Por Ucho.Info
O juiz federal
Sergio Moro, responsável na primeira instância pelos processos decorrentes da
Lava-Jato, condenou, no último dia 20 de julho, três ex-executivos da Camargo
Corrêa por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e atuação em organização
criminosa referente a superfaturamento e pagamento de propina para obtenção de
contratos de obras da refinaria no Paraná. Moro também condenou dois delatores
de Gleisi: o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e o doleiro Alberto
Youssef. Ambos terão de devolver R$ 50 milhões aos cofres públicos.
O grosso dos
repasses das empreiteiras da Repar se concentrou nas campanhas de 2008 (Gleisi
disputou a prefeitura de Curitiba e perdeu) e de 2010 (ao Senado). Em 2008,
Gleisi recebeu R$ 1,1 milhão da Camargo Corrêa (R$ 500 mil), OAS (R$ 250 mil),
UTC (R$ 250 mil) e Mendes Junior (R$100 mil). Em 2010, Gleisi recebeu mais 2,8
milhões da Camargo Corrêa (R$ 1 milhão), OAS (R$ 780 mil), UTC (R$ 250 mil),
Coesa (R$ 220 mil), Fujiwara (R$ 300 mil) e IBQ Indústrias Químicas (R$ 250
mil).
Nota-se que os anos
de 2008 e 2010 foram de pico nas obras de ampliação da Repar, suspeitas de
superfaturamento e investigadas pelo TCU. As suspeitas apontam desvios de R$
85,9 milhões desviados das obras e metade desse total, R$ 43 milhões, foram
para engordar os cofres do PT. Na campanha de 2006 (a primeira tentativa ao
Senado), Gleisi recebeu R$ 220 mil de duas empreiteiras: OAS (R$ 100 mil) e UTC
(R$ 100 mil). A UTC repassou mais R$ 900 mil para a campanha de Gleisi em 2014
(derrotada ao governo do Paraná).
Divulgadas em
fevereiro deste ano, as planilhas do ex-gerente da Petrobras, Pedro Barusco,
revelam que pelo menos R$ 85,9 milhões foram desviados de obras da refinaria
Getúlio Vargas no Paraná para pagamento de propina. Metade desse total, R$ 43
milhões, foi entregue ao PT. Os detalhes constam da planilha com 87 contratos
alvos de corrupção entregues à Justiça quando Barusco fechou acordo de delação
premiada.
Os três contratos da
Repar que aparecem na planilha foram fechados entre 2009 e 2010, com os
consórcios Skanska/Engevix, Conpar (Odebrecht, UTC e OAS) e Interpar (Setal,
Mendes Júnior e MPE). Eles somam, em valores globais, R$ 5 bilhões. Organizado,
o ex-gerente alimentava periodicamente a tabela relacionando os contratos
fechados com a estatal, o porcentual que seria desviado, como o dinheiro seria
dividido e o nome dos executivos tratados como “contato” nas empresas.
No caso da Repar, os
três contratos teriam tido o mesmo tipo de divisão. Do total, 1% dos recursos
iria para o ex-diretor Paulo Roberto Costa – que em seguida dividia o dinheiro
entre ele, o doleiro Alberto Youssef e políticos do PP, segundo as
investigações. O outro 1% seria dividido entre o PT. Metade iria para João
Vaccari Neto, tesoureiro do partido, e o restante para a “Casa”, em uma
referência à diretoria de Serviços da Petrobras, comandada por Renato Duque,
que foi indicado ao posto pelo PT, e pelo braço-direito Barusco.
O documento de
Barusco mostra contratos fechados entre 2003 e 2011, compreendendo os dois
governos do ex-presidente Lula e o primeiro ano de mandato de Dilma Rousseff.
Os acordos, no total, representam R$ 47,1 bilhões e US$ 12,9 bilhões.
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