Por UCHO.INFO
Nesta terça-feira (1º), a política está marcada por duas decisões
polêmicas, as quais podem mudar os destinos do País. Em primeiro plano está a
reunião do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, que, após pedido de vista
coletivo, decidirá sobre a continuidade do processo contra Cunha, acusado de
quebra do decoro parlamentar por ter mentido durante depoimento na CPI da
Petrobras. O presidente da Câmara diz a pessoas próximas ter onze votos no
Conselho, que tem 21 membros, o que lhe garantiria o arquivamento do processo.
Por outro lado, os que fazem oposição a Eduardo Cunha afirmam que o processo
avançará de todo modo.
Deixando de lado os prognósticos de parte a parte, fato é que o
processo de Eduardo Cunha está atrelado à admissibilidade de um processo de
impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. Ciente de que um processo de
impedimento seria uma “cereja” no indigesto bolo da crise, Dilma acionou seus
comandados para que Cunha seja poupado no Conselho de Ética, como forma de
evitar o pior. Essa estratégia exige que os três deputados petistas que
integram o Conselho de Ética votem pela não continuidade do processo contra o
presidente da Câmara.
Entre atender ao pedido do Palácio do Planalto e dar uma explicação à
sociedade – se é que isso faz alguma diferença no meio do caos – há a
necessidade de esculpir um discurso minimamente convincente. Os petistas do
Conselho de Ética começam a entabular um discurso que tem como base a alegação
de que é preciso evitar uma instabilidade institucional no Congresso e garantir
a alteração da meta fiscal do governo para 2015. A votação dessa matéria
(alteração da meta fiscal), em sessão do Congresso, estava agendada para a
última quarta-feira (25), mas a prisão do senador Delcídio Amaral (PT-MS)
atrapalhou os planos do governo.
Vencido o imbróglio envolvendo o ex-líder do governo no Senado, o tema
deve rechear a pauta de votação do Congresso na noite desta terça-feira (1º). A
grande questão é saber se o Conselho de Ética decidirá pelo arquivamento do
processo contra Eduardo Cunha. Do contrário, Dilma que comece a arrumar as
gavetas, não sem antes escolher uma empresa de mudanças que leve suas
tranqueiras governamentais até capital gaúcha.
A desfaçatez que envolve os dois temas é tão grande, que na
segunda-feira (1) a cúpula do governo Dilma passou a maior parte do tempo
reunida com a bancada do PT, finalizando o acordo que poderá salvar o mandato
de Cunha e evitar que o impeachment suba a rampa do Palácio do Planalto.
O deputado federal José Geraldo, que defende a não continuidade do
processo contra Cunha, diz que é preciso fazer um sacrifício pelo País. “Eu
defendo a reflexão que devemos votar pelo país, não pelo Cunha. Não acreditamos
no Cunha, mas o que pode acontecer amanhã no país pode ser o pior dos mundos”,
disse o petista. Na opinião do parlamentar paraense, o “pior dos mundos” seria
a abertura de um processo de impeachment contra Dilma. E para que isso não
ocorra é preciso acreditar em Eduardo Cunha, apesar desse discurso desconexo e
pouco convincente.
Traduzindo para o idioma da realidade, para manter no principal
gabinete palaciano uma incompetente que foi conivente com a corrupção é preciso
salvar a pele de um político profissional que fez das negociatas nos bastidores
a cartilha do próprio cotidiano. E a população que continue acreditando que o
Brasil é o país do futuro.
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