Por José Carlos Sepúlveda da Fonseca
Um manifesto assinado por expoentes da assim chamada
”intelectualidade brasileira”, como Fábio Konder Comparato, Marilena Chauí,
Cândido Mendes, Celso Amorim, João Pedro Stédile, Leonardo Boff e Maria da
Conceição Tavares (e haja fôlego!), denuncia a Operação Lava Jato como
tentativa de destruição da Petrobras, de seus fornecedores e de mudança do
modelo que rege a exploração de petróleo no Brasil.
Vejam bem, segundo estes senhores, a destruição da Petrobras
vem da apuração dos crimes feitos pela Justiça e pela Polícia Federal; não
provém dos próprios crimes praticados pela máfia petista encastelada na máquina
pública.
Conspiração
O texto do dito manifesto aponta ainda uma “conspiração”
para desestabilizar o governo; as investigações, segundo esses “expoentes
intelectuais”, atropelam o Estado de Direito.
Chamo de novo a atenção: não são os crimes cometidos pela
máquina corrupta do Partido dos Trabalhadores para consumar seu projeto de
poder anti-democrático – e reduzidos por estes luminares a simples “malfeitos”
– os que abalam o Estado de Direito; o que abala o Estado de Direito é a ação
da Polícia e da Justiça, transformada numa “conspiração para desestabilizar o
governo”.
Para finalizar e acentuar a má-fé que perpassa o texto, o
manifesto conclui por afirmar que “o Brasil viveu, em 1964, uma experiência da
mesma natureza”, a qual nos custou “um longo período de trevas e de arbítrio”.
Qual o fundamento para esta aproximação arbitrária e gratuita?
Subversão das ideias, distorção dos fatos
Consolida-se hoje, de Norte a Sul do Brasil, um sentimento
de aversão e repulsa em face da imensa máquina de corrupção instalada pelo PT
(e associados) na Petrobrás, em diversas outras instâncias dos negócios do
Estado e nas instituições, com a finalidade de consumar um projeto de poder
totalitário. É bom e louvável que assim seja.
Mas é preciso atentar para um aspecto talvez mais perigoso
do que a corrupção material! Uma corrupção intelectual na tentativa de inverter
a realidade dos fatos, de destruir a objetividade das análises e de subverter a
reta razão dos indivíduos. Não se esqueçam, é este tipo de “intelectualidade” e
de “lógica” perversa que constitui o esteio de regimes tirânicos e genocidas,
como o da Alemanha de Hitler, o da União Soviética de Lênin e Stalin, o da
China de Mao, o do Camboja de Pol-Pot, entre tantos outros.
Manifesto que exala agonia
Convido os leitores do Radar da Mídia a lerem trechos do
artigo “Que agonia”, que Vinícius Mota publica na Folha de S. Paulo
(23.fev.2015):
“Ao final da longa purgação que apenas se inicia, a
Petrobras e todo o complexo político-empresarial ao seu redor terão sido
desidratados. Do devaneio fáustico vivido nos últimos dez anos restará um vulto
apequenado, para o bem da democracia brasileira.
As viúvas do sonho grande estão por toda parte. Um punhado
de militantes e intelectuais fanáticos por estatais monopolistas acaba de
publicar um manifesto que exala agonia.
O léxico já denota a filiação dos autores. A roubalheira na
Petrobras são apenas "malfeitos". O texto nem bem começa e alerta
para a "soberania" ameaçada, mais à frente sabe-se que por
"interesses geopolíticos dominantes", mancomunados, claro, com
"certa mídia", em busca de seus objetivos "antinacionais".
Que agenda depuradora essa turma teria condição de implantar
se controlasse a máquina repressiva do Estado. Conspiradores antipatrióticos
poderiam ser encarcerados, seus veículos de comunicação, asfixiados, e suas
empresas, estatizadas para abrigar a companheirada. (...)
Quanto maior é o peso de empresas estatais na economia, mais
amplos são os meios para o autoritarismo. Imagine se o governo ainda tivesse em
mãos a Vale, a Embraer e as telefônicas para fazer política. Quais seriam os
valores da corrupção, se é que sobrariam instituições independentes o bastante
para apurá-los?”
Nenhum comentário:
Postar um comentário