Bem, não sei o nome da pessoa. Mas sei que ela existe e o
que ela quer: no caso, sugeriu à presidente que deixasse correr a ideia de que
o governo planeja recriar a CPMF — e não com alíquota pequena, não: 0,38% sobre
qualquer transação bancária. Desta feita, já escrevi aqui, nem mesmo se
pretexta a necessidade meritória de dar verba para a saúde. É que o governo
está com um rombo no caixa, está fabricando déficit primário e precisa dar um
jeito de tapar o buraco. Então, o tal inimigo íntimo pensou: “Por que a gente
não tunga de novo o contribuinte?”. É espantoso!
Bem, tão logo a notícia começou a circular, os protestos
pipocaram de todo lado. Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, mesmo
na sua condição de neoconvertido, advertiu que será difícil a proposta passar
na Casa. Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que não se converteu, fez advertência
idêntica sobre a Câmara, que ele preside.
A Folha ouviu algumas opiniões. Robson Andrade, da
Confederação Nacional da Indústria, classificou a ideia de “absurda”: “Mais um
imposto para a sociedade pagar, enquanto o caminho ideal seria o governo
promover uma redução de gastos públicos para deixar a economia se recuperar”.
“É um total retrocesso na economia do país. Os gastos do
governo é que devem ser reduzidos e mais bem
administrados, enxugando a máquina pública”, disse Kelly Carvalho,
assessora econômica da Fecomercio-SP (Federação do Comércio do Estado de São
Paulo). Não é diferente a estupefação do presidente da CNS (Confederação
Nacional de Serviços), Luigi Nesse: “É uma loucura criar novo imposto no Brasil
em um momento de crise e fragilidade das empresas”.
Só tubarões?
Já andei nas ruas hoje. A revolta é imensa — e não creio que
seja só em São Paulo, onde, com efeito, o PT não é um partido muito popular.
Cada vez mais, experimenta-se a sensação de um governo contra a sociedade.
Foi tal o desarvoramento que o vice-presidente, Michel
Temer, mesmo fora da coordenação política, tachou a ideia, por enquanto, de
“burburinho”. Neste momento, ele participa de um jantar com empresários na
Fiesp, onde um novo imposto não deve ser, assim, uma ideia muito popular…
Não! Eu não sou inimigo de Dilma porque, reitero, a
inimizade é uma forma de intimidade desde, ao menos, a Ilíada, de Homero. Vejam
lá o confronto entre Heitor e Aquiles. Sou apenas um duro crítico do governo.
Mas não tenho dúvida de que Dilma vive cercada de pessoas que querem vê-la
pelas costas.
CPMF agora? A esta altura do campeonato? Talvez alguém lhe
tenha proposto algo, assim, toscamente maquiavélico: “Presidente, arranque o
couro do povaréu enquanto a senhora está com 7% de popularidade e use o
dinheiro da brasileirada para tentar melhorar a sua reputação”. É um jeito de
ver o mundo.
Eu tendo a achar que o novo imposto esgarçaria a frágil
sustentação que o governo conseguiu junto ao empresariado. Já disse aqui: essa
gente do PT não tem cura porque tem uma natureza.
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