Gosto muito do
socialismo…
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— Manu, soube que
você defende o aborto em qualquer mês de gravidez. Qual o seu argumento?
— Liberdade de
escolha. O corpo é da mulher e ela faz com ele o que bem entender.
— Mas e o feto, não
teria direito algum, mesmo em estágio avançado de desenvolvimento?
— Não, pois o corpo
é da mulher, sua propriedade.
— Mas você não andou
aplaudindo medidas de confisco dos mais ricos pelo governo, em nome da
igualdade? Como fica a questão da propriedade nesse caso?
— Precisamos
combater a ganância materialista e pregar a igualdade de todos.
— E você pretende
combater o materialismo focando somente na conta bancária da pessoa? Não acha
que há mais do que dinheiro no mundo?
— Luto pela justiça
social, e quero socializar as riquezas.
— Você fala como se
riqueza fosse algo fixo, um bolo que precisa ser apenas melhor dividido, e não
criado. Se é assim, por que não começa distribuindo a sua própria riqueza, já
que você é parte da elite?
— Aceita uma dose de
Blue Label?
— Não, obrigado.
Quer dizer que você acha mesmo Cuba um bom exemplo a ser seguido? Mas por que
prefere sempre ir para Paris ou Nova York nas férias?
— Cuba seria um
paraíso se não fosse o embargo americano…
— Então você acha
que se os cubanos fossem “explorados” pelos consumistas ianques, segundo sua
própria lógica, eles teriam uma vida melhor?
— Mais lagosta?
— Manu, você é
contra a redução da maioridade penal mesmo? Não está cansada da impunidade,
dessa criminalidade toda?
— O pobre mata por
desespero, ele é uma vítima da sociedade. Somos todos culpados.
— Mas eu não matei
ninguém. E conheço muito pobre honesto e trabalhador. E há criminosos nas
classes média e até alta também. Vide Brasília.
— Esse crepe de
caviar está uma delícia! É daquela chef renomada, você precisa experimentar.
— Obrigado. Voltemos
ao assunto da maioridade. Então qual solução você propõe?
— Mais educação!
— Esse modelo falido
que serve apenas de doutrinação ideológica marxista? Acho que não está
funcionando muito bem…
— Falta verba pro
Estado.
— Mas o Brasil gasta
em ensino público o mesmo que os países ricos em termos proporcionais. No
entanto, veja nosso ranking nos testes internacionais, uma vergonha! Nossos
alunos acham que o capitalismo não presta e amam o socialismo, mas não sabem
ler direito e nem fazer contas.
— Paulo Freire
sempre nos disse que precisamos educar para a vida de forma crítica, e não
aceitar esse regime opressor da elite que produz apenas trabalhadores para o
mercado.
— Creio que o tiro
saiu pela culatra. Mas diga, o galalau que enfia a faca num inocente por uma
bicicleta, ele é mesmo uma criança indefesa que precisa apenas de mais
“educação paulofreireana”?
— Ele é uma pobre
criatura que precisa de uma nova chance para recomeçar. Estamos falando de
crianças de apenas 16 ou 17 anos!
— Mas você não
defende o direito ao voto dessa faixa etária? Quer dizer que são pobres
crianças na hora que matam, mas jovens responsáveis para escolher o governante?
— Mais champanhe? É
de boa safra.
— Vem cá, o que está
achando do estelionato eleitoral da Dilma? Disse que não ia fazer nada do que
está fazendo. Subiu juros, aumentou preços, impostos…
— Culpa do
neoliberalismo. Aumento de juros, por exemplo, é pura pressão do capital
financeiro.
— Mas a inflação
está acima de 8%! O que fazer?
— Quer um cigarro de
maconha?
— Não. Você defende
a legalização das drogas, né?
— Claro. Liberdade
de escolha.
— Mas não defendeu
outro dia medidas cada vez mais restritas ao cigarro e até ao sal?
— O Estado tem que
cuidar da saúde das pessoas como um pai cuida do filho.
— Não sou filho de
Dilma, e acho que há uma clara incoerência aí…
— Você é sempre
muito racional. O importante é “sentir”, sacou?
— Saquei. Mas eu
“sinto” que você defende coisas muito contraditórias. Diz pra mim um só país
socialista que deu certo!
— Vale a Suécia?
— Não. A Suécia
faria uma esquerdista como você pular da cadeira e sair gritando revoltada
contra o capitalismo. Não há nem salário-mínimo, e existe uma ampla abertura
comercial e império das leis. O Estado de bem-estar social, que aqui é pregado
pelo PSDB que você chama de “neoliberal”, jogou o país em crise, e reformas
liberais foram necessárias para evitar o pior. Tenta outro.
— O importante é não
abandonar as utopias, os sonhos…
— Mesmo um “sonho”
que virou o pesadelo de milhões de pessoas, como o socialismo, trazendo apenas
miséria, escravidão e morte?
— Você é muito
radical.
— Eu? Não Fidel
Castro ou Maduro, ou então o PT, mas eu que sou o radical?
— Só não te ofereço
uma coxinha porque não gosto de comida de pobre...
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