sábado, 8 de agosto de 2015

Inflação menor, só na Olimpíada

Por Vinicius Torres Freire


A inflação está perto de 10% ao ano, continua por aí, como não se via desde a crise de 2003, faz uma dúzia de anos. Quando a inflação deve cair? Quer dizer, quando os preços vão começar a aumentar menos, pelo menos?

A inflação, o aumento médio dos preços, deve ficar onde está, em torno de 9,5% ao ano, até mais ou menos novembro. A partir daí deve cair. Sim, vai demorar.

Pelas previsões medianas, a inflação deve chegar aos 6% em junho do ano que vem. Logo depois da Olimpíada de 2016. Sim, vai demorar.

Nem vai ser assim bom. A inflação vai apenas despiorar: 6% foi a inflação anual média dos anos do primeiro governo de Dilma Rousseff, de 2011 a 2014.

Deve chegar a 5,5% em dezembro do ano que vem. Talvez chegue à meta do governo, de 4,5%, em 2017.

Claro que a gente tem visto aumentos muito maiores no dia a dia. A inflação medida pelo IPCA, a chamada "inflação oficial", é apenas uma média. Nos últimos 12 meses, vários preços subiram muitíssimo mais do que 9,5%.

O caso mais escabroso foi o da energia elétrica, que em média subiu 58% no país. Legumes, batatas, raízes, subiram 55%. As carnes vermelhas subiram 20%. O preço das aves, bem menos, 3,6%. O das roupas, menos ainda, uns 2%. O preço de TV e eletrônicos até caiu, em média. Mas quem está com dinheiro para comprar muita roupa e eletrônicos novos? Até por isso, o preço desses produtos sobe menos ou cai.

Mas a previsão de inflação em 6% ao ano em junho do ano que vem é apenas isso: previsão. Pode dar errado. Até pode dar um pouco mais certo. O que pode dar errado é o efeito de um aumento ainda maior do dólar. Dólar mais caro encarece os produtos importados e todos aqueles que podem ser vendidos no exterior, como também a carne.

Se o tumulto brasileiro piorar, o dólar pode dar outra disparada e afetar a inflação. Até por isso também o Banco Central voltou a intervir no mercado, para segurar um pouco o preço do dólar nervoso.

Enfim, a alta de preços segue forte até o Natal. Mais do que sempre, a gente vai ter de se virar no mercado para fazer a compra caber no salário.

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