Por Luiz Osório Marinho Silva
Brasília, 20 de julho de 2013
O nosso Congresso homenageia um assassino que matou e
ensinou a matar! Quanta hipocrisia!
O atual governo brasileiro, por intermédio dos poderes
executivo e legislativo, apoia, de forma explícita, o terrorismo.
No dia 8 de julho de 2013, uma segunda-feira, no período das
11 às 14 horas, no Plenário do Senado Federal, foi realizada uma Sessão Especial,
em homenagem ao centenário de nascimento do terrorista Carlos Marighella, autor
do “Manual do Guerrilheiro Urbano”, um documento com detalhamento de
táticas de guerrilha e de como causar morte e destruição ao inimigo, para
servir de orientação aos movimentos revolucionários comunistas.
A homenagem foi iniciativa do Senador do Amapá, pelo PSB,
João Alberto Rodrigues Capiberibe. O requerimento foi também assinado pelos
seguintes Senadores: José Sarney, do Amapá (PMDB); Lídice da Mata, da Bahia
(PSB); Aloysio Nunes Ferreira, de São Paulo (PSDB); Randolfe Rodrigues, do
Amapá (PSOL); Inácio Arruda, do Ceará (PC do B); Antônio Carlos Valadares, de
Sergipe (PSB); e Rodrigo Rollemberg, do Distrito Federal (PSB).
O traje previsto no convite era o passeio completo ou o
uniforme correspondente. Mas, esse detalhe não foi obedecido e alguns
convidados vestiam traje esporte. Nesse aspecto, a própria recepcionista do
Senado dizia que naquele local não havia essa exigência.
No Plenário do Senado, incluindo o presidente da Sessão
Especial, senador João Capiberibe, e os demais componentes da Mesa Diretora,
havia cerca de 80 pessoas, quase todas sentadas nas cadeiras destinadas aos
senadores e algumas nas cadeiras laterais. As galerias estavam vazias. Apenas,
em três ocasiões, pequenos grupos de visitantes, um deles de jovens
evangélicos, guiados por funcionários do Senado, passaram rapidamente pelo
local, tirando algumas fotos, sem entender, por certo, o triste significado para
o Brasil de tal homenagem.
Além do presidente da Sessão, fizeram parte da Mesa Diretora
as seguintes pessoas: Lídice da Mata, Senadora; Carlos Camilo Capiberibe,
Governador do Amapá (PSB); Janete Capiberibe, Deputada Federal do Amapá, pelo
PSB; Paulo Abrão Pires Junior, Secretário Nacional de Justiça e Presidente da
Comissão de Anistia do Ministério da Justiça; Iara Xavier Pereira,
ex-terrorista da ALN e atual representante do Comitê pela Verdade, Memória e
Justiça do Distrito Federal; e Carlos Augusto Marighella, filho de um breve
relacionamento do terrorista homenageado com Elza Sento Sé.
Cartazes colocados no Plenário do Senado diziam que “a
Sessão Especial destinava-se a comemorar o centenário de nascimento do político
e guerrilheiro Carlos Marighella”, mesmo tendo ele nascido em 2011. Deveria
também ter sido acrescentado o termo terrorista, que melhor definiria a figura
do homenageado pelo governo brasileiro.
Foram citados, entre os convidados, alguns nomes, como os do
Embaixador da Croácia e de representantes do governo cubano, além da
ex-terrorista Zilda Paula Xavier Pereira, mãe de Iara Xavier Pereira e de Iuri
e Alex Xavier Pereira, esses dois últimos mortos no confronto da luta armada,
todos eles integrantes da Ação Libertadora Nacional (ALN), grupo terrorista
criado por Carlos Marighella, para, segundo eles, combater a ditadura militar e
restabelecer a democracia no Brasil.
Durante as três horas da Sessão, transmitida em parte pela
TV Senado, usaram a palavra, para enaltecer a “grande” figura de Carlos
Marighella, as seguintes pessoas:
- Senador João Capiberibe, que disse ter sido militante da
ALN e admirador do homenageado, razão pela qual tomou a iniciativa de propor a
Sessão Especial. Em seu discurso, revelou o inconformismo em ter que passar,
para ir ao seu gabinete do Senado, pela Ala Filinto Müller, chefe da polícia
que prendeu e torturou Marighella, durante o Governo Vargas. Disse que já
tentou mudar o nome da Ala, mas que foi derrotado pelos senadores
conservadores.
- Senadora Lídice da Mata, que comparou Marighella a outros
heróis nacionais e recitou poesias do homenageado.
- Senador Inácio
Arruda, que também enalteceu os feitos do guerrilheiro.
- Senador Randolph Frederich Rodrigues Alves, conhecido como
Randolfe Rodrigues, que recordou as lutas políticas de Marighela contra a
polícia de Fillinto Müller, as críticas ao então interventor da Bahia Juracy
Magalhães e, principalmente, a sua participação como um dos principais
organizadores da luta armada, após 1964, contra a “ditadura militar”. Como faz
em seus pronunciamentos, deu um tom emotivo ao seu discurso.
- Senador do Distrito Federal Cristovam Buarque, do PDT, que
considerou o homenageado um herói nacional.
- Senador Rodrigo Rollenberg, que depois de citar a
necessidade do Brasil conquistar também a democracia econômica, lembrou a luta
de Carlos Marighella e o colocou como um dos grandes líderes latino-americanos,
na mesma categoria de Simón Bolívar, José Martí, Emiliano Zapata, Augusto
Sandino e Ernesto Che Guevara.
- Governador do Amapá Carlos Camilo Capiberibe, que disse
ter nascido em Santiago do Chile, durante o exílio dos seus pais, que lhe deram
o primeiro nome, Carlos, em homenagem ao líder guerrilheiro da ALN.
- Iara Xavier Pereira, que falou da convivência, em sua
juventude, com o homenageado, que muito lhe ensinou. Por essa razão, disse que
recebeu, com orgulho, a missão de organizar o livro lançado pelo Ministério da
Justiça, “Rádio Libertadora, a palavra de Carlos Marighella”. Comentou que tal
livro envolveu um grande trabalho de pesquisa, tendo conseguido, inclusive,
fitas originais com mensagens do líder da ALN para a Rádio Libertadora, criada
para combater o chamado “golpe militar”. Informou que as gravações constam de
um CD, que foi anexado ao livro. Citou também a presença de sua mãe, Zilda
Xavier, que, em suas palavras, ainda luta para restabelecer a verdade sobre a
morte dos filhos. E concluiu, com palavras contundentes, que os torturadores
não podem ficar impunes.
- Secretário Nacional de Justiça e Presidente da Comissão de
Anistia Paulo Abrão Pires Junior, que ressaltou, em seu trabalho no Ministério
da Justiça, três aspectos importantes: Justiça, Memória e Reparação. E que isso
estava sendo feito em relação a Carlos Marighella, dizendo que o Estado Brasileiro
reconheceu a sua responsabilidade pela morte do guerrilheiro e que o Ministro
da Justiça, em Portaria Nº 2.780, de 8 de novembro de 2012, declarou Carlos
Marighella anistiado político “post mortem” , nos termos do artigo 1º , inciso
I, da lei Nº 10.559, de 13 de novembro de 2002. Falou ainda sobre a importância
dos trabalhos da “Comissão Nacional da Verdade” e incentivou a outros
militantes a também solicitarem as justas reparações.
- Carlos Augusto Marighella, filho do homenageado, que
destacou o exemplo do seu pai e agradeceu as homenagens e o reconhecimento do
governo brasileiro. Disse, o que para um filho pode ser compreensível, mas não
para quem conhece a verdadeira História do Brasil, que o seu pai deveria ser
nome de ruas e avenidas em todas as cidades brasileiras e que deveria ser construída uma estátua do
bravo lutador na cidade de Brasília. Também indicou a outros ex-militantes da
esquerda, que ainda não o fizeram, o caminho para reivindicarem os seus
direitos.
- Senador de São Paulo Eduardo Suplicy, do PT, que chegou ao
Plenário por volta das 13 horas e depois de um pedido de aparte, pediu
desculpas por não estar presente antes, dizendo que estava envolvido com os
trabalhos de uma Comissão. Em breves palavras, destacou o papel de Carlos
Marighella.
Por último, encerrando a Sessão, por volta das 14 horas, o
Senador João Capiberibe e o Secretário Nacional de Justiça do Ministério da
Justiça Paulo Abrão Pires Junior, em nome do Estado Brasileiro, entregaram ao
filho de Carlos Marighela o Diploma de Anistiado Político, “post-mortem”,
referente ao seu pai. Nessa altura, apenas metade das oitenta pessoas
inicialmente presentes ainda permanecia no recinto. Com certeza, nem os antigos
militantes da esquerda armada e seus familiares suportam três horas de
discursos e de exaltadas manifestações de explícito endeusamento de pessoas
que, na verdade, deveriam constar do lixo da História de qualquer país que
tenha um mínimo de decência e de amor aos princípios éticos e
democráticos. E nem a maioria do povo
brasileiro, que luta, nos dias atuais, por mais saúde, educação e segurança,
está interessado nessa campanha de exaltação aos terroristas e de revanchismo
contra as Forças Armadas, que têm recebido, desse mesmo povo, o maior índice de
credibilidade, como Instituição Nacional e Permanente a serviço da Pátria.
No decorrer da Sessão, os telefones celulares tocavam e eram
atendidos normalmente, bem como conversas paralelas ocorriam, enquanto os
oradores, da Tribuna do Senado, destacavam as pretensas qualidades do
homenageado. Após as palavras de cada orador, as palmas foram tímidas e
rápidas, quase por obrigação. Apenas houve aplausos um pouco mais acentuados,
após as palavras da ex-terrorista Iara Xavier Pereira, talvez pela citação da
presença da mãe, que foi apaixonada pelo fundador da ALN e se tornou a sua
principal porta-voz, além de manterem um relacionamento íntimo. Em tudo isso,
parece que o principal interesse dessa gente é o lado financeiro, na busca do
enriquecimento pessoal.
Vale ressaltar que foi colocado, em cada cadeira do Plenário
do Senado, incluindo as laterais, o livro “Rádio Libertadora, a Palavra de
Carlos Marighella”, patrocinado pelo governo brasileiro, por intermédio do
Projeto Marcas da Memória, da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. No
decorrer da Sessão, funcionários do Senado recolheram os exemplares das muitas
cadeiras vazias. Esse livro, organizado pela ex-terrorista Iara Xavier, foi
editado em 2012, com encadernação de luxo, com tiragem de 3.000 exemplares,
podendo ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.
Quanto custou a edição desse livro em homenagem a Carlos
Marighella, que representa uma clara apologia às ações terroristas? Mas, nas palavras
de Paulo Abrão, Secretário Nacional de Justiça, esse livro é um documento raro
e com um duplo propósito: servir para estudos e conhecimento do contexto da
história recente do Brasil e ao mesmo tempo de homenagem a um bravo líder da
resistência brasileira.
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Marighella ao ser fuzilado numa rua de São Paulo,
em 4 de
novembro de 1969
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Os ex-terroristas e ex-militantes da esquerda armada, que
hoje estão no poder, perderam totalmente a vergonha. Demonstram, por palavras e
ações, que nunca se arrependeram de suas atividades criminosas e até dizem
sentir orgulho pelos atos praticados, como se fossem verdadeiros heróis
brasileiros que lutaram para implantar no Brasil uma legítima democracia.
O que
eles queriam, de fato, era instalar uma ditadura comunista, espelhada nos
exemplos da então União Soviética, de Cuba e da Albânia. E para isso praticaram
assaltos à mão armada, explodiram bombas, realizaram sequestros de pessoas e
aviões e cometeram assassinatos e atos de violência e terror, inclusive contra
pessoas inocentes, além do justiçamento de próprios companheiros.
Hoje, eles
usam o poder para o rápido enriquecimento dos seus companheiros, promovendo e
incentivando uma orgia de ricas indenizações e polpudas pensões, com o dinheiro
público dos altos impostos pagos pelos brasileiros. E, na fragilidade de nossa
democracia, montaram a maior rede de corrupção que jamais existiu neste país. E
como não conseguiram implantar tudo isso bem antes, ainda na década de sessenta
do século passado, eles odeiam os militares que os combateram e os derrotaram,
impedindo o Brasil de se tornar um país comunista.
Mas, nem todos que lá estavam concordam com essa farsa
histórica, montada com o dinheiro do contribuinte brasileiro, na tentativa de
mostrar que os terroristas eram verdadeiros anjos, lutando contra uma “ditadura
sanguinária”. E nem todos os brasileiros aceitam, passivamente, continuar
vivendo nesse pesadelo, que tenta perpetuar um grupo no poder e podar as
liberdades e garantias individuais.
Não será uma comissão
dita da verdade que determinará a inversão da História recente do nosso país,
transformando, com atos oficiais do governo, terroristas em heróis e assassinos
e criminosos em homens de bem.
Publicado originalmente no site A Verdade Sufocada
Saiba porque o Dep Estadual Flavio Bolsonaro votou contra a medalha de Carlos Marighella
Saiba porque o Dep Estadual Flavio Bolsonaro votou contra a
medalha de Carlos Marighella