Por Eguinaldo Hélio Souza
Vários são os motivos que nos levam a afirmar que o
Manifesto Comunista foi o pior livro produzido pela civilização ocidental. Se
os editores fossem sensatos colocariam uma advertência na capa:
“Cuidado, as
ideias deste livro já fizeram muito mal ao mundo”. Se os professores fossem
razoáveis ensinariam sobre os efeitos desse livro na história. Se os governos
fossem sábios o deixariam ao lado do Mein Kampf de Hitler como sendo de igual
ou maior periculosidade.
Basta ver o tipo de Estado nele proposto. Sim, a utopia
comunista prevê o fim do Estado. Antes, porém, tem que surgir o Estado monstro
que a tudo domina e determina. Todas as coisas precisam ser por ele controladas
e conduzidas até que o Novo Mundo paradisíaco surja, como se a serpente fosse a
responsável pela entrada no Paraíso e não pela expulsão dele.
Se nos países socialistas como URSS ou China o Estado matou,
torturou, prendeu e perseguiu milhões, isso se deu porque exatamente esse era o
plano. O Estado monstro é a única coisa que pode surgir do Manifesto Comunista.
O proletariado utilizará sua supremacia política para
arrancar pouco a pouco todo capital à burguesia, para centralizar todos os
instrumentos de produção nas mãos do Estado.
Todavia, nos países mais adiantados, as seguintes medidas
poderão geralmente ser postas: Expropriação da propriedade latifundiária e
emprego da renda da terra em proveito do Estado; Imposto fortemente
progressivo; Abolição do direito de herança; Confiscação da propriedade de
todos os emigrados e dos contrarrevolucionários. (Isto é, quem não concordasse
com as ideias de Marx); Centralização do crédito nas mãos do Estado por meio de
um banco nacional com capital do Estado e com o monopólio exclusivo;
Centralização, nas mãos do Estado, de todos os meios de comunicação e
transporte. Adequação do sistema educativo ao processo de produção material
(isto é, doutrinação comunista e anti-tudo o que não for marxista), etc [grifos
e acréscimos entre parêntesis meu][1]
Produção, crédito, terras, comunicação, transporte e
educação – tudo nas onipotentes mãos do Estado. Eis a receita do Manifesto para
criar o paraíso. “Dai-nos o controle absoluto e nós lhe daremos uma sociedade
perfeita”. Eis o discurso proposto pela dupla Marx e Engels. Eis a receita para
o inferno na terra. No fundo não se trata de um divórcio entre teoria e
prática. Trata-se na verdade de um casamento perfeito entre teoria e prática. O
Manifesto chocou o monstro e seus seguidores o trouxeram a luz.
Claro que os discursos socialistas serão uma combinação
perfeita de utopia e poesia. Sua prática, todavia, produzirá conforme seu DNA:
um Estado monstruoso que usará de todos os meios para impor sua vontade.
Minhas palavras a você, seu animal sedento de sangue. (…)
Você disse: “Abaixo as prisões, abaixo o fuzilamento, abaixo o serviço militar.
Que os trabalhadores assalariados também
tenham segurança”. Resumindo, você prometeu montanhas de ouro e uma terra
paradisíaca. (…) Então você, seu sanguessuga, veio e tirou a liberdade das mãos
do povo. Em vez de transformar prisões em escolas, elas estão cheias de vítimas
inocentes. Em vez de proibir os fuzilamentos, você organizou um terror, e milhares
de pessoas são fuziladas cruelmente todos os dias; você paralisou a indústria,
e os trabalhadores agora estão famintos, o povo não tem o que vestir ou calçar.
(Carta de um soldado do Exército Vermelho a Lenin, 25 de dezembro de 1918)[2]
O erro do soldado é o mesmo erro cometido
por todos os que acreditaram nas propostas comunistas/socialistas sintetizadas
no Manifesto: Crer que frutos doces nasceriam de plantas venenosas.
A própria de ideia de “ditadura do proletariado” não passa
de engodo. Os proletários foram ao longo do tempo se beneficiando do
capitalismo. Não são eles que fazem a guerra e sim aqueles que dizem falar em
seu nome. “Não é o proletariado que faz guerra ao capitalismo. É a seita
ideológica que fala e age em seu nome”[3].
Essa foi a realidade da primeira revolução socialista que
deu certo e de todas as demais desde então. Isso nunca mudará. O Estado monstro
é o único resultado possível da política socialista.
“A democracia socialista não é incompatível com a
administração por uma só pessoa ou com a ditadura. Um ditador pode às vezes
expressar a vontade de uma classe, já que às vezes ele sozinho é capaz de
realizar mais coisas e é, portanto, mais
necessário” (Discurso de Lênin para o Comitê Central)[4]
Pelo menos
Hitler foi mais sincero, quando em seu livro defendeu que “o forte é mais forte
sozinho”. Exerceu seu poder absoluto em seu próprio nome, enquanto o socialismo
insiste em falar em nome de uma classe que em sua maioria o desaprova e que o
desaprovaria na totalidade se pudesse antever o futuro que se avizinha.
Alguém pode defender o marxismo e a democracia ao mesmo
tempo. Todavia, será apenas mais um quadrado redondo defendido pelos iludidos.
“Há, efetivamente, os que se iludem com a ditadura do
proletariado, com o governo direto das massas, com a abolição da hierarquia nas
funções de governo, esquecidos de que – escreveu Queiroz Lima na Sociologia
Jurídica – tudo isso não passará de aberração revolucionária, forçosamente
transitória, própria para mascarar o efetivo predomínio de um grupo, de um
partido, de um chefe” [Grifo meu][5]
Está lá no
Manifesto Comunista. Basta ler.
Publicado no site Gospel Prime
_______________________
[1] MARX, K. e
ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1996, pp. 35, 45
[2] SMITH, S. A. Revolução
Russa. Porto Alegre: L&PM, 2013, p. 76
[3] BESANÇON, Alain. A infelicidade do século. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 2000, p. 53
[4] SMITH, S. A. Revolução
Russa. Porto Alegre: L&PM, 2013, p. 85
[5] MENEZES, Geraldo Bezerra. O comunismo – Crítica
Doutrinária. São Paulo: IBRASA; Rio de Janeiro: MEC, 1978, p. 156
Eguinaldo Hélio Souza é pastor, jornalista, professor de
teologia e história no Vale da Bênção. Palestrante nas áreas de apologética,
seitas, escatologia, Israel e vida matrimonial. Colaborador da Bíblia
Apologética de Estudos. Articulista das revistas Povos e Apologética Cristã.
Criador do curso de Apologética Aplicada pela FAETESF e locutor da rádio Saber
& Fé. Autor dos livros “Lições de Amor” e “Novas Lições de Amor” (casais), “Israel
Povo Escolhido”, “Visitação de Deus” e “Quem é o Perdido?”
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