Por Percival Puggina
Para afastar o Brasil dos padrões ocidentais, nada melhor do que
romper com o relato eurocêntrico da história. Então, nos delírios da BNCC,
vamos acabar com a cronologia, enfatizar a história africana, ameríndia e,
definitivamente, jogar no ostracismo os mestres da nossa cultura. Ensinar
segundo a versão proposta pela BNCC é servir burrice em linguagem de redes
sociais, com vocabulário de creche. Se lhe parece difícil crer no que estou
dizendo, informe-se aqui: basenacionalcomum.mec.gov.br.
Todo leitor atento e todo estudante que entrou em contato com a
linguagem esquerdista já com plena vigência docente nas salas de aula do país,
sabe que existe um vocabulário padrão. Há palavras que mesmo avulsas no espaço
valem por uma frase inteira e servem como prova de identidade ideológica. Uma
delas é “problematizar”. Quando um professor diz que vai problematizar algo,
ele está, na verdade, afirmando que vai usar sua autoridade (mais do que seu
estreito conhecimento) para destruir alguma crença ou valor que suspeita estar
presente nas mentes dos alunos. E a BNCC é pródiga em
"problematizações". Ela problematiza o papel e a função de
instituições sociais, culturais, políticas, econômicas e religiosas.
Problematiza os processos de mudanças de instituições como família, igrejas e
escola. Problematiza as relações étnicas e raciais e seus desdobramentos na
estrutura desigual da sociedade brasileira. Problematiza, para
"desnaturalizar", modos de vida, valores e condutas sociais. Quem disse
que existem valores, modos de vida e condutas que são naturais?
Não era difícil imaginar a dedicação com que os companheiros do MEC se
atirariam à tarefa de preparar uma base comum a todos os estabelecimentos de
ensino do país. Melhor que isso só iniciar cada aula bradando – “Seremos como
el Che!”. Agora, o MEC vai ouvir a sociedade, mas todos sabem que, para esse
governo, ouvir a sociedade e com ela debater é reunir-se com os seus e decidir
por todos. Então, não é ao governo que a sociedade deve protestar. Está tudo
pronto para que as coisas aconteçam como convém a ele e a seu partido. Atenção,
Brasil! Atenção, meios de comunicação, intelectuais, educadores, lideranças
empresariais e sindicais, pais e mães! Atenção todos os cidadãos comprometidos
com o bem dos nossos jovens e do Brasil! É preciso impedir que se cometa mais
esse crime contra a nação e que o governo imponha sua ideologia a todos através
das salas de aula.
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Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é
arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista
de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra
o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do
Brasil, integrante do grupo Pensar+.
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