quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Quanto maior o tombo, mais difícil a retomada



O pessimismo é cada vez maior, simplesmente, porque não temos no horizonte indicadores apontando em outra direção. Há uma piora geral no andamento da economia. A queda da produção industrial, por exemplo, foi muito maior que se previa e bateu direto nas projeções quanto ao tamanho da recessão que vamos encarar. Quanto maior o tombo, mais difícil a retomada. E o governo até em declarações acaba contribuindo pra derrubar mais a confiança.

Olha as cabeçadas que deram e continuam dando na questão do ajuste fiscal. Primeiro veio a proposta orçamentária para o ano que vem, prevendo um déficit de 30 bilhões e meio de reais nas contas públicas. Depois foi toda a polêmica em torno da permanência ou não de Levy à frente do Ministério da Fazenda. Ele ficou e o governo voltou a falar em uma meta de superávit de 0,7% nas contas em 2016. Mas pra isso tem que cortar despesas ou aumentar receita.

Do lado das despesas a presidente Dilma, de início, disse que tudo que tinha pra cortar já tinha sido cortado. Mas agora admite cortes até em programas sociais, como o Minha Casa, Minha Vida. No paralelo, claro, continuam elaborando mais aumento da carga tributária, possivelmente,com elevação da Cide sobre os combustíveis. IPI e IOF. Pra isso basta uma canetada. Não dependem de negociações com o Congresso, embora também não se descarte uma nova alíquota do Imposto de Renda para os mais ricos. Nesse caso, a implementação seria mais difícil. Como consequência disso tudo, tivemos a disparada do dólar, que pode afetar a inflação, assim como os impostos. Se a Cide subir, a inflação deste ano pode chegar a dois dígitos. Por outro lado, impostos mais altos significam mais custos para empresas e consumidores, o que prejudica a atividade, com a economia já em recessão.

O pessimismo não é à toa. Essa confusão toda pode levar ao rebaixamento da nota de avaliação do País, que deixaria tudo mais difícil. Mesmo sem isso, as projeções ainda devem piorar mais, nas próximas semanas, tanto em função de dados concretos da atividade econômica como pela inabilidade do governo ao lidar com questões relevantes, até com a crise política; sem esquecer das denúncias da Lava Jato, que colocam mais lenha na fogueira. A realidade do País está muito ruim e só o governo e seguidores não perceberam que caminhávamos pra isso. Pelo menos, foi o que a presidente Dilma falou, que foi pega de surpresa. Alertas não faltaram. E até a dificuldade de o governo ouvir ou identificar os problemas preocupa.

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