domingo, 14 de dezembro de 2014

Atentado em Guararapes - O início da Luta Armada


25/07/1966 - Atentado no Aeroporto de Guararapes/Recife

A Contra-Revolução completava dois anos. Solenidades eram realizadas em todos os rincões do País.
General Sylvio Ferreira da Silva
 Tratamento dos ferimentos de
 25/07/1966 a 10/07/1967.
  Sequelas até os dias de hoje.

Em Recife, desde oito horas desse 31/03/1966, o povo se deslocava para o Parque Treze de Maio para o início das comemorações. Milhares de pessoas estavam reunidas naquele parque quando, às 8h47, foram surpreendidas por uma violenta explosão, seguida de espessa nuvem de fumaça que envolveu o prédio dos Correios e Telégrafos de Recife.

Quando a fumaça desapareceu, o povo, atônito, viu os estragos. Manchas negras e buracos nas paredes, a vidraça no sexto andar estilhaçada. A curiosidade era geral.

O povo não imaginava que esse seria o primeiro ato terrorista na capital pernambucana. Ao mesmo tempo, outra bomba explodia na residência do comandante do IV Exército.

Ainda naquele dia, outra bomba, que falhara, foi encontrada em um vaso de flores da Câmara Municipal de Recife, onde havia sido realizada uma sessão solene em comemoração ao segundo aniversário da Contra-Revolução.

 Ten Cel Sylvio na fase final do  tratamento
Cinqüenta dias após, em vinte de maio, foram arremessados dois coquetéis “molotov” e uma banana de dinamite contra os portões da Assembléia Legislativa do Estado de Pernambuco. Por sorte, até então, os terroristas não haviam provocado vítimas.

No entanto, antes de completarem quatro meses da explosão da primeira bomba, no dia 25 de julho,  Recife foi teatro do mais revoltante ato de terror. Bombas de alto terror explosivo , colocadas no Aeroporto de Guararapes, na União dos Estudantes de Pernambuco e na sede da USAID, demonstravam que havia um plano organizado, para desestabilizar a tranquilidade aparente que antecipava a chegada do Marechal Costa e Silva que, em campanha para presidente da República, visitava as capitais do Nordeste.  Vinha de João Pessoa e deveria chegar ao Aeroporto Guararapes, onde cerca de 300 pessoas, entre autoridades, povo e crianças esperavam para saudar o candidato a substituir o Marechal Castelo Branco.

As autoridades estavam preocupadas com  os movimentos que se opunham à contrarrevoluçâo  que, inicialmente, se limitavam`a arruaças de estudantes e operários, infiltrados por doutrinadores comunistas. A preocupação crescia, pois pouco a pouco aumentavam os assaltos de grande vulto em bancos e carros pagadores. Mesmo assim, não imaginavam que esses movimentos assumiriam consequêncais mais sérias como as que estavam prestes a abalar o país.

O terrorismo assumiria proporções que não inimagináveis, pois essas atitudes não estavam na índole do povo brasileiro  O povo brasileiro jamais adotara práticas  semelhantes.

Mas, esses atos de terror vieram abalar a tranqüilidade de Recife, e não tinham as mesmas intenções dos anteriores que não provocaram vítimas.

Desta vez os terroristas  se esmeraram. Esperavam atingir uma grande quantidade de pessoas. A justificativa para essas ações era protestar contra a visita a Recife do marechal Costa e Silva, candidato da Aliança Renovadora Nacional (ARENA) à Presidência da República. O alvo principal era o próprio Costa e Silva e sua comitiva.

No dia marcado para a chegada do candidato, 25 de julho de 1966, explode a primeira bomba na União dos Estudantes de Pernambuco, ferindo com escoriações e queimaduras, no rosto e nas mãos, o civil José Leite.

A segunda bomba, detonada nos escritórios do Serviço de Informações dos Estados Unidos, causou apenas danos materiais.

A terceira, mais potente, preparada para vitimar o marechal Costa e Silva, atingiu um grande número de pessoas. Ela foi colocada no saguão do Aeroporto de Guararapes, onde a comitiva do candidato seria recebida por trezentas pessoas.

Sebastião Thomaz de Aquino - "Paraíba"
no hospital  e seu filho
Por sorte, eram 8h30 quando os alto-falantes anunciaram que, em virtude de pane no avião que traria o marechal, ele estava se deslocando por via terrestre, de João Pessoa até Recife, indo diretamente para o prédio da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).

Com o anúncio, as consequências do atentado não foram mais trágicas porque muitas pessoas se dirigiram para os locais por onde o candidato passaria.

O guarda-civil Sebastião Thomaz de Aquino, o “Paraíba”, que fora um grande jogador de futebol do Santa Cruz, viu uma maleta escura junto à livraria Sodiler. Pensando que alguém a esquecera, pegou-a para entregá-la no balcão do Departamento de Aviação Civil (DAC).

Ocorreu no momento uma grande explosão. A seguir pânico, gemidos e dor. Mais um ato terrorista acabara de acontecer, com um saldo de quinze vítimas.

Morreu o jornalista Edson Régis de Carvalho, casado e pai de cinco filhos. Teve seu abdômen dilacerado.

Também faleceu o almirante reformado Nelson Gomes Fernandes, com o crânio esfacelado, deixando viúva e um filho menor.

“Paraíba” foi atingido no frontal, no maxilar, na perna esquerda e na coxa direita com exposição óssea, o que resultou na amputação da perna direita.

O tenente-coronel Sylvio Ferreira da Silva, hoje general, sofreu amputação traumática dos dedos da mão esquerda, lesões graves na coxa esquerda e queimaduras de primeiro e segundo graus. Hoje, 45 anos depois, ainda sofre com as seqüelas provocadas.

Ficaram gravemente feridos o inspetor de polícia Haroldo Collares da Cunha Barreto e Antônio Pedro Morais da Cunha; os funcionários públicos Fernando Ferreira Raposo e Ivancir de Castro; os estudantes José Oliveira Silvestre e Amaro Duarte Dias; a professora Anita Ferreira de Carvalho; a comerciária Idalina  Maia; o guarda-civil José Severino Barreto; além de Eunice Gomes de Barros e seu filho, Roberto Gomes de Barros, de apenas seis anos de idade.

O acaso, transferindo o local da chegada de Costa e Silva, evitou que a tragédia fosse maior.

"Paraiba", relembra com saudades
seu tempo de jogador de futebol
Já não se podia duvidar do que estava  acontecendo.  Os métodos empregados, as bombas de alto teor mortífero, a maneira como o plano estava sendo executado  indicavam que  Recife fora escolhido por agitadores treinados para  iníciar as açoes mais sinistras  O povo brasileiro se viu tomado de pavor ao ver introduzido no nosso país  um processo que vinha de fora, com cruel requinte de perversidade.  Era o começo de um plano bem urdido,  com ameaça de intimidação . O terrorismo já estava em marcha.

Este sinistro atentado é considerado como o início da luta armada.

A reação inicial da policia não impediu que outros atos terroristas se repetissem - "justiçamentos", sequestros, ataques a viaturas militares e roubo de armas em   quartéis, assassinatos de militares estrangeiros e de pessoas inocentes, atentado a bomba no quartel do II Exército em São Paulo. 
Alm Nelson Gomes Fernandes, morreu no local

As autoridades que tentaram acabar com anarquia do governo João Goulart , tiveram que  adotar reações mais drásticas para tentar impedir o crescimento de atos como esse Mas, custou caro, a reação foi de acordo com a violência das ações . Vidas foram perdidas dos dois lados.

Durante muito tempo, a esquerda escondeu, enquanto pôde, a autoria desse atentado, chegando a afirmar que teria sido feito pela direita para tentar incriminá-la. Técnica antiga muito usada, até os dias de hoje.
 
 As autoridades, atônitas, procuravam os autores desses atentados. Não obtinham nenhuma resposta. Não tínhamos, até então, nenhum órgão para combater com eficiência o terrorismo.

Foi um comunista, militante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), que teve a hombridade de denunciar esse crime: Jacob Gorender, em seu livro Combate nas Trevas - edição revista e ampliada - Editora Ática - 1998, escreve sobre o assunto:

“Membro da comissão militar e dirigente nacional da AP, Alípio de Freitas encontrava-se em Recife em meados de 1966, quando se anunciou a visita do general Costa e Silva, em campanha farsesca de candidato presidencial pelo partido governista Aliança Renovadora Nacional (ARENA). Por conta própria Alípio decidiu promover uma aplicação realista dos ensinamentos sobre a técnica de atentados.”

“Em entrevista concedida a Sérgio Buarque de Gusmão e editada pelo Jornal da República, logo depois da anistia de 1979, Jair Ferreira de Sá revelou a autoria do atentado do Aeroporto de Guararapes por militantes da AP.
Entrevista posterior, ao semanário Em Tempo, referiu-se a Raimundinho como um dos participantes da ação. Certamente, trata-se de Raimundo Gonçalves Figueiredo, que se transferiu para a VAR-Palmares (onde usava o nome de guerra Chico) e morreu, a vinte sete de abril de 1971, num tiroteio com policiais do Recife.”

Fica, portanto, esclarecida a autoria do atentado ao Aeroporto de Guararapes: 
  • Organização responsável: Ação Popular (AP);
  • Mentor intelectual: ex-padre Alípio de Freitas - que já atuava nas Ligas Camponesas - membro da comissão militar e dirigente nacional da AP;
  • Executor: Raimundo Gonçalves Figueiredo, militante da AP.

Observação:
Feridos graves  atendidos no local. O jornalista
Edson Régis, faleceu ao dar entrada no hospital
  • Em 25/12/2004, Cláudio Humberto, em sua coluna, no Jornal de Brasília, publicou a concessão da indenização fixada pela Comissão de Anistia, que beneficia o ex-padre Alípio de Freitas, hoje residente em Lisboa. Ele terá direito a R$ 1,09 milhão.
  • Raymundo Negrão Torres, em seu livro O Fascínio dos Anos de Chumbo, Editora do Chain, página 85, escreve o seguinte: “Um dos executores do atentado, revelado pelas pesquisas e entrevistas promovidas por Gorender, foi Raimundo Gonçalves Figueiredo, codinome Chico, que viria, mais tarde a ser morto pela polícia de Recife em 27 de abril de 1971, já como integrante da VAR-Palmares e utilizando o nome falso de José Francisco Severo Ferreira, com o qual foi autopsiado e enterrado. Esse terrorista é um dos radicais que hoje são apontados como tendo agido em defesa da democracia e cujos “feitos” estão sendo recompensados pelo governo, às custas do contribuinte brasileiro, com indenizações e aposentadorias que poucos trabalhadores recebem, recompensa obtida graças ao trabalho faccioso e revanchista da Comissão de Mortos e Desaparecidos, instituída pela lei nº 9.140, de 4 de dezembro de 1995. É um dos nomes glorificados no livro Dos filhos desse solo, página 443, editado com dinheiro dos trabalhadores e no qual Nilmário Miranda, ex-militante da POLOP e secretário nacional dos Direitos Humanos do governo Lula, faz a apologia do terrorismo e da luta armada, através do resultado dos trabalhos da tal comissão, da qual foi o principal mentor.”

Raimundo Gonçalves Figueiredo é nome de uma rua em Belo Horizonte/MG e sua família também foi indenizada.


Publicado originalmente no site "A Verdade Sufocada"

COM A PALAVRA O COMANDANTE DA MARINHA

Por J.Lezziero

O Almirante Julio Soares de Moura Neto comandante da Marinha de Guerra do Brasil, disse a imprensa após sair de uma solenidade em que participou ao lado da presidenta em Itaguaí-RJ no dia 12 último sexta-feira, que "a CNV cumpriu o papel dela" ,referindo-se ao relatório emitido pelos membros daquela comissão e divulgado pela mídia no dia 11 de dezembro.

Há que se lembrar ao ilustre comandante da Marinha, Almirante Julio Soares de Moura Neto, que na lista apresentada pela tal comissão aparecem nada mais nada menos do que 24 nomes de militares da Marinha Brasileira, entre os quais vários oficiais generais, inclusive ex-ministros de Estado como o vice-presidente da República no governo Médice Almirante Augusto Rademaker, homens de conduta ílibada e esmero profissional, assim como os demais integrantes das Forças Armadas e ex-presidentes da República apontados no famigerado relatório como torturadores, sem que entretanto um nome sequer de terrorista tenha sido mencionado.

Corpo do VA Nelson Gomes Fernandes
Contudo, a Comissão Nacional da Verdade não fez qualquer menção em seu relatório dos nomes do Almirante Nelson Gomes Fernandes e do Sub-oficial da Marinha José do Amaral mortos em virtude de ações terroristas, vítimas que se encontram entre as 126 pessoas civis e militares que tombaram em razão dos atentados perpetrados pelos subversivos e que não foram mencionadas pela CNV.

O Almirante Nelson foi vítimado pelo atentado a bomba, bomba esta colocada por integrantes da facção terrorista AP (Grupo Terrorista Ação Popular criado em 1962) e que foi deixada no aeroporto do Recife no dia 25 de julho de 1966, ferindo 16 pessoas e provocando a morte do Almirante e do jornalista Edson Régis de Carvalho, fato que ocorreu muito antes da decretação do AI 5, apontado pelos subversivos como fator motivacional para o recrudecimento da luta armada.

Ademais, convém lembrar que a CNV não cumpriu as determinações estabelecidas na Lei Nº 12.528 de 12 de novembro de 2.011, que estabelece em seu Art. 2º:

" § 1º Não poderão participar da Comissão Nacional da Verdade aqueles que:
II - não tenham condições de atuar com imparcialidade no exercício das competências da Comissão."

Por isso esse fatos não devem ficar esquecidos e precisam ser evocados pelo chefes militares, em nome da honra, da dignidade e da verdade.

J.Lezziero -  # falei

Opinião - O Globo 13/12/2014

O EQUÍVOCO cometido ao se limitar as investigações da Comissão da Verdade apenas a casos de violência cometida por agentes públicos contra opositores da ditadura começa a cobrar seu preço.

Cardênio Jayme Dolce
AFINAL, HOUVE vítimas de ações dos grupos armados de esquerda, e não apenas entre militares.

UM DOS casos, tratado ontem pelo GLOBO, é o do Guarda Civil Cardênio Jayme Dolce, morto na invasão da Casa de Saúde Doutor Eiras, por um grupo da ALN. A família do guarda, com razão, reclamado esquecimento.

O QUE teria sido evitado se a CV houvesse apurado a verdade por inteiro, de todos os lados. A cada lembrança como esta, o relatório da comissão será mais questionado.

Observação do site "A Verdade Sufocada" 

Não só o caso de Cardênio Jayme Dolce como de vários outros



Publicado originalmente no site “A Verdade Sufocada

Relatório da calúnia!

Por Gen Bda Paulo Chagas

Caros amigos

Mais uma vez assisti a encenação das lágrimas da terrorista que nos governa.

Será que derramou alguma delas pelos inocentes que morreram vitimados pelos atos criminosos dos que com ela ombreavam e que, propositadamente, deixaram de ser lembrados no relatório que lhe trouxe tanta saudade e emoção?

Reporto-me a seu passado de ativista, idealizadora e partícipe de atos de guerrilha urbana, do qual tem tanto orgulho, e fico a imaginá-la aos gritos de exultação a cada sucesso de seus atentados.

Mais uma vez a vi mentir ao dizer que lutou pela democracia. Quanta hipocrisia!

Há muito venho falando e escrevendo sobre a comissão nacional da verdade, ou da “calúnia”, como lhe ficaria mais justa a denominação. Todas as vezes em que me referi ao relatório que estava a produzir o fiz com a convicção de que se tratava de algo inútil e falso, porquanto, desde sua criação, a comissão pautou seu trabalho pela linha da ilegalidade e do sectarismo.

Hoje, recebi da própria CNV a comprovação do que disse e escrevi. Trata-se, de fato, de um agrupamento de pessoas selecionadas entre as mais comprometidas com os interesses ideológicos da facção criminosa que ocupa o poder da república. Esta, por sua vez, comprometida com a desonestidade, com a corrupção, com o desvio de recursos públicos e, dentre tantas outras adjetivações da canalhice, visceralmente amancebada com a mentira e radicalmente avessa à democracia!

Mesmo sem ler o extenso e inócuo relatório, encontro a prova da sua falsidade na lista de autoridades militares ditas como envolvidas em graves violações dos direitos humanos, porque nela consta, entre outros cujo passado ilibado conheço, o nome do meu pai, Gen Div Floriano Aguilar Chagas, já falecido.

A calúnia, o desrespeito e a covardia embutidos neste fato merecem e terão muito mais do que o meu veemente repúdio.

As pessoas que conheceram meu pai e que sabem e compartilham da admiração que meus irmãos, eu e nossas famílias dedicamos a ele, à sua memória e à sua obra – como cidadão, soldado, pai e amigo – podem avaliar o tamanho da revolta que se apossa de nós todos.

Nós e os amigos do meu pai não permitiremos que suas cinzas sejam usadas impunemente na tentativa de desviar a atenção da sociedade para o lado oposto da realidade e da verdade.

Nada mais oportuno para o governo corrupto da terrorista Dilma Rousseff do que a cortina de fumaça que inutilmente quer produzir para comover a sociedade e tentar encobrir os crimes que tem cometido contra o patrimônio nacional, protagonizando os momentos mais obscuros e vergonhosos jamais vividos pela Nação.

Meu pai foi, em março de 1964, contra-revolucionário de primeiro momento. Tenho muito orgulho de conhecer o desassombro com que, de imediato, ele e seus camaradas do Comando da 2ª Divisão de Cavalaria aderiram ao movimento salvacionista. Tenho muito orgulho do seu desempenho como Adido Militar junto à Embaixada do Brasil em Buenos Aires, onde conquistou admiradores para toda a vida, dizendo, com sinceridade e convicção, que em sua carreira andarilha de Soldado de Cavalaria acostumara-se a percorrer fronteiras e a cruzá-las para encontrar os amigos, irmãos sul americanos.

De que forma teria ele, como querem fazer crer os comissários, “atentado contra os direitos humanos” enquanto praticava com maestria e elegância a diplomacia militar?

Meu pai foi um homem de sucesso porque, sendo justo e rigoroso com todos e intransigente consigo mesmo, não fez inimigos nem teve desafetos, só amigos fieis e admiradores sinceros.

Um velho poema hebraico, cuja essência é a essência do caráter do soldado, diz: “Três verdades há no mundo; a verdade e a verdade e o fulgor da verdade.”

Eles responderão pela calúnia!