Por UCHO.INFO
Baverez afirma, de chofre, que a Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro,
corre o risco de se transformar, assim como a de Atenas, em 2004 na Grécia, em
sinal de que o País está a caminho da falência. Enxertada no calendário
nacional, custo bilionário, para incensar o inexistente milagre brasileiro, a
Rio2016 pode transformar o outrora líder dos BRICS em símbolo do colapso
econômico dos chamados países emergentes, débâcle que já acontece sob o manto
da incompetência de Dilma Rousseff.
A dinâmica que havia feito do Brasil a sétima economia do planeta
acabou, de acordo com o editorial da revista. Enquanto o crescimento do PIB
chegou a 7,5% em 2010, a economia verde-loura está em recessão em 2015, pela
primeira vez desde os anos 1930, com retração de 3%, índice que pode se
aproximar dos 4%. A inflação oficial atingiu 9,4%, podendo fechar o ano em
10,38%, muito além do centro da meta de 4,5%. O desemprego alcançou a marca de
7,6% em setembro, podendo a marca de dois dígitos logo no começo do próximo
ano. Enquanto isso, o pode de compra do salário do trabalhador diminui e a
pobreza aumenta.
A revista francesa destaca o déficit duplo que ameaça o governo
petista: o déficit corrente de 4,5% do PIB e o déficit orçamentário de 9%, que
elevou a dívida pública a 70% do PIB. O grau de investimento do Brasil foi
rebaixado pelas agências de classificação de risco para a categoria de
investimento especulativo. O real perdeu mais da metade do seu valor em relação
ao dólar, em menos de um ano.
A Petrobras, palco do maior escândalo de corrupção da História, ilustra
o desastre brasileiro, escreve a “Le Point”. Após o maior aumento de capital da
história do capitalismo, a petrolífera registrou mais de R$ 50 bilhões de
perdas em 2014, devido ao gigantesco caso de corrupção. Os desvios são
estratosféricos, que ultrapassam com folga a casa de R$ 10 bilhões,
beneficiaram diversos partidos políticos, em especial o PT, responsável pelo
período mais corrupto da história nacional.
Ponto morto
Os dois propulsores de crescimento do País estão parados. O consumo
interno está em queda livre por conta do elevado endividamento das famílias,
cenário provocado pelo chamado crédito fácil concedido aos bolhões na última
década. Em outro vértice está a venda de matérias-primas, que representam 60% das
exportações brasileiras, afetadas pela crise na China e pelos preços do
petróleo. Além disso, o sistema previdenciário, cada vez mais insolúvel, corre
o risco de implodir.
Segundo a “Le Point”, o Brasil representa todas as piores
características dos emergentes: competitividade degredada, exposição à
desaceleração da economia chinesa; forte dependência da renda de combustíveis;
dívida externa elevada; duplo déficit estrutural.
Dilma procura atribuir a catástrofe a causas conjunturais. Mas a “Le
Point” enfatiza que elas são apenas reveladoras dos profundos desequilíbrios
que minam o país: estagnação da produtividade do trabalho, cujo custo aumentou
em 150% em dez anos; déficit crônico de investimentos (18% do PIB contra 31% na
Índia); fraqueza da concorrência indissociável de um protecionismo endêmico;
indigência dos serviços públicos, corte dos gastos sociais; fraqueza do Estado,
que se traduz em uma corrupção sistemática e um aumento da violência (alta de
10% dos homicídios).
A revista afirma que as causas da crise são internas e acrescenta que
Dilma não tem nem vontade nem legitimidade para interromper a espiral infernal
na qual a demagogia colocou o seu país. Sua saída do governo é um requisito à
recuperação do Brasil. E finaliza afirmando: “quanto mais cedo melhor”.
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