O Exterminador do
Plural recomendou muita paciência com Dilma e nenhuma com a elite golpista,
confirmou que os ricos ficaram mais ricos graças a ele, avisou que é bom de
briga, prometeu sair da clandestinidade para dedicar-se a uma temporada
nacional de comícios, declarou-se vítima de “insinuações”, insinuou que mandou
o BNDES ajudar irregularmente empresas de comunicações e declarou-se em estado
de beligerância contra a imprensa independente.
“Essas revistas
brasileiras são um lixo e não valem nada”, berrou no meio do chilique o único
presidente da República que não sabe escrever, nunca leu um livro e tem azia
quando os olhos colidem com um punhado de vogais e consoantes. “Eu queria dizer
que peguem todos os jornalistas da VEJA e da Época e enfiem um dentro do outro
que não dá 10% da minha honestidade neste país”, repetiu o valentão que foge de
entrevistadores sem medo desde a descoberta da chanchada político-policial que
protagonizou em parceria com Rose Noronha.
Acossado pelo
pântano do Petrolão, investigado pelo Ministério Público Federal por tráfico de
influência internacional, sitiado pela suspeita de ter ajudado a Odebrecht a
embolsar contratos bilionários, Lula escorregou na gabolice — e o que seria
apenas uma sugestão boçal desandou numa constrangedora confissão de culpa. Além
dos simplesmente honestos e desonestos, o maior dos governantes desde Tomé de
Souza descobriu a existência dos meio honestos, dos quase desonestos e dos
classificados por índices (sem margem de erro). Sobretudo, o camelô de
empreiteira também deixou claro que, seja qual for o assunto de que está
tratando, não para de pensar nos 10%.
“Minha honestidade
neste país”, relativizam as quatro palavras que encerram e ampliam o ato falho.
Se a carteirinha de cumpridor da lei só tem validade em território nacional,
Lula não tem motivos para levá-la nas viagens ao exterior. No momento em que
cruza as fronteiras do Brasil, portanto, cessa o compromisso com a decência.
Ele não precisa agir honestamente na América bolivariana, por exemplo. E pode
fazer o diabo na África.
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