Moro ainda pediu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
informações sobre doações eleitorais suspeitas e decretou a quebra de sigilo
bancário de empresas utilizadas no esquema criminoso. As empresas de
propriedade do empresário Adir Assad, Power ToTen Engenharia e Rock Star
Marketing, também estão na lista.
De acordo com o Ministério Público Federal, Renato Duque,
Pedro Barusco e Paulo Roberto Costa foram beneficiados com pagamentos de
propina. João Vaccari recebeu propinas na forma de doações eleitorais
registradas. Alberto Youssef, Julio Camargo, Mario Góes e Adir Assad
intermediavam o pagamento de dinheiro sujo e lavavam os recursos, enquanto os
empreiteiros, como os da Mendes Junior e da OAS, participaram ativamente do
esquema de fraude em contratos e distribuição de dinheiro a agentes públicos.
Na última semana, o MP apresentou denúncia contra 27 pessoas
por considerar haver indícios de participação delas no desvio de recursos e no
pagamento de propina envolvendo quatro projetos da Petrobras: os gasodutos
Urucu-Coari e Pilar-Ipojuca e as refinarias de Araucária (PR) e Paulínia (SP).
Um exemplo é o caso da refinaria de Paulínia, onde em 2007 o
“clube do bilhão” fraudou a licitação simulando uma concorrência entre o
Consórcio CMMS, a UTC Engenharia e a Andrade Gutierrez. Outro é o da refinaria
Presidente Getúlio Vargas (Repar), no município de Araucária, no qual o
Ministério Público aponta que houve o pagamento de propina em espécie e em
contas no exterior para a Diretoria de Serviços, à época comandada por Renato
Duque. Segundo a acusação, parte do dinheiro sujo foi parar nas mãos do tesoureiro
nacional do PT por meio de doações registradas perante a Justiça Eleitoral.
Ainda segundo as investigações da Lava-Jato, Vaccari Neto
intermediou doações de R$ 4,2 milhões de empresas investigadas que, de fato,
eram oriundos do propinoduto da Petrobras. No total foram 24 repasses de
empreiteiras, em dezoito meses, no período de 2008 a 2010. “Mais recentemente,
20.568.654,12 euros foram bloqueados em contas secretas mantidas por Renato
Duque no Principado de Mônaco. Embora os valores ainda não tenham sido repatriados,
nem tenha sido identificada a localização do restante do dinheiro de Renato
Duque no exterior, a parcela bloqueada conta com prova documental nos autos,
inclusive o apontamento de Renato Duque é o controlador das contas”, afirma o
juiz em sua decisão.
“Também há prova documental do repasse de parte da propina,
4,26 milhões de reais em doações eleitorais registradas ao Partido dos
Trabalhadores, o que teria sido feito por solicitação de Renato Duque e de João
Vaccari”, completa o magistrado.
Para Sérgio Moro, há indícios de que Vaccari participava
ativamente do esquema criminoso. “As afirmações do MP no sentido de que João
Vaccari tinha conhecimento do esquema criminoso e dele participava têm amparo
pelo menos nas declarações diretas de Pedro Barusco e de outro acusado em
processo conexo, Eduardo Hermelino Leite, dirigente da Camargo Correa, o que é
suficiente, aliado à prova documental das doações eleitorais, para o
recebimento da denúncia”, relatou o juiz em sua decisão.
João Vaccari Neto foi citado nos depoimentos do doleiro
Alberto Youssef, de Paulo Roberto Costa e de Pedro Barusco. Os três mencionaram
o tesoureiro petista como responsável por receber propina em nome do Partido
dos Trabalhadores. Barusco, inclusive, afirmou que o petista recebeu
aproximadamente US$ 50 milhões, desviados entre 2003 e 2013, e que o valor
desviado para o PT, também com a participação do tesoureiro, chegou a US$ 200
milhões. Coube a Barusco decifrar para os investigadores o significado da
palavra “Moch” (corruptela de mochila), que aparecia nas planilhas detalhando a
divisão do dinheiro. (Por Danielle Cabral Távora)
Publicado originalmente no site UCHO.Info
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