Por Aécio Neves
Revisito a matéria porque, com todas as atenções voltadas
para os graves desdobramentos do escândalo da Petrobras, outras situações não
menos graves vão se diluindo sem conseguir mobilizar o país.
É exatamente o que acontece com a crise dos Correios, outra
empresa que se transmudou em uma espécie de resumo das mazelas que ocorrem no
país: corrupção, compadrio, ineficiência e uso vergonhoso do Estado em favor de
um partido político.
Nos últimos anos, os Correios, assim como outras empresas
públicas e seus fundos de pensão, foram ocupados pelo PT. Na campanha eleitoral
do ano passado, a estatal foi instrumento de graves irregularidades.
A propaganda da candidata oficial à época foi distribuída
sem o devido e necessário controle. A consequência foi que milhões de peças
podem ter sido encaminhadas sem o pagamento correspondente. Recentemente, o TCU
concluiu que a empresa agiu de forma irregular. Até aqui, pelo que se sabe,
ficou por isso mesmo.
Mas não foi só isso. Além de fazer o que não podiam, os
Correios não fizeram sua obrigação: deixaram de entregar correspondências
eleitorais pagas pelos partidos de oposição. Ação na Justiça denuncia que
correspondências de partidos com críticas ao PT simplesmente nunca chegaram aos
seus destinatários.
Some-se a isso o escândalo do vídeo gravado durante uma
reunião, no qual um deputado petista cumprimenta funcionários da empresa e, sem
nenhum pudor, reconhece o uso político dos Correios. Diz ele: “Se hoje nós estamos
com 40% [de votos] em Minas Gerais, tem dedo forte dos petistas dos Correios”.
Denúncias como essas foram feitas por funcionários da
estatal indignados não só com o prejuízo financeiro, mas com o comprometimento
da imagem de uma empresa que até pouco tempo atrás tinha a confiança de todos
os brasileiros. A conta é alta: o rombo do Postalis pode ser de R$ 5,6 bilhões.
O que vem ocorrendo no fundo de pensão dos Correios não é
diferente do que acontece nos demais fundos, tomados, de uma forma ou de outra,
pela doença do aparelhamento e da má gestão, com prejuízos incalculáveis aos
trabalhadores e ao país.
O Brasil aguarda e exige que investigações rigorosas
alcancem também as autênticas caixas-pretas em que esses fundos se
transformaram e que resumem o que há de pior na vida pública brasileira. É hora
de cobrar responsabilidades e transparência.
Fonte: PSDB na Câmara
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Aécio Neves é presidente nacional do PSDB.
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