sábado, 11 de julho de 2015

LADEIRA ABAIXO


A Presidente Dilma cambaleia ladeira abaixo, em meio a grande confusão de atos e fatos que complicam sua situação política.

Sem qualquer ponto de apoio que possa ajudá-la a manter o prumo, suas cambalhotas na direção do precipício beiram o dramático. No mesmo pacote mal feito se misturam a inflação ascendente, o desemprego crescente, o desencanto dos eleitores, que lhe deram um segundo mandato há pouco mais de meio ano, os infindáveis escândalos de corrupção, envolvendo empresários, políticos e a outrora sólida Petrobrás, a incompetência administrativa assombrosa, a revolta com a teia de mentiras que foi imposta ao eleitorado e a falta total de apoio por parte de seu partido e de seus parceiros, inclusive de seu guru Lula.

A base de apoio do governo ruiu completamente e todos procuram salvar-se, levando a melhor parte dos destroços.

Tudo bem, Dilma colhe o que plantou.

No entanto, há outros sinais assustadores.

Seus aliados teóricos jogam cascas de banana em seu caminho já escorregadio, votando demagogicamente medidas de gosto popular que completariam a destruição de nossa economia e deixando-lhe a antipática alternativa de apelar para o veto, tentando salvar algo do periclitante, mas imprescindível, ajuste fiscal.

O horizonte é ensombrado pelos vetos que podem ser derrubados e por, no mínimo, três grandes nuvens negras ameaçadoras na esfera judicial: o TCU, na verdade órgão fiscalizador do Legislativo, caminha para rejeitar as contas governamentais de 2014, em consequência das famosas “pedaladas”, artifícios contábeis usados para mascarar os desastres fiscais do desgoverno; o TSE que se inclina a analisar possível abuso do poder econômico e uso de verbas de origem duvidosa nas eleições de 2014; e o STF com atenta observação das investigações da Polícia Federal e do Ministério Público no caso da Operação Lava Jato, que chegam cada vez mais perto do Planalto.

Raposas felpudas discutem de maneira não muito discreta as alternativas a seu impeachment, acertando cenários, acordos e divisão do espólio após sua possível queda. As conversações envolvem o invertebrado PMDB – teoricamente aliado de Dilma – e as facções mineira e paulista do PSDB – oposição retórica do governo petista, além de personagens menores.

Enquanto isso, ministros dos tribunais superiores movem-se discretamente, trocam mesuras e sussurros, repelem pressões mal disfarçadas, aceitam outras, lançam balões de ensaio.

No deslize acelerado rumo ao abismo, cujo fundo é muito distante e inimaginável, dois importantes atores do drama brasileiro medem cuidadosamente suas ações ou omissões.

Um é o camaleônico Lula, movendo-se com muita cautela para não ser tragado pelo mesmo desastre que ora incentiva, ora acalma. Sua situação, no entanto, também não é tranquila. O braço da lei vem se aproximando e ele deve muitas explicações sobre a criação do pesadelo em que vivemos.

A outra, incrivelmente discreta, mas crescentemente descontente, é o povo brasileiro, vítima maior dos descalabros e também responsável pelos mesmos, por nunca ter exigido as satisfações que lhe são devidas. Escorrega junto com Dilma, sentindo-se sem carta, sem rumo e sem piloto.

O clamor das ruas virá, mais cedo ou mais tarde. Quando chegar, a solução aparecerá, para o bem e para o mal.

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