Por Sérgio Alves de Oliveira

Os precedentes de modelos que não deram certo no Brasil são inúmeros. Dentre os principais, podemos citar o próprio
CAPITALISMO, que falhou porque com ele o Brasil nunca conseguiu atingir
um nível de desenvolvimento razoável que
atendesse as necessidades básicas da
população. E apesar das enormes potencialidades humanas e naturais disponíveis,o
resultado que obtiveram foi uma das pirâmides sociais mais injustas do
mundo, com diferenças da remuneração entre o capital e o trabalho, e
internamente dentro do próprio trabalho, indo a extremos inimagináveis.
Esse disparate aconteceu
tanto na comparação dos
ganhos entre os patrões e os seus empregados, como entre os próprios trabalhadores. No Serviço
Público ,de modo especial , as distorções remuneratórias entre os
trabalhadores se agravam sobejamente.
Existe uma “elite” muito bem remunerada ,concorrendo com uma multidão cujos
salários nem mesmo atendem as necessidades primárias da vida.
O problema não está restrito às relações entre o CAPITAL e o
TRABALHO, como alguns imaginam e dizem. Está também dentro da própria força do
trabalho. São poucos ganhando muito, e muitos ganhando pouco. Mas nunca ouvi no
discurso das “esquerdas”que andam por aí qualquer combate a essa anomalia
social. Até “suspeito” que a causa desse silêncio esteja no fato de que seriam
justamente “eles”, os esquerdistas, que estariam ocupando os cargos melhor
remunerados no Serviço Público, por livre nomeação dos seus “padrinhos”políticos.
O grande problema,no discurso desses farsantes, continuaria
residindo exclusivamente no conflito de interesses entre o capital e o
trabalho. Todavia esse discurso passou a ser falso. Na área pública o problema
aumenta bastante em relação à iniciativa privada.
Por seu turno a DEMOCRACIA “tupiniquim”,a exemplo do
CAPITALISMO, igualmente nunca funcionou como deveria. O Brasil pratica uma
democracia meramente formal ,só porque ela está escrita nas leis que regem o país. Na prática, no
funcionamento, nos costumes, na dinâmica,o que temos não é a democracia, porém
a sua
contrária, a OCLOCRACIA,que se resume numa pretensa democracia, porém deturpada,
corrompida, praticada pela maioria do povo ignorante ,ingênuo, ou que se vende
por um mísero prato de comida,quase sempre em benefício de políticos
inescrupulosos, exploradores do povo, que fazem
da atividade pública uma profissão e um balcão para seus negócios,
muitos dos quais ilícitos.
Isso que impropriamente chamam de “democracia”, onde se
escolhe os dirigentes do país, não passa de uma rotina legal, escrita
pelos que têm interessa nela, onde as
pessoas são obrigadas a votar, mas não têm nenhum direito de participar da
escolha dos candidatos, privilégio restrito a pequenos grupos que se apropriam dos partidos políticos. Esse
direito/obrigação de votar, poderia ser
equiparado ao “direito” de escolher a
forma preferida para morrer, numa hipotética condenação e execução
criminal: se enforcado, eletrocutado ou decapitado na guilhotina! Aí
está a principal explicação para o
“lixo” que sai das urnas para comandar
o país.
Essas distorções na política tiveram força para fazer
com que o país andasse
mais para trás do que para a frente, aos
“trancos e barrancos”, desde a sua independência, e já antes ,como
Colônia de Portugal, passando pelos períodos da Monarquia e da República, até
hoje, num processo crescente de decadência ,principalmente de ordem moral, que
chegou a níveis insuportáveis.
Pode-se até afirmar ,sem medo de erro, que as atividades
onde o Poder Público mais investiu de
bom tempo para cá foram nos sistemas
ELEITORAL e TRIBUTÁRIO, únicas
atividades que têm boa organização
formal - apesar de desprovidas de grandes méritos de conteúdo - dignas de Primeiro Mundo. Toda a estrutura
governamental e recursos públicos ilimitados são canalizados para essas áreas,
que na verdade são as únicas que interessam à podridão política e administrativa reinante.
Ora, é compreensível que o Sistema Eleitoral tenha que
funcionar bem para dar a falsa impressão de legitimidade aos vencedores
apontados pelas urnas,com todas as
pompas e solenidades da Justiça Eleitoral,ao passo que a arrecadação exorbitante de impostos e outros
tributos tem só a função de encher os cofres públicos para que nunca falte
dinheiro para ser roubado. Se a EDUCAÇÃO
e a SAÚDE recebessem metade do que é gasto para aparelhar o “terrorismo tributário” e as eleições (algumas até fraudulentas),
certamente essas importantes atividades não estariam no caos em que sempre
viveram.
Não bastasse o fracasso do Brasil, em toda a sua história,
na contramão das enormes potencialidades
que o país têm, para alavancar o
seu desenvolvimento, devido, principalmente, à má gestão da coisa pública, a
partir de 2003, com o início dos Governos do PT, foi reativada a proposta para implantação do SOCIALISMO - cuja trajetória havia sido
interrompida antes, com a
Contrarrevolução de 64 - a partir das diretrizes do Foro de São Paulo, fundado
por Fidel Castro e Lula da Silva.
Aí está o nascedouro de mais um grande problema que o
Brasil eventualmente terá que enfrentar. A exemplo do que já aconteceu
antes ,com os fracassos da DEMOCRACIA e do CAPITALISMO, também esse
anunciado “SOCIALISMO”, se adotado,
tende a ser uma catástrofe de
consequências imprevisíveis, não fosse por outras razões, até pela baixa
envergadura moral das suas lideranças implantadoras.
Contudo há, sem dúvida,um certo exagero nas “condenações”
precipitadas que são feitas ao
socialismo, como regime político socioeconômico, que não pode ser confundido
com a sua versão degenerada brasileira,ante a
perspectiva de sua implantação por aqui. O socialismo também têm alguns
aspectos positivos,desde a sua origem, no Iluminismo do Século XVlll, passando
por Karl Marx, no Século XIX, e depois
com vários seguidores da doutrina
comunista que contribuíram com algumas
adaptações.
Mas o “ódio” irracional recíproco que os defensores do
socialismo e do capitalismo trocam entre
si não permite que um e outro enxergue
na doutrina “concorrente” qualquer mérito. Essa postura não é verdadeira e nada
inteligente. Ambos os modelos tem méritos e deméritos. Mas chegará o dia em que
as inteligências abandonarão as suas
“raivas” recíprocas cultivadas durante dois
séculos, e desses dois modelos poderá surgir um terceiro, talvez
até fruto da combinação do socialismo
e do capitalismo. Seria o SOCIAL-CAPITALISMO?
O italiano ANTONIO GRAMSCI (1891-1937), fundador do Partido
Comunista Italiano,foi um dos pensadores
que deram modelagem especial ao socialismo. Ninguém como ele tinha
conseguido fazer com que o socialismo
desse abrigo ao que havia de pior no arsenal humano de uma determinada
sociedade. Foi ele quem inventou a DISSIMULAÇÃO como estratégia para
implantação do socialismo.
Gramsci defendia que
deveria se chegar ao comunismo de Marx sem que a sociedade participasse
e tivesse consciência que estava sendo
conduzida nessa direção. As primeiras providências deveriam ser com as crianças
nos colégios, através da ideologização (que o Governo local agora batizou com o
nome de “Pátria Educadora”), caminhando ao lado do APARELHAMENTO das instituições públicas e privadas, sempre
que possível, sem qualquer alarde.
“Sorrateiramente”, estão conseguindo esse intento. São os
ensinamentos de Gramsci na prática. É a dinâmica da pedagogia política sem
qualquer escrúpulo agindo criminosamente contra as crianças. Enquanto isso
acontece, a Instância Máxima do Poder Judiciário, o Supremo Tribunal
Federal-STF, majoritariamente, já está à mercê dos gramscistas, o mesmo
acontecendo com a CNBB, a OAB, e outras
organizações importantes, cujo silêncio e omissão frente à degradação moral na política e à
corrupção generalizada ,só podem indicar
concordância ou cumplicidade com o “status quo”.
Mas vou provar o que antes afirmei, ou seja, que o pretenso
socialismo , em implantação no Brasil, e no restante da região abrangida pelo
Foro San Pablo, não passa de uma
grandiosa farsa. E vou fazê-lo através de incursões do pensamento sobre
o princípio da MAIS-VALIA, alvo central de Marx, que segundo a definição dada
por ele, seria a parte do valor da força de trabalho não remunerada pelo
patrão.
O problema é que a antiga quota da mais-valia não foi
suprimida, nem diminuída, apesar dos ingentes “esforços” (de discurso) da
esquerda. Ao contrário, ela aumentou. E muito.
Os seus novos “sócios-beneficiários” estão de uma ou outra forma ligados
ao Governo.
Ocorre que a mais-valia hoje pode ser bifurcada em duas
direções, quando “ontem” era uma só. Sobre ela foi organizado um “consórcio”,
tendo de um lado os empresários, como sempre foi,e do outro os agentes públicos
corruptos. É evidente que o seu valor teria que aumentar. É necessário mais
“alimento” para dois do que para um.
Com isso a parcela de mais-valia do patrão continua como
antigamente. Mas o “plus” que passou a incidir sobre ela ,na verdade um
sobrevalor, acaba indo para o bolso dos corruptos do serviço público. Significa
dizer, antes do império da corrupção , que foi aperfeiçoada no período do PT,
mas que também havia antes, porém em
menor escala, a sociedade sustentava uma só mais-valia. Agora são duas.E os
novos beneficiários são justamente os que usam o discurso “socialista”...
contra a mais-valia.
Mas quem está pagando por essa corrupção? Pela mais-valia “2”? Como afirmou o juiz
Sérgio Moro, para descobrir é preciso percorrer o caminho do dinheiro. É claro
que a conta da corrupção não vai ser bancada pelo patrão que negocia com o
Serviço Público. Ele sempre vai achar uma maneira de compensar essa perda.
Essa operação, porém, vai afetar toda a sociedade, que terá
que pagar mais impostos para que o
Governo consiga pagar o que comprou com
superfaturamento ilícito, ou seja, por preço maior. Aí deve estar a principal
razão pela qual o Brasil é o país onde mais se paga impostos no mundo, com uma
enorme parcela dos tributos pagos pela sociedade desviada na corrupção desenfreada. Importante
é sublinhar que toda a corrupção envolvendo o Poder Público será paga sempre
pelo povo,através dos impostos . Assim não será a Petrobrás,o BNDES,A Caixa
Econômica Federal, ou o Tesouro Nacional, que vão pagar os valores da corrupção.
Quem vai pagar é o povo mesmo, o verdadeiro titular de tudo que é público. E
com seus impostos.
Se Marx tivesse o azar de ver o que estão fazendo com a sua “mais-valia”no Brasil ,e nos países “colegas” do Foro San Pablo,
certamente ele daria mil cambalhotas na sua tumba, levantaria e logo
passaria a apontar o seu canhão não mais
a mais-valia dos patrões, como
fazia antigamente, porém na direção da
mais-valia da corrupção dos governos do Brasil, que conseguiram
implantar, não o socialismo, porém um Capitalismo de Estado pervertido, onde o
beneficiário nem é o Estado, porém seus servidores e políticos corruptos.
Mas com certeza Marx tiraria o “pé-do-acelerador” no antigo
combate que sempre fez à mais-valia dos
patrões, que inclusive também contribuem
,e muito, com seu próprio trabalho, à frente do capital, no ciclo da
produção. Mas a partir daí o seu foco
principal de combate passaria a ser a “outra” mais-valia ,aquela oriunda da
corrupção, porque não existe nem nunca existirá qualquer argumento capaz de
justificá-la, não fosse por outras
razões, pelo simples fato de que uma
surge do trabalho do empresário, e a outra da pura corrupção, ilegal e imoral, contrariando
todos os princípios da decência.
Nota: O título escolhido para esse texto não significa que o
“bandido” seja só o PT. O mesmo se aplica não só aos partidos e políticos que
lhe dão sustentação, como também aos governos e políticos anteriores a 2003,
que não foram muito melhores.
Fonte: Alerta Total
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Sérgio Alves de Oliveira é Sociólogo e Advogado.
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