Por Percival Puggina
Se tudo balança, é muito improvável que algo
não caia. E a presidente é, nesse sentido, a possibilidade mais viável. O
presidencialismo, mesmo em tempos de normalidade, precisa de liderança. E Sua
Excelência está na situação do sujeito que abriu uma empresa registrando como
ativo um patrimônio que não tinha. Foi anunciada ao povo como o braço direito
de Lula, a mãe do PAC, a gerentona, a mestre em economia. Conseguiu esticar a
validade desse suposto legado até a contagem dos votos no dia 26 de outubro do
ano passado. Já no Dia de Todos os Santos, nem Franklin Martins e João Santana,
juntos, conseguiam o milagre de ocultar à opinião pública o fato de que os
sucessivos governos petistas haviam construído, com caprichosa
irresponsabilidade, um caos perfeito.
Luiz Inácio Lula da
Silva, hoje, é um conhecido corretor da praça. Outrora exerceu a presidência da
República e desde então escolheu seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso,
para a função de gabarito com o qual periodicamente se mede. Sempre com
vantagem, desde seu ponto de vista. Pois ao sugerir um encontro reservado com o
antagonista preferido, o corretor Lula emite sinais muito claros de que a casa
do PT, há bom tempo instalada no Palácio do Planalto, balança perigosamente. Se
Lula quer negociar é porque percebeu a depreciação. Hora de vender.
Ele sabe que Dilma
será a coveira de suas ambições se continuar no cargo até 2018. Em mais três
anos ela acaba com suas pretensões, com o próprio partido e com o país.
Portanto, vejo como muito possível que, em algum momento, o fim da presidência
de fato levará ao fim da presidência de direito. Muitos já tratam desse tema.
Ele está na pauta do Congresso e é falado nos corredores do TCU e do STF.
Estará na pauta das mobilizações populares, a partir do dia 16 de agosto. E
entrou na pauta do corretor Lula. Ele tem consciência de que uma parcela imensa
da sociedade, do clube de bridge à rinha de galo, foi afetada pela barafunda
ideológica e pelos aparelhamentos que o levaram ao poder. E não terá o menor
escrúpulo, o corretor Lula, em usar a seu favor o que venha a acontecer até
2018. Nesse maldito presidencialismo de compra e venda, o perigo continuará
rondando o Brasil.