Por Percival Puggina
Foi Olavo de Carvalho quem primeiro denunciou
a existência e os objetivos do Foro de São Paulo. Ele chamava a atenção para o
que estava em curso e a imensa maioria dos comentaristas o acusava de ser
porta-voz de uma teoria da conspiração. O FSP era visto como tema para ser
balbuciado a portas fechadas e enfrentado em divã de psiquiatra. Jamais como
objeto de interesse do jornalismo bem-informado. Enquanto isso, o Foro, criado
em 1990, existia e se expandia. Deliberava e suas metas iam sendo atingidas.
Mesmo quando se
reunia no Brasil, ele permanecia como tema sigiloso, até que o próprio Lula,
então presidente, em discurso proferido no encontro de 2005, recolheu a
cortina: "Foi assim que nós pudemos atuar junto a outros países com os
nossos companheiros do movimento social, dos partidos daqueles países, do
movimento sindical, sempre utilizando a relação construída no Foro de São Paulo
para que pudéssemos conversar sem que parecesse e sem que as pessoas
entendessem qualquer interferência política. Foi assim que surgiu a nossa
convicção de que era preciso fazer com que a integração da América Latina
deixasse de ser um discurso feito por todos aqueles que, em algum momento, se
candidataram a alguma coisa, para se tornar uma política concreta e real de
ação dos governantes. Foi assim que nós assistimos a evolução política no nosso
continente".
Hoje, os partidos do
FSP governam 12 países da região e são a principal oposição em outros quatro. A
partir dele se entende que o Brasil ande de cambulhada numa geopolítica
exclusivamente petista, como as decorrentes da concepção de "Pátria
Grande" (defendida por Lula quando se reúne com os seus). Também a partir
do Foro, se explicam: a) o oneroso apoio brasileiro aos países do grupo; b) o
nosso envolvimento com encrencas e dificuldades do Paraguai, Honduras,
Venezuela, Cuba, Bolívia, El Salvador; c) os conciliábulos da Unasul e a
criação da Escola Sul-Americana de Defesa; d) as incursões das FARC em
território brasileiro; e) o desdém de Dilma aos presos políticos de Cuba e
Venezuela; e f) a contrastante conduta do nosso governo durante as duas visitas
de senadores brasileiros em recentes viagens a Caracas.
Quem conhece a
história do FSP, nascido no rescaldo do fim da URSS, sabe que a entidade é uma
espécie de "Comunistas sem fronteiras", ao qual a nação está sendo
entregue, empacotada como presente à tal Pátria Grande. É intolerável que as
afinidades e estratégias políticas de um único partido, conectado com os
interesses de organizações comunistas internacionais, determinem nossa política
externa e não passem pelo crivo das instituições da República.
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