Gen Ex R1 Gilberto Barbosa de Figueiredo
Muito se tem escrito, ultimamente, sobre as mentiras impostas
à população brasileira por Dilma Rousseff – e seu antecessor, Lula da Silva. Da
mesma forma, não têm sido poucos os comentários estampados nos mais diversos
órgãos de comunicação sobre a herança perversa deixada por ela mesma, após
quatro anos de desmandos no governo. Convém, no entanto, relembrar alguns
aspectos relacionados a esses dois fatos.
Que a presidente tem usado a mentira para enganar seus
eleitores é assunto presente na convicção da imensa maioria dos brasileiros.
Haja vista a vergonhosa campanha para sua reeleição, quando a falsidade foi
arma fartamente utilizada. Ocorre que o escasso apreço à verdade esteve sempre
presente na vida de Dilma Rousseff. Pelo menos, desde que começou sua vida
pública, que é quando se torna possível a avaliação de seus atos.
Relembremos alguns embustes por ela patrocinados, em
diversas fases de sua existência. Dilma mentiu, como candidata, e de forma
indigna, como já foi lembrado, em toda sua última campanha eleitoral Dilma
mentiu, como presidente, durante seu primeiro mandato, ao afirmar que a
situação econômica do Brasil estava sob controle Dilma mentiu, como presidente
do Conselho de Administração da Petrobras, ao dizer que nada sabia sobre as
falcatruas perpetradas na empresa Dilma mentiu, como estudante, ao inventar
títulos acadêmicos que não conquistara Dilma mentiu, como cidadã, ao asseverar
que a luta armada em que se engajou era em defesa da democracia, fato negado
por diversos companheiros seus de terrorismo, mais francos e mais amantes da
verdade Dilma mentiu, como terrorista, ao afiançar que desconhece o destino
dado ao dinheiro furtado do cofre do Adhemar de Barros.
Tanto desamor à verdade abriu o caminho para o desastre.
Caminho que foi pavimentado pela incompetência, pela corrupção e pela
incoerência nas ações de governo.
A incompetência ficou clara através das denúncias dos
principais cronistas do país, mostrando o caos que se instalou no Brasil, após
doze anos de governo petista. A incompetência também é visível na estudante. O
valor de um aluno não pode ser medido apenas pelo histórico escolar. É
necessária a comprovação nos atos práticos tomados pelo profissional, apoiados
no que aprendeu na escola e na experiência que adquiriu na vida.
Também na flexibilidade de raciocínio, na capacidade de
reconhecer os erros e buscar solucioná-los. Desconheço os resultados da vida
acadêmica de Dilma, mas, quanto aos resultados práticos, sabe-se de um tremendo
fracasso. Ainda mais que, segundo a maioria dos comentaristas políticos, era
ela quem, pessoalmente, conduzia a economia em seu primeiro mandato. Deu no que
deu. Como economista, não parece nada convincente.
A corrupção, negada pela presidente, sempre afirmando que
não aceita “malfeitos”, foi desnudada pela operação “lava jato”. O interessante
é que Dilma, mesmo afirmando que é a primeira presidente a determinar
investigações independentes, tudo faz para, através de sua base de apoio no
parlamento, bombardear as CPIs instaladas no Congresso, com o intuito de
investigar a Petrobras.
Quanto à incoerência, os exemplos são abundantes. Para não
alongar o texto, ater-me-ei a alguns poucos. Na política externa é visível o
tratamento diferenciado entre companheiros e aqueles que professam ideologia
distinta da sua. Quando o Paraguai, dentro da lei, usando um instrumento
previsto em sua constituição, defenestrou o companheiro Lugo, não teve pejo em
condenar a ação e liderar uma suspensão do Mercosul. Aí, não foi intromissão em
assuntos internos dos outros. Agora, o presidente da Venezuela prende
ilegalmente um adversário político, em flagrante desrespeito à cláusula
democrática do bloco, e nossa presidente se recusa a comentar o fato, alegando
tratar-se de assunto interno de outro país. Outra contradição: embora o Brasil
esteja necessitando, desesperadamente, de melhorias em sua infraestrutura,
inclusive em relação a suas precárias instalações portuárias, preferiu
financiar um moderno porto em Cuba. Há ainda sua peculiar e incompreensível
forma de se expressar. Em Porto Alegre, não faz muito tempo, saiu-se com essa
pérola, referindo-se ao dia da criança: “Principalmente porque, se hoje é o Dia
das Crianças, ontem eu disse que criança… o dia da criança é dia da mãe, do pai
e das professoras, mas também é o dia dos animais. Sempre que você olha uma
criança, há sempre uma figura oculta, que é um cachorro atrás, o que é algo
muito importante”.
Chegamos a 2015 em situação calamitosa. Não vejo
perspectivas de uma saída da crise com essa quadrilha instalada no poder. A
equipe econômica escolhida pela presidente, muito a contragosto, por certo,
merece confiança. Resta saber até quando continuará recebendo liberdade de
manobra. Até quando estará livre do espírito mesquinho e retrógrado de sua
chefe.
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Gen Ex R1 Gilberto Barbosa de Figueiredo foi Ex-Presidente do Clube Militar
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