Mas vá lá. Falemos um pouco de números. Atenção! Os dados a
seguir são das respectivas Polícias Militares dos Estados, sempre mais
conservadoras na contagem do que os organizadores: Manaus: 4 mil; Maceió: 12
mil; Salvador: 5 mil; Fortaleza: 15 mil; Cuiabá: 14 mil; Belém: 5 mil. Até
quando escrevo, a PM de Pernambuco não deu o número de Recife — os
organizadores falam em 60 mil. Ainda que tenha sido a metade, é muita gente. O
PT não tem mais redutos.
Nos Estados com um teor de oposicionismo historicamente
maior, há números impressionantes nas capitais e em outras cidades.
Destacam-se, no interior de São Paulo, 40 mil em Ribeirão Preto, 4 mil em
Bauru, 6 mil em Jundiaí e 8 mil em Piracicaba. Vitória, no Espírito Santo, com
40 mil, fez, em termos proporcionais, uma das maiores manifestações do país; o
mesmo se diga de Curitiba, no Paraná, com 60 mil. Também no Estado, Maringá
reuniu 20 mil, e Londrina, outro tanto.
O governo e o PT quebraram a cara. Esperavam menos gente, e
muitos petistas, reunidos no Instituto Lula numa vigília de alguns
gatos-pingados, chegaram a fazer pouco caso dos manifestantes, a exemplo de
Jilmar Tatto, secretário de Transportes da cidade de São Paulo, e Paulo
Teixeira, deputado federal. Lula não deu o ar da graça.
O discurso oficial já estava pronto. O texto ensaiado
apontaria a baixa adesão ao protesto, sugerindo, então, que Dilma já teria dado
a volta por cima. Infelizmente para eles, é impossível sustentar essa tese. Ao
contrário: o Brasil inteiro se mobilizou e, desta feita, a palavra de ordem era
inequívoca: “Fora Dilma”, “Fora Lula” e “Fora PT”.
Ainda que os organizadores devam lutar pela divulgação
correta dos dados, insisto que é uma bobagem esse negócio de cobrar que as manifestações
sejam sempre maiores. Como já escrevi aqui, em que isso muda a realidade
objetiva? Se o protesto tivesse se mostrado um baita mico, em que isso seria
benéfico para Dilma? Mudaria a realidade da economia? Os brasileiros passariam
a avaliar positivamente o seu governo?
O Brasil não quer mais Dilma. O Brasil não quer mais o PT. E
não em razão de seus acertos, mas dos desmandos e dos erros.