Por Gen Bda Paulo Chagas
Caros amigos

O Brasil, no melancólico momento que vivemos, carente de
razões que estimulem o amor próprio de seu povo e, mais ainda, de lideranças
capazes de conduzir a vontade nacional a um esforço conjunto de recuperação,
está vulnerável às ameaças que, permanentemente, pairam sobre suas aspirações.
Os poderes da República estão desmoralizados. Ministros e
fiscais da lei juntam-se a infratores para adaptar a lei às práticas
delituosas, de forma a legitimar o ilegítimo e a privilegiar o interesse de
grupos, partidos políticos, pessoas e empresas, em detrimento do interesse
nacional.
Um País sem estadistas, corrompido, vítima de si mesmo,
ainda que contando com Forças Armadas profissionais, preparadas e equipadas
será sempre vulnerável à ação da vontade de seus adversários.
A capacidade de mobilização das lideranças brasileiras,
instrumentalizada pela demagogia própria dos falsários, se tem direcionado,
basicamente, a questões de cunho ideológico que visam não mais que a sua
perpetuação no poder e a dilapidação do patrimônio público.
O Brasil está degradado e pervertido pela corrupção que, a
partir dos governantes, contamina o tecido social e enfraquece o
comprometimento da sociedade com os valores que deveriam ser os alicerces de
sua fortaleza física e moral.
O Exército Brasileiro, desviado de sua função principal,
empenha-se para obter os meios que necessita para responder à sua
imprescindibilidade perante a Nação. Para tanto tem se submetido à aceitação de
missões que fogem ao enquadramento legal de seu emprego, pondo em risco a
credibilidade e o prestígio que o colocam à testa da confiança da sociedade.
A estratégia indireta de atender a uma necessidade
secundária, visando a suprir, pelo menos em parte, o necessário para a
principal, isto é, a busca de materiais e sistemas de emprego dual (policial e
bélico) para uso em operações complementares à segurança pública, na prevenção
de crimes transnacionais em áreas de fronteira e na garantia de segurança à
realização de grandes eventos, esportivos ou não, está a transformar a Força em
uma colcha de retalhos, sem qualquer garantia de correção, de continuidade ou
de retorno à prioridade da atividade fim.
O emprego do Exército em operações policiais, fora das
condições legais, exaustivamente estudadas e estabelecidas pela Constituição
Federal, potencializa o inevitável desgaste da Força, o que, por seu lado, traz
consigo o aumento das possibilidades de falhas humanas, com reflexos negativos
para a imperiosa obrigação de manter a instituição como líder da confiança
nacional.
Cabe ao Estado o dever e os decorrentes encargos de sua
própria defesa. Equipar devidamente as FFAA faz parte desse dever e não pode
ser encarado como favor ou agrado e, muito menos, ser cumprido sob a forma de
escambo, trocando equipamentos pela prestação de serviços complementares!
“A maiori, ad minus” – “quem pode o mais, pode o menos” -,
as FFAA preparadas e equipadas para a guerra, são capazes de cumprir quaisquer
missões; a recíproca, no entanto, não é verdadeira!
Apesar do comprometimento, do empenho, da honestidade e da
competência dos seus quadros militares e da indignação de uma parcela cada vez
maior da sociedade, a segurança e a defesa do Brasil, graças à falsidade, à
incompetência e à má fé de seus governantes estão vulnerabilizadas por fraqueza
física e, principalmente, por fraqueza moral!
Publicado originalmente em Atualidades - Gen Paulo Chagas
Nenhum comentário:
Postar um comentário