O pessimismo é cada vez maior, simplesmente, porque não
temos no horizonte indicadores apontando em outra direção. Há uma piora geral
no andamento da economia. A queda da produção industrial, por exemplo, foi
muito maior que se previa e bateu direto nas projeções quanto ao tamanho da
recessão que vamos encarar. Quanto maior o tombo, mais difícil a retomada. E o
governo até em declarações acaba contribuindo pra derrubar mais a confiança.
Olha as cabeçadas que deram e continuam dando na questão do
ajuste fiscal. Primeiro veio a proposta orçamentária para o ano que vem,
prevendo um déficit de 30 bilhões e meio de reais nas contas públicas. Depois
foi toda a polêmica em torno da permanência ou não de Levy à frente do
Ministério da Fazenda. Ele ficou e o governo voltou a falar em uma meta de
superávit de 0,7% nas contas em 2016. Mas pra isso tem que cortar despesas ou
aumentar receita.
Do lado das despesas a presidente Dilma, de início, disse
que tudo que tinha pra cortar já tinha sido cortado. Mas agora admite cortes
até em programas sociais, como o Minha Casa, Minha Vida. No paralelo, claro,
continuam elaborando mais aumento da carga tributária, possivelmente,com
elevação da Cide sobre os combustíveis. IPI e IOF. Pra isso basta uma canetada.
Não dependem de negociações com o Congresso, embora também não se descarte uma
nova alíquota do Imposto de Renda para os mais ricos. Nesse caso, a
implementação seria mais difícil. Como consequência disso tudo, tivemos a
disparada do dólar, que pode afetar a inflação, assim como os impostos. Se a
Cide subir, a inflação deste ano pode chegar a dois dígitos. Por outro lado,
impostos mais altos significam mais custos para empresas e consumidores, o que
prejudica a atividade, com a economia já em recessão.
O pessimismo não é à toa. Essa confusão toda pode levar ao
rebaixamento da nota de avaliação do País, que deixaria tudo mais difícil.
Mesmo sem isso, as projeções ainda devem piorar mais, nas próximas semanas,
tanto em função de dados concretos da atividade econômica como pela inabilidade
do governo ao lidar com questões relevantes, até com a crise política; sem
esquecer das denúncias da Lava Jato, que colocam mais lenha na fogueira. A
realidade do País está muito ruim e só o governo e seguidores não perceberam
que caminhávamos pra isso. Pelo menos, foi o que a presidente Dilma falou, que
foi pega de surpresa. Alertas não faltaram. E até a dificuldade de o governo
ouvir ou identificar os problemas preocupa.
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