As manchetes dos jornais apregoam: o governo vai ficar paralisado por
falta de votação da nova meta fiscal do ano em curso.
País interessante, este nosso. Faltando um mês para o fim do ano
fiscal, o Legislativo vota um remendo no orçamento, ajustando a lei à realidade
e livrando o Executivo de responder pelo não cumprimento das metas autoimpostas
na concepção do orçamento. Assim, legaliza a mentira em que todos fingiam
acreditar, não obstante as advertências da imprensa atenta e dos profissionais
sérios do mercado.
Repete-se o mesmo golpe legal que já foi praticado no ano de 2014.
Vai-se tornando uma tradição.
Mas o que mais surpreende é a notícia de que o governo ficará
paralisado. Como assim? Paralisado o governo já está há muito tempo. Os
serviços públicos não são prestados, os pagamentos atrasam e a dívida pública
se acumula; os restos a pagar aumentam a cada ano – em breve teremos que gerar
dois orçamentos, um para viver o novo ano e outro para pagar os débitos dos
anos anteriores; os hospitais e universidades fecham por falta de verbas para
saldar os compromissos com empresas terceirizadas, com as de segurança e as de
higiene e limpeza. Se o Brasil está andando, só pode ser para trás.
Enquanto isso, as diárias correm soltas nos altos escalões, em viagens
de ricas comitivas ou de príncipes da república, que multiplicam seus
vencimentos com rendas auferidas em passeios desnecessários e que nada trazem
de positivo para o país, mas permitem que os sátrapas driblem constantemente o
teto dos rendimentos dos servidores públicos.
O governo já está paralisado, continua gastando mais do que arrecada e
do que a lei permite e contando com a alteração da mesma para que seu déficit
seja menor e esconda o fracasso total de sua política econômica e os resultados
da escandalosa roubalheira promovida por políticos que disfarçam seus crimes
nas leis mutantes e continuam impunes.
E o Brasil vai remando, procurando crescer ou não encolher à noite,
quando o governo dorme.
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