Por José Carlos Sepúlveda da Fonseca

Vejam bem, segundo estes senhores, a destruição da Petrobras
vem da apuração dos crimes feitos pela Justiça e pela Polícia Federal; não
provém dos próprios crimes praticados pela máfia petista encastelada na máquina
pública.
Conspiração
O texto do dito manifesto aponta ainda uma “conspiração”
para desestabilizar o governo; as investigações, segundo esses “expoentes
intelectuais”, atropelam o Estado de Direito.
Chamo de novo a atenção: não são os crimes cometidos pela
máquina corrupta do Partido dos Trabalhadores para consumar seu projeto de
poder anti-democrático – e reduzidos por estes luminares a simples “malfeitos”
– os que abalam o Estado de Direito; o que abala o Estado de Direito é a ação
da Polícia e da Justiça, transformada numa “conspiração para desestabilizar o
governo”.
Para finalizar e acentuar a má-fé que perpassa o texto, o
manifesto conclui por afirmar que “o Brasil viveu, em 1964, uma experiência da
mesma natureza”, a qual nos custou “um longo período de trevas e de arbítrio”.
Qual o fundamento para esta aproximação arbitrária e gratuita?
Subversão das ideias, distorção dos fatos
Consolida-se hoje, de Norte a Sul do Brasil, um sentimento
de aversão e repulsa em face da imensa máquina de corrupção instalada pelo PT
(e associados) na Petrobrás, em diversas outras instâncias dos negócios do
Estado e nas instituições, com a finalidade de consumar um projeto de poder
totalitário. É bom e louvável que assim seja.
Mas é preciso atentar para um aspecto talvez mais perigoso
do que a corrupção material! Uma corrupção intelectual na tentativa de inverter
a realidade dos fatos, de destruir a objetividade das análises e de subverter a
reta razão dos indivíduos. Não se esqueçam, é este tipo de “intelectualidade” e
de “lógica” perversa que constitui o esteio de regimes tirânicos e genocidas,
como o da Alemanha de Hitler, o da União Soviética de Lênin e Stalin, o da
China de Mao, o do Camboja de Pol-Pot, entre tantos outros.
Manifesto que exala agonia
Convido os leitores do Radar da Mídia a lerem trechos do
artigo “Que agonia”, que Vinícius Mota publica na Folha de S. Paulo
(23.fev.2015):
“Ao final da longa purgação que apenas se inicia, a
Petrobras e todo o complexo político-empresarial ao seu redor terão sido
desidratados. Do devaneio fáustico vivido nos últimos dez anos restará um vulto
apequenado, para o bem da democracia brasileira.
As viúvas do sonho grande estão por toda parte. Um punhado
de militantes e intelectuais fanáticos por estatais monopolistas acaba de
publicar um manifesto que exala agonia.
O léxico já denota a filiação dos autores. A roubalheira na
Petrobras são apenas "malfeitos". O texto nem bem começa e alerta
para a "soberania" ameaçada, mais à frente sabe-se que por
"interesses geopolíticos dominantes", mancomunados, claro, com
"certa mídia", em busca de seus objetivos "antinacionais".
Que agenda depuradora essa turma teria condição de implantar
se controlasse a máquina repressiva do Estado. Conspiradores antipatrióticos
poderiam ser encarcerados, seus veículos de comunicação, asfixiados, e suas
empresas, estatizadas para abrigar a companheirada. (...)
Quanto maior é o peso de empresas estatais na economia, mais
amplos são os meios para o autoritarismo. Imagine se o governo ainda tivesse em
mãos a Vale, a Embraer e as telefônicas para fazer política. Quais seriam os
valores da corrupção, se é que sobrariam instituições independentes o bastante
para apurá-los?”
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