Jacy de Souza Mendonça
Stédile está mobilizando nações estrangeiras para atuarem
contra o sistema constitucional do Brasil que, ao contrário dos socialistas,
assegura a livre iniciativa (art. 170), utiliza-a como fundamento da ordem
econômica (art. 170, IV) e garante o livre exercício de qualquer atividade
econômica (art. 170, parágrafo único). Princípios que não se compatibilizam com
o sistema socialista.
Como se não bastasse, no dia 9 deste mesmo mês, li, no blog
do jornalista Juca Kfouri, uma das páginas mais lamentáveis para esse velho
leitor que teve a felicidade de passar a juventude em uma nação pacífica,
progressista e feliz e encontra-se na iminência de legar a seus descendentes um
País economicamente destroçado, socialmente rompido e politicamente
desmoralizado.
Para começar, o Sr. Kfouri critica o povo brasileiro por ter
votado em Collor, Maluf, Newton Cardoso, Roseana, Marconi Perilo e Palocci
(mesmo sabendo que muitos brasileiros nunca votaram nesses candidatos). Isso
porque, no mais perfeito estilo socialista, não aceita que o cidadão eleja quem
quer, mas quer que ele seja obrigado a votar no Partido único (ou que se tem
por único). Além disso, em um lapso que só Freud explica, ignora que Palocci
faz parte da entourage dominante. Estranhamente, não critica esse mesmo povo
por ter cometido o crasso erro de votar em Lula, Dilma et caterva.
Em seguida, ignorando fatos e distorcendo evidências, como
se tivesse autoridade para interpretar intenções alheias, afirma
peremptoriamente que o panelaço do povo não foi contra a corrupção... terá ele
coragem de pensar que foi a favor dela? Não! Os favoráveis à corrupção
finalmente estão sendo presos e nem ousam andar pelas ruas de nossas cidades.
Em outra agressão à verdade dos fatos, diz que o panelaço ocorreu nas varandas
gourmet, fingindo não ter visto as fotografias dos jornais e os filmes das
televisões que revelam à saciedade, a quem tem olhos de ver e ouvidos de ouvir,
que cenário dos acontecimentos foram mesmo as vias públicas das grandes cidades
brasileiras.
Dando sequência à sua ousadia interpretativa, afirma que a
causa do evento se encontra no que denomina o incômodo da elite branca contra a
gente humilde. Não, Sr. Kfouri, a elite brasileira, branca, parda, vermelha,
amarela ou negra, nunca se sentiu mal com o fato de seus coirmãos ultrapassarem
a fronteira da pobreza e começarem a colaborar com o progresso do País. Sempre
desejou isso. Nunca houve sentimento de luta de classes entre nós, antes da
chegada ao Poder dos atuais dirigentes que, estes sim, estimulam o conflito,
como a mídia já mostrou nas palavras furiosas de Lula e Stédile.
Do alto de meus 84 anos de idade, posso afirmar-lhe, Sr,
Kfouri, que nunca tinha havido ódio político em nossa História. O brasileiro
era pacífico, ordeiro e tolerante. Nunca um rico moveu uma palha contra um
pobre apenas por ele ser pobre. Esse sentimento belicoso entre os brasileiros
está sendo plantado pelos atuais detentores do Poder. Jogar os pobres contra os
ricos, os pretos e os índios contra os brancos, os homo contra os
heterossexuais, o norte contra o sul, é técnica marxista adotada rigorosamente
pelo PT, às vezes acobertado pelos desordeiros de seu braço revolucionário, o
MST, com o propósito de solapar a sociedade.
Não diga também, Sr. Kfouri, que o governo atual é de
centro-esquerda. Não, não é. Ele é de esquerda-esquerda e só não é ainda mais
esquerdista por temer reações e porque espera o momento adequado para fazê-lo.
Nem diga também que seu Partido defende os pobres e os trabalhadores contra os
ricos. Serão porventura pobres os seus correligionários que roubaram a mãos
cheias as estatais, a ponto de, pela primeira vez no mundo, levar ao estado
falimentar uma empresa petrolífera, precisando por isso serem aprisionados?
Algum trabalhador ou algum pobre foi beneficiado pelos bilhões roubados por
seus correligionários? Quem ajuda o trabalhador, Sr. Kfouri, é o capitalista
que coloca seu patrimônio a risco, investindo para gerar empregos, graças aos
quais os trabalhadores podem sustentar suas famílias. Não dá mesmo para
perceber isso?
O senhor diz que os liberais e os ricos perderam a eleição,
não aceitam isso e, antidemocraticamente, continuaram de armas em punho. Não
posso nem suspeitar que o senhor seja cego. O senhor não percebeu realmente que
os únicos portadores e usuários de armas são seus companheiros do MST, são seus
colegas do exército de Lula e Stédile? Leia, então, os jornais e assista às
televisões. É tão evidente que não creio possa passar despercebido a seus olhos.
Realmente, Sr. Kfouri, nunca dantes nesse País se roubou
tanto no governo. Como jornalista, visite os arquivos dos jornais, revistas e
TVs e terá a confirmação desse fato. Ou, se quiser, procure os arquivos de
processos no fórum e nos Tribunais de qualquer Comarca e qualquer Estado.
Certamente os fatos irão desmascarar a parcialidade de sua posição.
Mais ainda: protestar contra o estado de coisas do governo,
com ou sem panelaço, não é falta de senso do ridículo, não. É patriotismo puro.
Seus colegas devem até agradecer aos céus por esse povo ser tolerante assiste
abismado aos desmandos dos governantes e limita-se a gritar pacificamente fora,
Dilma!
Não foi só na zona leste de São Paulo que não houve panelaço
por falta de luz e de água. O senhor deve saber que o Brasil inteiro, além da
carência de água e luz, não tem portos (embora seu Partido tenha construído um
em Cuba com o dinheiro arrecadado à força dos brasileiros), aeroportos e
rodoviárias adequadas não tem linhas para a transmissão da energia gerada em
suas usinas não tem saúde nem educação nem previdência não tem segurança... não
tem nada! E já teve. Foi perdendo tudo isso na última década, em consequência à
desastrada política econômica e fiscal de seu Partido.
Acho, enfim, arriscado afirmar que Dilma foi eleita
democraticamente quando as provas estão se acumulando segundo as quais ela foi
eleita graças ao dinheiro surrupiado dos cofres público das empresas
estatais...
Publicado no site Papéis Avulsos - Heitor de Paola
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