Por Ucho.Info
Os dois delatores
serão confrontados sobre doações para as campanhas de Dilma Rousseff (PT) e
Roseana Sarney (PMDB-MA) em 2010. Há diferenças no depoimento de Paulo Roberto
Costa ao qual Youssef diz desconhecer a operação. No entanto, em relação ao
repasse de R$ 1 milhão para a campanha Gleisi em 2010 não há qualquer tipo de
discordância.
Em depoimento na
CPI da Petrobras, no dia 11 de maio, em Curitiba, o doleiro confirmou ter
repassado R$ 1 milhão para a campanha de Gleisi ao Senado, em 2010. Youssef disse
que fez o repasse do dinheiro a pedido de Costa. “O doutor Paulo Roberto Costa
disse que Paulo Bernardo pediu R$ 1 milhão para a campanha de Gleisi. Me deu um
número de telefone para repassar o dinheiro”, disse Youssef. Costa confirmou a
versão de Youssef.
Gleisi Hoffmann já
é investigada no Supremo Tribunal Federal (STF) por crime de corrupção passiva
qualificada. A petista foi denunciada por receber dinheiro desviado da
Petrobras, conforme apurou a Polícia Federal nas investigações da Operação
Lava-Jato. O nome de Gleisi surgiu nas delações de Youssef e Paulo Roberto
Costa, aprovadas pela Justiça Federal.
O dinheiro recebido
por Gleisi, conforme aponta o doleiro, não consta da prestação de contas da
petista na Justiça Eleitoral. O eventual crime praticado pela senadora
paranaense, segundo o Ministério Público Federal, é tipificado no artigo 137 do
Código Penal e prevê pena de reclusão de dois a 12 anos, além de multa. De
acordo com o MPF, Gleisi faz parte do “núcleo político” da “organização
criminosa complexa” que desviou dinheiro da estatal brasileira.
Sobre as campanhas
de Dilma e Roseana Sarney, a principal divergência entre os dois refere-se ao
envolvimento dos ex-ministros Antonio Palocci Filho (PT-SP) e Edison Lobão
(PMDB-MA). Enquanto Costa diz que, em 2010, mandou Youssef entregar R$ 2
milhões a Palocci para a campanha de Dilma e outros R$ 2 milhões para Roseana,
a pedido do senador Lobão, o doleiro Youssef nega que tenha repassado o
dinheiro tanto para Palocci quanto para Roseana.
A necessidade da
acareação surgiu quando o jornal “O Estado de S. Paulo” divulgou, no último dia
27, um vídeo em que o doleiro Youssef aparece falando com procuradores e com o
advogado Luis Gustavo Flores, que o representa. No vídeo, Youssef se mostra
interessado em confrontar sua versão dada na delação premiada com a de Paulo
Roberto Costa. Dirigindo-se a um procurador, o doleiro pergunta: “Não quer ver
aquelas discrepâncias com aqueles depoimentos do Paulo Roberto?”
O procurador
discutia a suposta doação de R$ 2 milhões pedida por Antonio Palocci para a
campanha de Dilma em 2010. Youssef garantiu que Palocci nunca o procurou para
pedir o dinheiro, enquanto que Paulo Roberto Costa garantiu em seu depoimento
que mandou Youssef repassar R$ 2 milhões para Palocci destinar à campanha de
Dilma. “Eu acho que o Paulo se equivocou e se os doutores acharem necessário a
gente ter uma conversa juntos, estou à disposição”, diz Youssef no vídeo.
Nesse ponto, um
procurador ainda não identificado diz: “Esse é o tipo de coisa que quanto mais
mexe, pior fica”. Outra pessoa diz: “É a teoria da bosta seca. Mexeu, fedeu”.
Quem teria dito a frase foi o advogado de Youssef, Luis Gustavo Flores.
O chefe do
escritório de Flores, Antonio Figueiredo Basto, acha desnecessária a acareação.
“Não vamos comentar mais esse assunto. Está marcada a acareação e vamos
fazê-la. Mas acho desnecessário. Está mais do que comprovado que tanto o Paulo
Roberto Costa quanto o Alberto Youssef deram elementos de provas sobre o
esquema de corrupção na Petrobras, inclusive com documentos. Não foi feita uma
colaboração só com base em depoimentos. Agora, contradições sempre acontecerão.
E isso até confirma que não houve nenhuma armação entre os dois para prejudicar
ou favorecer quem quer que seja”, disse Figueiredo Basto.
Quanto ao fato de
Costa ter dito que mandou Youssef dar R$ 2 milhões para Roseana Sarney em 2010,
a pedido do senador Edison Lobão, o Youssef diz que é provável que o ex-diretor
da Petrobras pode tê-lo confundido com outro doleiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário