segunda-feira, 13 de julho de 2015

A Esquerda e os Artistas

Por Bruna Luiza

O que Leandra Leal, Emicida, Marieta Severo, Gregório Duvivier, Bruno Gagliasso, Tico Santa Cruz e Pitty têm em comum? Todos eles são celebridades que aparecem na mídia de modo recorrente, mas que acabam chamando mais a atenção por suas opiniões polêmicas do que por suas atividades artísticas. Nenhum destes personagens dedicou seu tempo a estudos sérios e sistemáticos de ciência política, economia, e filosofia. Então, por que se aventuram em comentários de cunho político? E por que têm respaldo de acadêmicos e escritores brasileiros? Para entender o fenômeno dos artistas que posam de autoridades políticas, precisamos entender algumas questões sobre o cenário em que estes artistas estão inseridos

Toda sociedade possui uma elite, que é formadora de opinião. Não falo aqui da elite detentora do poder, como faz Mosca, ou da elite burguesa dona dos meios de produção, como faz Marx. Quero descarregar o termo elite da pesada carga de preconceitos que têm sido a ele incutidos. Não pensemos, então, em elite como classe rica, dominadora, doutrinadora e malvada.

Deixando o maquiavelismo de lado, quero falar de elite dentro da constatação cotidiana de que todo grupo possui líderes naturais. São esses líderes que compõem a elite a que me refiro, e são eles que guiam o povo, são os formadores de opinião. Em uma sociedade sadia, a elite é composta por intelectuais, pessoas que dedicam sua vida aos estudos, buscam incansavelmente a verdade, e trazem conquistas reais para a vida e o conhecimento humanos. Esse conceito pode não fazer muito sentido, no entanto, se tentarmos entendê-lo com base na sociedade brasileira, pois nossa elite se compõe de pseudo-intelectuais, cuja inteligência não é medida pelo conhecimento mas sim através de diplomas, cargos e hierarquias. Há muito perdemos a elite intelectual para o método socioconstrutivista¹, e, dos anos 70 até hoje, uma mudança cultural tremenda se deu naqueles que formam (ou deveriam formar) nossa elite intelectual.

Essa mudança cultural, que gerou a cultura relativista, começou durante o governo militar. Apesar de combater movimentos guerrilheiros, o regime militar não possuía estratégias morais e culturais. Conforme a teoria do General Golbery do Couto e Silva, era preciso deixar alguns pontos como válvula de escape da população, pequenas brechas que foram mantidas para evitar revoltas. A principal brecha foi o ambiente universitário, onde as idéias de Antonio Gramsci, e outros autores da Escola de Frankfurt, foram difundidas sem pudor. Gramsci é adepto do chamado marxismo cultural, e suas idéias são justamente as de relativismo, socioconstrutivismo, revolução cultural, e tomada do poder através da infiltração das instituições.² Foi assim que os intelectuais brasileiros se formaram, desde meados dos anos 70 até hoje: num ambiente universitário que ensina a desconstrução dos valores ocidentais. De modo natural, a massa seguiu a elite, aderindo à metodologia socioconstrutivista de análise da realidade.

É por isso que o atual cenário político brasileiro, contaminado por esse relativismo socioconstrutivista, é palco da destruição dos valores morais e estéticos, e de uma crescente desvalorização do conceito de verdade. Nesse ambiente que não preza pela verdade, utiliza-se como método de aferição da (pseudo) intelectualidade os diplomas, os cargos, dentre outras honrarias vazias.

Temos, então, um breve diagnóstico de nossa realidade: nossa elite intelectual não preza pela verdade, quer desconstruir valores que sempre foram inerentes à cultura brasileira, e valorizam-se diplomas mais do que realizações concretas. Todos somos afetados por essa cultura, e não há como isolar disso a camada da elite intelectual. Este mal pode afetar de modos e em graus diferentes cada indivíduo, mas é inegável que afeta, de alguma maneira, a todos nós.

Mas a população tem certa sabedoria inerente, herdada através dos costumes e do senso comum de seus antepassados. Não se convence com argumentos puristas, relativistas, sem substância. Seja incapacidade de fazer abstrações profundas quando tem coisas mais rasas, e verdadeiras, para se preocupar – como o filho com fome, a falta de segurança, e os 60 mil homicídios por ano – ou por simplesmente não querer se desprender dos pêndulos morais de certo e errado, o povo não adere ao esquerdismo como os pseudo-intelectuais gostariam. É aí que entram os artistas.

Podemos identificar claramente a distinção entre a classe de intelectuais e artistas, numa sociedade normal. A classe de artistas (famosos e celebridades, em geral) é reconhecida por seu trabalho em um campo específico. Um bom cantor, por exemplo, é reconhecido pela sua voz e músicas que interpreta; uma boa atriz é reconhecida por sua atuação, e assim por diante. Os intelectuais, por outro lado, são uma classe separada, composta por pessoas que não se importam necessariamente com a exposição e fama, mas sim com o estudo e produção de conteúdo que analise e diagnostique a sociedade, para ajudá-la a lidar com seus problemas sociais, políticos, econômicos, e etc. As coisas são assim num país onde há ordem e uma cultura mínima: o artista não tenta se passar por teórico, e o intelectual não almeja a fama.

Um verdadeiro intelectual, portanto, antes de pensar na beleza puramente estética de seu livro, preocupar-se-á com o conteúdo e idéias nele contidos. O intelectual pode desejar reconhecimento da relevância de seu trabalho por seus pares³, mas nisso temos a fama como meio de difusão da teoria, e não como fim do trabalho em si mesmo. Assim, o intelectual quer ser referência em sua área de estudo através da produção de impactos positivos nos indivíduos que tiverem interesse naquele campo.

Mas onde não há verdadeiros intelectuais, onde cultuam-se diplomas em vez da inteligência, não há referências que sirvam de real exemplo à população. O intelectual de verdade cativa, pois tem ao seu lado a verdade. Ele inspira, e faz com que desejemos alcançar seu conhecimento. E, acima de tudo, ele não está desconectado à realidade e entende que a experiência da humanidade e o legado que recebeu da multidão de sábios que o precederam valem mais do que suas idéias e ideais abstratos. Ele, em suma, respeita a experiência humana. Numa sociedade onde tal exemplo não existe, cria-se um vácuo. Como não há pessoas que trazem aspirações de busca da intelectualidade sadia e do conhecimento, o vácuo é ocupado por quem aparece, por quem se expõe, por quem diz ter as respostas. E é aí que entram os artistas.

Os pseudo-intelectuais brasileiros não conseguem convencer a população, pois sequer acreditam em verdade. Então usam artistas, que não possuem preparo nem arcabouço para opinar em questões político-sociais, mas que de certo modo trazem familiaridade e carisma às idéias que apresentam. É por isso que vemos cotidianamente figuras como Leandra Leal defendendo traficantes, Emicida defendendo ódio racial, Gregório Duvivier criticando a religião, e assim por diante. Tais artistas fogem do que lhes compete, para não simplesmente opinar sobre política, mas para formar opiniões, mesmo sem preparo algum para isso. Recebem respaldo da academia, recebem dinheiro do governo graças à Lei Rouanet, e promovem um relativismo doente, que mina as bases de nossa sociedade.

“No Brasil temos um número assombroso de pessoas que trabalham em atividades culturais, escritores, professores, artistas, em geral subvencionados pelo governo, mas que nem de longe pensam em cumprir as obrigações elementares da vida intelectual; tudo o que fazem é apoiar-se uns aos outros num discurso coletivo, reafirmar as mesmas crenças de origem puramente egoísta e subjetivista, expressar desejos e preconceitos coletivos e pessoais, promover a moda. Essas pessoas vivem reclamando de que neste país há poucas verbas para a cultura. Mas, para fazer isso que elas chamam de cultura, já recebem muito mais dinheiro do que merecem.” Olavo de Carvalho

Todos temos direito de opinar livremente sobre o assunto que bem entendermos, mas artistas devem ter bom senso e responsabilidade para reconhecer que sua exposição deve ser utilizada para promover aquilo em que de fato têm conhecimentos suficientes para formar opinião (artes, música, teatro, etc.), e não para doutrinar a população.

Para ilustrar, confira abaixo cinco exemplos de situações em que artistas falaram do que não sabem, e fizeram muito, muito feio.

1. Leandra Leal e os “pequenos varejistas da droga”
Durante a votação da redução da maioridade para quem comete crimes hediondos, a atriz Leandra Leal chamou Eduardo Cunha de ditador e golpista. A atriz alertou sobre o fato de que crime hediondo incluiria os “pequenos varejistas da droga” — também conhecidos como traficantes — que, na opinião de Leandra, não devem ser presos. Ela também fez apelos de que o STF anulasse a decisão da Câmara. Será que Leandra sequer leu nossa Constituição e o o regimento interno da câmara dos deputados antes de pedir a anulação ao STF?
 
2. Emicida socializa os sonhos, mas não as roupas de sua grife
O rapper Emicida tem feito vários comentários polêmicos, e lançou recentemente um clipe com clara alusão ao ódio racial, onde brancos são representados como ricos, opressores e ruins. Mas apesar do discurso socialista, Emicida possui uma grife, localizada em bairro nobre, e com preços nada acessíveis.
emicida 
3. Marieta Severo está otimista
Marieta Severo foi questionada por Faustão no programa do dia 28 de junho sobre a situação política e social do Brasil. Faustão falou em “país da desesperança”, e Marieta retrucou dizendo: “eu sou, sempre, otimista. Não acho que nós sejamos o país da desesperança, não. Eu acho que o país caminhou muito nesses últimos anos. Nós estamos em uma crise, sim, temos que ter uma atenção muito grande para sair dela.” Mas logo depois foram descobertos milhões de motivos para a atriz estar otimista nos patrocínios que o governo dá à sua peça.
 
4. Gregório Duvivier, teólogo e articulador político
Não bastasse a atuação e roteiro vergonhosos de Duvivier no canal Porta dos Fundos, com histórias que distorcem o cristianismo, ou simplesmente ofendem cristãos, na última eleição Duvivier resolveu atacar de articulador político. É comum ver artistas se posicionando em período de eleição, fazendo campanha para seus candidatos, mas Duvivier não se contentou em fazer campanha. O ator participou de eventos e chegou a publicar poeminhas na Folha de São Paulo para promover sua candidata.
 
5. Bruno Gagliasso chora por causa de baixa audiência de Babilônia
Ao receber o prêmio Contigo! pela atuação na minissérie Dupla Identidade, Bruno Gagliasso reclamou da baixa audiência de Babilônia e chorou dizendo que era ator para mudar e transformar a realidade. Por fim, Bruno  ameaçou deixar de atuar por causa da péssima receptividade do público à trama que envolve prostituição e homossexualismo. “Quero continuar tendo orgulho do que eu faço, senão vou parar de fazer”, disse o ator.
Bruno Gagliasso chora durante premiação no Hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro

Fonte: Reaçonaria

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¹ Para entender melhor, leia: 
http://www.olavodecarvalho.org/semana/121030dc.html
² Para entender melhor, leia: 
http://garotasdireitas.blogspot.com.br/2013/07/marxismo-cultural-raiz-do-problema-da.html
³ É importante aqui assinalar que os pares devem estar igualmente engajados na busca pela verdade, na construção do conhecimento, e não em superficialidades frívolas expressas em títulos. No Brasil não há classe intelectual per se, e os acadêmicos (que emulam o papel de tal classe) têm, na verdade, muita inveja e desprezo pelo par que produz algo de significante. Desse modo, o ambiente acadêmico brasileiro não estimula a intelectualidade, antes reprova a ampliação do raio de alcance das teorias que não correspondam aos diversos tons de esquerdismo já conhecidos e firmados.


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