1) O dinheiro desviado da Petrobras, sob o
governo de Dilma Rousseff, pagou a campanha eleitoral de Dilma Rousseff.
Dilma é beneficiária direta de sua dupla “distração”: a
primeira como presidente da República em relação à roubalheira na maior estatal
do país, a segunda como presidente-candidata em relação ao financiamento sujo
de sua chapa a partir daquele esquema.
É admissível isso? Não.
Ricardo Pessoa afirmou que só fez doações à
campanha de Dilma após ser pressionado pelo tesoureiro Edinho Silva,
que mencionou explicitamente os contratos da UTC com a Petrobras.
“Você tem obras na Petrobras e tem aditivos, não pode só
contribuir com isso. Tem que contribuir com mais. Eu estou precisando”, disse
Edinho, em “abordagem elegante”, como ironizou Pessoa.
O dono da UTC acertou pagar, então, 10 milhões de reais
à campanha de Dilma em 2014 e acabou pagando efetivamente 7,5
milhões, tendo sido preso pela Operação Lava Jato, em novembro do ano
passado, antes de desembolsar o resto.
Pessoa apontou Manoel Araújo Sobrinho, chefe de gabinete de
Edinho Silva, como o responsável por acertar as doações.
Edinho considera Manoel “alguém da minha confiança”.
Dá para entender o motivo.
Ele disse ter feito repasses de maneira ilegal de 15 milhões
de reais ao então tesoureiro petista João Vaccari Neto e 750 mil
reais a José Filippi, que foi tesoureiro da campanha de Dilma em 2010.
“Bastava a empresa assinar um novo contrato com a Petrobras
que o Vaccari aparecia para lembrar: ‘Como fica o nosso entendimento
político?’”, disse Pessoa, na delação revelada por VEJA.
No dialeto da quadrilha, a expressão “entendimento
político” significava obviamente pagamento de propina.
A revista relata:
“Como eram dezenas de contratos e centenas as liberações de
dinheiro, corrupto e corruptor se encontravam regularmente para os tais
‘entendimentos políticos’. João Vaccari era conhecido pelos comparsas como
Moch, uma referência à sua inseparável mochila preta. Ele se tornou um assíduo
frequentador da sede da UTC em São Paulo. Segundo os registros da própria
empreiteira, para não chamar atenção, o tesoureiro buscava ‘as comissões’ na
empresa sempre nos sábados pela manhã. Ele chegava com seu Santa Fé prata, pegava
o elevador direto para a sala de Ricardo Pessoa, no 9º andar do prédio, falava
amenidades por alguns minutos e depois partia para o que interessava. Para se
proteger de microfones, rabiscava os valores e os porcentuais numa folha de
papel e os mostrava ao interlocutor. O tesoureiro não gostava de mencionar a
palavra propina, suborno, dinheiro ou algo que o valha. Por pudor, vergonha ou
por mero despiste, ele buscava o ‘pixuleco’. Assim, a reunião terminava com a
mochila do tesoureiro cheia de ‘pixulecos’ de 50 e 100 reais. Mas, antes de
sair, um último cuidado, segundo narrou Ricardo Pessoa: ‘Vaccari picotava a
anotação e distribuía os pedaços em lixos diferentes’. Foi tudo filmado.”
O PT instituiu no Brasil a República do Pixuleco.
Dilma Rousseff tem de cair junto com ela.
4) As campanhas do ex-presidente Lula e de
Fernando Haddad receberam 2,4 milhões de reais cada em contribuições
clandestinas da UTC, segundo Ricardo Pessoa.
A de Lula, o “Brahma”, recebeu em dinheiro vivo,
desviado da Petrobras via Suíça.
Para entregar os maços de notas em segurança ao tesoureiro
José de Filippi Junior, no comitê do PT, Pessoa usava uma senha.
Ele falava “tulipa” e, se ouvisse “caneco”, ia para a sala
de José de Filippi Junior.
Os lobistas Lula e Alexandrino (ao fundo)
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5) O Brahma não está mesmo nunca fase muito
boa, não.
Quando seu comparsa em viagens internacionais para lobby em
favor da Odebrecht, Alexandrino Alencar, recebeu voz de prisão, ele teve
direito a fazer três telefonemas. Dois deles foram para advogados, segundo a
VEJA. O terceiro foi para o Instituto Lula.
Posso imaginar a “abordagem elegante” também.
6) Lula fez seis viagens internacionais
pagas pela empreiteira, sempre acompanhado por Alexandrino, acusado de ser o
pagador de propinas da Odebrecht.
A partir do relatório elaborado pela Polícia Federal, a
Época descreveu uma dessas viagens:
“Em 13 de março de 2013, Lula e Alexandrino embarcaram no
aeroporto de Guarulhos com destino a Nigéria, Benin, Gana e Guiné Equatorial.
Quatro meses depois dessa passagem de Lula pela África, a Odebrecht ganhou um
contrato de uma obra de transporte com o governo ganês, contando com US$ 200
milhões do BNDES.
Em 17 de abril do mesmo ano, o presidente de Gana, John
Mahama, visitou o Brasil para lançar o seu livro Meu primeiro golpe de
Estado. Aproveitou para ter reuniões reservadas com Lula e representantes
da Odebrecht, segundo telegramas do Itamaraty”.
Não há notícias de que Lula tenha comprado os direitos do
livro para lançar a versão brasileira.
Mas um longo e contínuo golpe de Estado está em andamento no
Brasil desde sua ascensão ao poder.