
carros de luxo – dando origem ao seu post de 15/07/2015 às 9:20 com o título“Os
inocentes úteis e inúteis que saem em defesa da truculência da PF e do MP estão
é no movimento “Fica Dilma!”
A respeito do seu post, fiz um comentário no Facebook
dirigido ao amigo Dalmo Accorsini e que reproduzo aqui: Dalmo, parece-me que
agora o Reinaldo Azevedo quer se apresentar ao Brasil como o agente especial
Hubbart que, nessa foto, diz ao Coronel Devereaux: "Não, coronel, nós não
podemos agir como eles...nós não podemos matar e torturar...se nós fizermos
isso, eles já ganharam!"
LEMBRE-SE, Dalmo: há uma diferença gigantesca entre o
Hubbard e o Reinaldo Azevedo (mesmo que o primeiro seja apenas um personagem do
Denzel no filme “Nova York Sitiada”) - no filme HAVIA UM ESTADO DE DIREITO A SER
DEFENDIDO, SIM!! Não há, na Suprema Corte, advogados de Partidos Americanos
(nem do Hubbard nem do Coronel Deveraux). Ao atacar a ação da PF dizendo que
foi "ilegal e espetaculosa", Reinaldo, mesmo apoiado pela letra fria
da lei, está fazendo a defesa de algo que não existe mais.
Veja, Reinaldo, o seguinte: ao contrário do que escrevem na
internet, eu jamais pensei ou disse que você é “agente tucano”, nunca disse que
é “comunista” (embora já o tenha xingado com palavrões quando você disse que o
PT não era) e tenho certeza absoluta que nós dois e 91% (já que a popularidade
de Dilma é 9%) do povo brasileiro queremos o fim do governo dessa organização
criminosa.
Onde estão as nossas diferenças então? Em primeiro lugar,
como eu já deixei implícito anteriormente, eu considero, sim, o PT uma
organização revolucionária ligada ao narcotráfico e ao Foro de São Paulo; você
não.
Em segundo: eu não acredito mais que estejamos vivendo
naquilo que se costuma chamar “Estado de Direito”. Viver num “Estado
Democrático de Direito” é mais ou menos como a mulher que engravida – não
existe mulher “meio grávida” assim como não existe Estado com “algumas
instituições ainda funcionando”. Toda estrutura do Estado Brasileiro, Reinaldo,
foi tomada pelo PT.
Disso eu tenho certeza absoluta que você já sabe e volto,
portanto, ao ponto – nós discordamos da possibilidade de que alguma coisa possa
ser feita “rigorosamente dentro da legalidade”.
Você então me perguntaria: “Milton, você acha então que os
fins justificam os meios??” e eu lhe respondo - “Eu não, mas o PT sim!” e lhe
devolvo a pergunta – como poderemos, Reinaldo, trocar o “pneu com o carro
andando”?
As leis estão sendo feitas por eles! São ELES que dizem o
que é legal ou não! Ou nós devemos ir até o fim (dentro da lei) e depois deixar
que isso seja julgado por Toffoli e Lewandowski? Se é assim, melhor esperar
2018 e aceitar a volta do Lula !
Um abraço!
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Milton Simon Pires é Médico.