Por João Luiz Mauad
Não cabe aqui entrar no mérito da pena de morte em si (a
quem interessar possa, sou contra esta pena em quaisquer casos). Entretanto, o fato é que, qualquer que seja a
sua opinião sobre a pena de morte, a atitude do governo brasileiro tem sido prá
lá de constrangedora, especialmente quando
nos lembramos que se trata de um intransigente defensor do não intervencionismo
nos assuntos internos de outro país e do famigerado multiculturalismo – pelo
menos quando isso se mostra conveniente e em conformidade com a ideologia dos
barbudinhos ora no comando do Itamarati.
Não satisfeita de pedir clemência – uma atitude até
compreensível -, Dilma agora se diz consternada com a execução, a ponto de
convocar o embaixador brasileiro para consultas, ao mesmo tempo em que mandou
entregar uma nota formal de protesto ao embaixador indonésio em Brasília. São atitudes ostensivas que visam claramente
a colocar as relações diplomáticas entre os dois países em zona de turbulência
– não por acaso, cidadãos e jornalistas brasileiros já começam a enfrentar
problemas na Indonésia. Será que todo
esse estardalhaço é realmente necessário?
Noves fora um certo nacionalismo bocó, o governo brasileiro
alega que seus esforços em defesa da vida de Archer são justificados pelo fato
de aqui não haver pena de morte – a nota entregue ao embaixador indonésio diz
que “o recurso à pena de morte, que a sociedade mundial crescentemente condena,
afeta gravemente as relações entre nossos países“.
Convenhamos: não é um argumento razoável. Países como Estados Unidos e China também têm
pena de morte. Será que o governo
deveria fazer a mesma coisa sempre que, num desses países, houvesse brasileiros
no corredor da morte? Ah! Mas nesses
países a pena máxima é aplicada apenas em casos de homicídio qualificado. O.K. Mas aqui não há pena de morte nem mesmo
nesses casos, o que tornaria o argumento levantado pelo Brasil válido para todo
e qualquer caso de aplicação da pena máxima a brasileiros no exterior. Faz sentido?
Tudo somado, fica a impressão de estarmos diante de um
governo fraco, emparedado pelos mais diversos escândalos, enfrentando
dificuldades políticas e econômicas as mais diversas, porém ávido para tentar
desviar a atenção dos problemas realmente importantes e tentando angariar
alguns pontinhos junto à opinião pública, seja através de ações demagógicas ou
criando inimigos imaginários. Pensando
bem, acho que “anão diplomático” é pouco.
O Governo Dilma está nos transformando num verdadeiro “inseto diplomático”.
Publicado originalmente no site do Instituto Liberal
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João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ,
profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal.
Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do
Povo.