Sambista conhecido e interprete oficial dos sambas-enredos
da Beija-Flor, escola de samba da cidade de Nilópolis, no Rio de Janeiro, Luiz
Antônio Feliciano Marcondes, nacionalmente conhecido como “Neguinho”, abusou da
ousadia e, em claro desafio às autoridades, defendeu a contravenção, fonte de
financiamento do carnaval do Rio de Janeiro, assim como de outras cidades
brasileiras.
Em entrevista à Rádio Gaúcha, nesta quinta-feira (19),
Neguinho da Beija-Flor disse que o dinheiro sujo custeou o carnaval carioca. A
afirmação do sambista não é novidade para a extensa maioria dos brasileiros,
mas configura uma afronta ao Estado Democrático de Direito e à legislação
vigente. A bordo de interpretação mais apurada das leis pode-se afirmar que
Neguinho está a fazer apologia ao crime. Sem contar que os bicheiros do Rio de
Janeiro, patronos de muitas escolas de samba, ganham dinheiro não apenas com a
chamada “zooteca”, mas com máquinas caça-níqueis, tráfico de drogas, sem contar
os assassinatos que ocorrem no meio.
“Se não fosse a contravenção meter a mão no bolso,
organizar, estaríamos ainda naquele negócio de arquibancada caindo, desfile
terminando duas horas da tarde, cada escola desfilando duas, três horas e a
hora que quer. E a coisa se organizou”, afirmou o sambista. Na sequência,
“Neguinho da Beija-Flor” subiu a rampa da ironia e afirmou: “Se hoje temos o
maior espetáculo audiovisual do planeta, agradeça à contravenção”.
Fosse o Brasil um país minimamente sério e com autoridades
igualmente responsáveis, a diretoria da Beija-Flor de Nilópolis e seu “puxador
oficial’ estariam presos por crimes variados e cumplicidade criminosa. A fala
de Neguinho da Beija-Flor é não apenas um deboche, mas um convite descabido e
perigoso para que outros insanos passem a defender com mais ênfase o crime
organizado.
Como se não bastasse o ministro da Justiça, José Eduardo
Martins Cardozo, ter aberto a porta de seu do seu gabinete para os advogados
dos quadrilheiros da Lava-Jato, agora o Brasil precisa enfrentar a verborragia
insana e criminosa do sambista-mor da escola campeã do Carnaval 2015 do Rio de
Janeiro. Só falta aparecer alguém para dizer que Fernandinho Beira-Mar é inocente
e que jamais se envolveu com o tráfico de drogas.
Fosse cumpridor dos seus deveres, o ministro José Eduardo
Cardozo já teria determinado à Polícia Federal a realização de uma operação
pente fino nas principais escolas de samba do País. O grande problema é
encontrar doses extras de coragem.
Publicado originalmente no site UCHO.INFO
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