Por Revista VEJA
A presidente Dilma Rousseff sobre o petrolão:
'Não tenho
nada a ver' (Edgard Garrido/Reuters)
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Em entrevista ao canal TV 'France 24', petista tentou se
desvincular do escândalo de corrupção que atinge o PT e aliados: 'Não estou
ligada'
A presidente Dilma Rousseff afirmou em entrevista a uma
emissora de televisão francesa que vai lutar "até o fim" para mostrar
que não tem envolvimento com o esquema de desvios na Petrobras investigado pela
Operação Lava Jato. À France 24, Dilma disse que é "impossível" que
esteja envolvida nas denúncias e defendeu que o esquema não deve ser tratado
como "escândalo da Petrobras" e, sim, como "escândalo de
determinados funcionários da Petrobras".
Dilma foi questionada sobre a hipótese de a investigação
chegar à conclusão de que ela sabia ou estava envolvida no esquema. Então, o
jornalista francês questiona se, nesse cenário, a presidente estaria disposta a
encarar todas as consequências. "Eu não estou ligada. Eu não respondo a
essa questão, porque eu não estou ligada. E eu sei que não estou ligada",
disse.
"É impossível. Eu lutarei até o fim para mostrar que
não estou ligada. Eu sei o que eu faço. Eu tenho uma história por trás de mim
nesse sentido. Não é questão de 'se'. Eu não estou ligada", completou.
Dilma disse ainda que há tratamento diferente entre a
relação das empresas envolvidas no esquema com o Partido dos Trabalhadores e os
demais grupos políticos. Segundo Dilma, "todos as campanhas" feitas
no Brasil têm contribuição das companhias citadas. "E por que só a minha
foi destacada?", questionou a presidente. "Estão tentando envolver a
minha campanha", disse e complementou: "Não existe nenhum indício que
o prove. Não só em 2010, mas também em 2014. Todos os candidatos que
concorreram comigo receberam dinheiro dessas empresas de forma legal".
A presidente afirmou ainda que pessoas que estão presas por
envolvimento no esquema foram demitidas no início de 2012. Dilma fez referência
a ex-gestores da Petrobras, entre eles os ex-diretores Paulo Roberto Costa
(Abastecimento) e Renato Duque (Serviços). Além deles estão envolvidos ainda o
ex-diretor Nestor Cerveró (Internacional), preso em Curitiba, e o ex-gerente da
diretoria de Serviços Pedro Barusco, um dos delatores do esquema.
"A Petrobras tem mais de 30 mil empregados e tem cinco
envolvidos. O escândalo não é o escândalo da Petrobrss, é de determinados
funcionários de alto nível da Petrobras", afirmou a presidente. Dilma
citou que o escândalo diz respeito a funcionários da estatal que se articularam
com empresas e partidos para obter vantagens. Esse problema, emendou, não afeta
necessariamente todas as empresas, nem todos os partidos ou todos os
integrantes dos partidos.
A entrevista foi concedida em razão dos preparativos da
reunião de cúpula entre a União Europeia e a Comunidade de Estados
Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), que será realizado entre quarta e
quinta-feira, em Bruxelas, na Bélgica.
Questionada sobre se "assumiria suas
responsabilidades" - uma expressão que em francês equivale a
"demitir-se" - caso seja provado seu eventual envolvimento em
corrupção. Dilma se mostrou irritada e protestou. "Eu não tenho nada a
ver. Eu não respondo a essa questão porque sei que não tenho nada a ver",
afirmou.
(Com Estadão Conteúdo)