Por Paulo Roberto Gotaç

Por mais que se queira, é quase impossível dissociar o
carnaval da Beija flor, tecnicamente impecável, do enredo por ela escolhido
que, talvez involuntariamente, serviu para promover um governo despótico e
sanguinário, o da Guiné Equatorial, que teria, segundo fortes rumores,
patrocinado a pompa e o luxo ostentados no desfile.
O país é, por outro lado, um dos mais pobres do mundo,
vivendo seu povo abaixo da mais
humilhante linha de miséria e subjugado por ditadores há mais de 35 anos no
poder, proprietários de várias mansões mundo afora e titulares de polpudos
ativos financeiros aninhados em alguns dos inúmeros paraísos fiscais espalhados
pelo planeta.
Os carnavalescos e dirigentes da agremiação, apressaram-se
em afirmar que o dinheiro proveio de empreiteiras com interesses na Guiné e não
dos seus cofres públicos, o que não alivia a sensação de pragmatismo indecente
vislumbrado pelos donos da Escola, aquele que justifica qualquer postura - o
vale tudo- e que sublinhou a diplomacia praticada pelo PT ao longo da execução
de uma política externa que, afinal, não redundou em benefício para o progresso
das transações comerciais, mas tirou o Brasil dos fluxos de riqueza, culminando
com o estigma criado pelo melancólico apelido de" anão diplomático"
Por mais que se admire e se apoie a maior festa popular do
mundo, há que serem observados por parte dos organizadores alguns limites
quanto às homenagens, para que sejam evitados no futuro lembranças como a do
nazismo ou do estado islâmico, por exemplo, temas capazes de, nas mãos de
competentes coreógrafos, produzirem desfiles também perfeitos.
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Paulo Roberto Gotaç é Capitão de Mar e Guerra, reformado.
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