sábado, 11 de julho de 2015
SOCIAL-DEMOCRACIA FAVELADA E PAU-DE-ARARA
Por Percival Puggina

Fizemos a opção pelo well-fare state (dito assim fica mais
chique ainda) há 83 anos e jamais renunciamos a ele mesmo sabendo que nunca se
viu um país pobre tornar-se rico por implantar um "Estado de bem-estar
social". Isso só pode acontecer (se é que pode) naqueles que se tornaram
ricos com o capitalismo, conforme constatou, por primeiro, o ex-marxista alemão
Eduard Bernstein. Mas não há como recolher, desse modelo de Estado, condições
para enriquecer um país pobre. Ao optar pelo Estado benevolente, ao qual todos
recorrem em suas necessidades, garantidor de direitos reais e imaginários,
provedor inesgotável, inclusive das mais insaciáveis demandas, o Brasil fez e
faz, ao contrário, uma opção fundamental pela pobreza.
Jamais criamos ou nos ocupamos seriamente dos pré-requisitos
do desenvolvimento: a) educação de qualidade para todos, habilitando a
juventude brasileira à realização de suas potencialidades e inserção produtiva
na vida social, política e econômica; b) estímulos ao mérito e às manifestações
de talento em todas as dimensões do humano; c) saneamento básico e adequada
atenção à saúde; d) geração da infraestrutura necessária às atividades
produtivas; e) segurança jurídica e respeito ao direito de propriedade; f)
rigorosa proteção constitucional do cidadão contra o Estado; g) contenção da
máquina pública dentro dos limites da capacidade contributiva da sociedade; h)
economia de mercado; e i) um modelo político racional que separe Estado,
governo e administração.
Tendo optado pelo Estado provedor-empreendedor, inclusive
durante os governos sob orientação militar, o Brasil olha para o horizonte
eleitoral de 2018 movido pelas mesmas cismas que orientaram os partidos
políticos e o eleitorado em todos os últimos pleitos: nenhum candidato do
quadrante liberal-conservador, nenhum de centro, todos do centro-esquerda para
a esquerda. A crise em que estamos será a pior conselheira para as eleições por
vir. Não faltarão candidatos para receitar ainda mais do mesmo veneno a uma
nação enferma. Pretenderão resolver a crise do Estado oferecendo ao eleitor
mais e mais Estado. Trarão pás e escavadeiras para aprofundar o buraco.
________________
Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de
Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org,
colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de
Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões,
integrante do grupo Pensar+.
LADEIRA ABAIXO
Sem qualquer ponto de apoio que possa ajudá-la a manter o
prumo, suas cambalhotas na direção do precipício beiram o dramático. No mesmo
pacote mal feito se misturam a inflação ascendente, o desemprego crescente, o
desencanto dos eleitores, que lhe deram um segundo mandato há pouco mais de
meio ano, os infindáveis escândalos de corrupção, envolvendo empresários,
políticos e a outrora sólida Petrobrás, a incompetência administrativa
assombrosa, a revolta com a teia de mentiras que foi imposta ao eleitorado e a
falta total de apoio por parte de seu partido e de seus parceiros, inclusive de
seu guru Lula.
A base de apoio do governo ruiu completamente e todos
procuram salvar-se, levando a melhor parte dos destroços.
Tudo bem, Dilma colhe o que plantou.
No entanto, há outros sinais assustadores.
Seus aliados teóricos jogam cascas de banana em seu caminho
já escorregadio, votando demagogicamente medidas de gosto popular que
completariam a destruição de nossa economia e deixando-lhe a antipática
alternativa de apelar para o veto, tentando salvar algo do periclitante, mas
imprescindível, ajuste fiscal.
O horizonte é ensombrado pelos vetos que podem ser
derrubados e por, no mínimo, três grandes nuvens negras ameaçadoras na esfera
judicial: o TCU, na verdade órgão fiscalizador do Legislativo, caminha para
rejeitar as contas governamentais de 2014, em consequência das famosas
“pedaladas”, artifícios contábeis usados para mascarar os desastres fiscais do
desgoverno; o TSE que se inclina a analisar possível abuso do poder econômico e
uso de verbas de origem duvidosa nas eleições de 2014; e o STF com atenta
observação das investigações da Polícia Federal e do Ministério Público no caso
da Operação Lava Jato, que chegam cada vez mais perto do Planalto.
Raposas felpudas discutem de maneira não muito discreta as
alternativas a seu impeachment, acertando cenários, acordos e
divisão do espólio após sua possível queda. As conversações envolvem o
invertebrado PMDB – teoricamente aliado de Dilma – e as facções mineira e
paulista do PSDB – oposição retórica do governo petista, além de personagens
menores.
Enquanto isso, ministros dos tribunais superiores movem-se
discretamente, trocam mesuras e sussurros, repelem pressões mal disfarçadas,
aceitam outras, lançam balões de ensaio.
No deslize acelerado rumo ao abismo, cujo fundo é muito
distante e inimaginável, dois importantes atores do drama brasileiro medem
cuidadosamente suas ações ou omissões.
Um é o camaleônico Lula, movendo-se com muita cautela para
não ser tragado pelo mesmo desastre que ora incentiva, ora acalma. Sua
situação, no entanto, também não é tranquila. O braço da lei vem se aproximando
e ele deve muitas explicações sobre a criação do pesadelo em que vivemos.
A outra, incrivelmente discreta, mas crescentemente
descontente, é o povo brasileiro, vítima maior dos descalabros e também
responsável pelos mesmos, por nunca ter exigido as satisfações que lhe são
devidas. Escorrega junto com Dilma, sentindo-se sem carta, sem rumo e sem
piloto.
O clamor das ruas virá, mais cedo ou mais tarde. Quando chegar, a solução aparecerá, para o bem e para o mal.
O clamor das ruas virá, mais cedo ou mais tarde. Quando chegar, a solução aparecerá, para o bem e para o mal.
Às escondidas, em Portugal, Dilma e Lewandowski discutem Operação Lava Jato e impeachment
Por Ricardo Noblat

Foi o que Cardoso garantiu ao jornalista da Globo News
Gerson Camaroti, que soube do encontro e publicou a notícia em seu blog.
Segundo Cardoso, Lewandowski pediu para ver Dilma. Ele participava de um evento
jurídico na cidade portuguesa de Coimbra.
Ao saber que o avião que transportava Dilma e comitiva para
a cidade russa de Ufá faria uma escala técnica no Porto, cidade próxima de
Coimbra, Lewandowski manifestou seu desejo de se reunir ali com a presidente da
República para discutirem o aumento do Judiciário.
ADVERTISEMENT
Recentemente, o Congresso aprovou um aumento para o
Judiciário que o governo diz não ter como pagar. Cardoso jura que a reunião a
três não serviu para que conversassem sobre a Operação Lava Jato, conduzida
pelo juiz Sérgio Moro, e que investiga a roubalheira na Petrobras.
Dilma, Lewandowski e Cardoso discutiram, sim, a Operação
Lava Jato. O empresário Ricardo Pessoa, dono da empreiteira UTC, confessou ter
dado dinheiro sujo para a campanha de Dilma à reeleição. Dilma nega, mas está
preocupada com o que possa acontecer se isso acabar provado.
Da Operação Lava Jato, os três passaram a avaliar as chances
de um pedido de impeachment de Dilma. Por falhas, o Tribunal de Contas da União
poderá rejeitar as contas do governo de 2014. E o Tribunal Superior Eleitoral
concluir que houve abuso de poder econômico na campanha de Dilma.
Os jornalistas brasileiros destacados para cobrir a viagem
de Dilma à Rússia não foram informados sobre o encontro dela no Porto com
Lewandowski. Muito menos os que ficaram aqui. O encontro não constou da agenda
oficial de Dilma.
Na verdade, o governo transparente de Dilma nada tem de
transparente. É um abuso que dois chefes de poderes se encontrem às escondidas
no exterior. E para examinar a delicada situação política de um deles. Os dois
pisaram feio na bola. Apostaram que ninguém ficaria sabendo do encontro.
Lewandowski preside a mais alta corte de Justiça que poderá
ser provocada, em breve, a decidir se procede ou não um eventual pedido de
impeachment da presidente da República. Deveria ter se julgado impedido de se
reunir para discutir o assunto com uma das partes interessadas. E logo no
exterior. E às escondidas.
Basta lembrar que Lewandowski deve parte de sua indicação
para o STF à família de dona Marisa, mulher de Lula, a quem sempre foi muito
ligado. De resto, Lewandowski tudo fez para melhorar a sorte dos mensaleiros
que acabaram condenados pelo STF.
É compreensível que Dilma tema por seu futuro. Mas não que
contribua para emporcalhar a imagem do cargo que ocupa.
Eletrolão abasteceu os cofres do PT em ano eleitoral, por exigência de ‘Homem da Dilma’ e Vaccari, segundo Pessoa
Eis um trecho da reportagem da VEJA (com grifos meus):
“VEJA teve acesso a mais um testemunho de que propina
cobrada em troca de contratos – desta vez, no setor elétrico, a menina dos
olhos de Dilma – abasteceu os cofres do PT em pleno ano eleitoral.
Os operadores da transação criminosa foram
o onipresente João Vaccari Neto, então tesoureiro do partido, e Valter
Luiz Cardeal, diretor da Eletrobras, o ‘homem da Dilma’ na estatal e
um dos poucos quadros da administração com livre acesso ao gabinete
presidencial.
O relato desse novo caso de desvio de verba pública para
financiar o projeto de poder petista consta do acordo de delação premiada
firmado entre o engenheiro Ricardo Pessoa, dono da construtora UTC, e o
Ministério Público Federal.
Num de seus depoimentos, Pessoa contou que em setembro do
ano passado o consórcio Una 3 – formado por Andrade Gutierrez, Odebrecht,
Camargo Corrêa e UTC Engenharia – fechou um contrato para tocar parte das obras
da Usina de Angra 3.
A assinatura do contrato, estimado em 2,9 bilhões de reais,
foi precedida de uma intensa negociação.
A Eletrobras pediu um desconto de 10% no valor cobrado pelo
consórcio, que aceitou um abatimento de 6%. A diferença não resultou em
economia para os cofres públicos. Pelo contrário, aguçou o apetite dos
petistas.
Tão logo formalizado o desconto de 6%, Cardeal chamou
executivos do consórcio Una 3 para uma conversa que fugiu aos esperados padrões
técnicos do setor elétrico. Faltava pouco para o primeiro turno da sucessão
presidencial.
O ‘homem da Dilma’ foi curto e grosso: as empresas deveriam
doar ao PT a diferença entre o desconto pedido pela Eletrobras e o desconto
aceito por elas. A máquina pública era mais uma vez usada para bancar
o partido em mais um engenhoso ardil para esconder a fraude.
A conversa de Cardeal foi com Walmir Pinheiro, diretor
financeiro da empresa, escalado para tratar dos detalhes da operação. Depois
dela, Vaccari telefonou para o próprio Ricardo Pessoa e cobrou o
‘pixuleco’.
‘Quando soube que a UTC havia assinado Angra 3, João
Vaccari imediatamente procurou para questionar a parte que seria destinada ao
PT – o que foi feito pela empresa’, relatou o empreiteiro.
Aos investigadores, Pessoa fez questão de ressaltar que,
segundo seu executivo, foi Cardeal quem alertou Vaccari sobre a diferença de 4
pontos percentuais entre o desconto pedido pela Eletrobras e o concedido pelas
construtoras. Perguntado sobre o que sabia a respeito de Cardeal, Pessoa
afirmou:
‘É pessoa próxima da senhora presidenta da República,
Dilma Rousseff’.”
Encontro de Dilma com Lewandowski fora da agenda é indecente e anti-republicano
Esse relacionamento é muito suspeito,
para dizer o
mínimo…
|
Na escala técnica que fez na cidade do Porto, em Portugal,
antes de seguir para Rússia, a presidente Dilma Rousseff teve um encontro
reservado com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo
Lewandowski. A reunião não foi incluída na agenda oficial. Também
participou do encontro o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
No Brasil, políticos da base aliada foram informados de que a conversa foi
ampla e que incluiu entre os temas a Operação Lava Jato. Os petistas, para não
variar, relativizaram a coisa: “O assunto do encontro foi o reajuste do
Judiciário. Ele levou números para a presidente Dilma”, disse Cardozo. Há
preocupação no Judiciário com a tendência de a presidente Dilma Rousseff vetar
o reajuste do Judiciário aprovado recentemente pelo Concresso. “Mas foi um
econtro casual. Estávamos em Coimbra e, como iriámos para um almoço no Porto,
marquei essa conversa”, justificou Cardozo.
Sei… O PT é mestre na arte dos “encontros casuais”. É um tal
de lobista se encontrar com empreiteiro “casualmente”, de “pixulecos”
aparecerem na mochila de tesoureiro petista “casualmente” que vou te contar!
Como já disse Felipe Moura Brasil, isso sim, é golpe! O
PT perdeu qualquer cerimônia, não liga nem mais para as aparências. Está em
desespero, e ratos desesperados fazem qualquer coisa para sobreviver. Fazem “o
diabo” mesmo! Seria coincidência ser justo com o ministro mais petista depois
de Dias Toffoli?
Chega a um ponto tal que a coisa deixa de ser esquerda x
direita e passa a ser todos que defendem a democracia x golpistas
anti-republicanos. Mesmo tradicionais esquerdistas, como Roberto Freire, estão
chocados com a forma com a qual o PT trata as instituições republicanas. Freire
desabafou em seu Twitter :
Não sei se ambos um dia tiveram compostura,
mas sem dúvida o escárnio chegou em nível insuportável. Os conspiradores contra
a República ainda têm a cara de pau de acusar a oposição de ser golpista, ou
seja, quem quer preservar nossas instituições contra o avanço petista é
golpista, enquanto aqueles que abusam da máquina estatal como se fosse um
diretório partidário são os “democratas”. Que piada!
Se Dilma tivesse um pingo de decência, diante de tudo que
está acontecendo com o Brasil, ela simplesmente renunciava. Reinaldo Azevedo
ainda tentou apelar a esse eventual resquício de dignidade na presidente, e
pediu em sua coluna de hoje que Dilma fizesse tal ato nobre
pelo país, após recordar suas escancaradas mentiras sobre o setor elétrico:
Conhecemos, além dos desastres na área econômica, parte
dos crimes que os companheiros cometeram contra os cofres públicos e contra a
contabilidade. À diferença do que sugerem até aqui as turmas de Rodrigo Janot e
de Sergio Moro, não se tratou da associação entre empresários cúpidos,
organizados num cartel (que nunca existiu!), meia dúzia de servidores corruptos
da Petrobras e alguns parlamentares de segunda linha. Conversa para trouxas!
Fomos vítimas de uma máquina azeitada para assaltar o Estado de Direito.
E são os petistas e seus servidores na imprensa que
gritam “golpe” quando se fala da possibilidade de Dilma perder o mandato? Desde
quando leis democraticamente pactuadas se confundem com tanques? Aquela Dilma
que concedeu entrevista a esta Folha bebeu muito fermentado de mandioca.
A presidente concluiu assim o discurso de janeiro de
2013: “Somente construiremos um Brasil com a grandeza dos nossos sonhos quando
colocarmos a nossa fé no país acima dos nossos interesses políticos ou
pessoais”.
Certo! Que Dilma confira verdade ao menos a uma parte
daquela fala e renuncie! Aí ela se tornaria, finalmente, uma Mulher sapiens
sapiens.
O problema é que Dilma jamais demonstrará tal dignidade,
pois ela simplesmente não a possui. Sequer é capaz de fazer um mea
culpa sobre seus anos de terrorista comunista e assaltante, preferindo
se vitimizar e reescrever a história, como se fosse uma lutadora pela
democracia naquela época. Se Dilma tivesse dignidade para renunciar, não seria
Dilma. Com essa alternativa, portanto, os brasileiros indignados e revoltados
não devem contar…
Assinar:
Postagens (Atom)