terça-feira, 15 de setembro de 2015

Pacote de ajuste é pesado, e devia vir antes

Por Denise Campos de Toledo


Matematicamente as contas podem até fechar. O governo está cortando o que pode e buscando arrecadação onde quer. Está jogando para a sociedade e os parlamentares boa parte da responsabilidade na implementação do ajuste. Vai sobrar pra todo mundo.

Talvez fossem medidas melhor aceitas se tivessem sido apresentadas logo no início do governo, antes do desgaste político, da queda de popularidade, do agravamento da crise econômica. Hoje o custo disso tudo será muito maior, para a população, as empresas, a atividade econômica e, também, do lado político.

Será que o Congresso está disposto a endossar as medidas que dependem dele? Parlamentares vão redirecionar emendas? Qual será a reação do funcionalismo? dos políticos? dos empresários? dos movimentos sociais?.

Todo mundo vai ser atingido. Vão ser cortados gastos até em áreas prioritárias, carentes, como saúde; programas que o governo garantiu que eram intocaveis, como o Minha Casa Minha Vida. Custos vão subir, estímulos serão cortados para exportadores, para quem investe em inovação.

A atividade econômica pode sair ainda mais prejudicada, sendo que o País, na projeção do mercado já deve ter, neste ano, uma retração de mais de 2,5% do PIB. O governo ainda quer a volta da CPMF. Um imposto que pesa proporcionalmente mais pra quem ganha menos, incide várias vezes na produção, interfere nos custos, na inflação. Mas é fácil de arrecadar e dá a impressão que não pesa tanto. Só que já foi pra lá de criticada quando a idéia foi lançada algumas semanas atrás.

O mercado reagiu bem. O dólar caiu e a bolsa subiu, mas antes da divulgação do pacote integral de ajuste. A preocupação mais imediata é com o risco de novos rebaixamentos da nota de avaliação do País, o que poderia ter repercussão pior para a economia.

Mas o pacote é pesado "Se" for implementado da forma prevista pode jogar o País em uma recessão ainda mais profunda, com queda maior dos investimentos, mais dificuldade pra melhoria da competitividade e, possivelmente, mais desemprego.

Fica a dúvida. Porque o governo não fez tudo isso preventivamente, antes de mergulharmos numa das piores crises da história, antes do rebaixamento. É mais uma culpa que terá de carregar. Sendo que ainda vamos conferir qual será a condição política, no sentido mais amplo, da implementação disso tudo.

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