Dizia Bastiat que não se pode conceber que o
estado dê ao povo mais do que ele lhe tomou na forma de impostos. O
estado, em qualquer caso, se encontra em um “círculo vicioso”, ou seja, se ele
se recusar a dar ao povo o que prometeu antes de ser eleito, será acusado de
“impotência, de querer mal ao povo, de incapacidade”, ou, por outra, de
incompetência e má fé. Se tentar realizar suas promessas, ficará condenado a
cobrar mais impostos e, assim, “a fazer mais mal do que bem” e, da mesma forma,
a conquistar “a desaprovação geral”.
Em resumo, segundo Bastiat, coexistem duas esperanças, as do
povo – ganhar mais e pagar menos – e as duas promessas do governo
– muitos benefícios e nenhum imposto. “Esperanças e promessas que,
por serem contraditórias, não se realizam nunca”.
E acrescenta a pergunta: “Não estará aí a causa de todas as
nossas revoluções?”
Entre as promessas impossíveis e as esperanças de vê-las
realizadas, o estado vê-se pressionado pelo dilema hamletiano de ser ou não ser
“filantropo”, em outras palavras, aumentar ou renunciar aos impostos.
As promessas de dar mais e cobrar menos são, portanto,
excludentes e incompatíveis com a realidade. A tentação de usar o crédito do
tesouro, isto é, “devorar o futuro”, passa a ser a tentação e a forma de
conciliá-los: “fazer um pouco de bem no presente às custas de
muito mal no futuro”, processo que “evoca o espectro
da bancarrota” !
Bastiat conclui que existem dois sistemas políticos e que os
dois podem sustentar-se,desde que praticados com honestidade e
que aceitem suas servidões e o truísmo de que o estado não pode dar mais ao
povo do que o valor que lhe tomou na forma de impostos, isto é, em um deles, “o
estado deve fazer muito, mas deve também tirar muito”, no outro, “a dupla ação
do estado deve-se fazer sentir muito pouco”.
E finaliza, dizendo que “o estado não é ou não deveria ser
outra coisa senão a força comum instituída, não para ser entre todos os
cidadãos um instrumento de opressão e de espoliação recíproca, mas, ao
contrário, para garantir a cada um o seu e fazer reinar a justiça e a
segurança”.
É importante que os brasileiros conheçam esses princípios
para que possam entender a lógica do que se passa no Brasil e que, a partir da
experiência desastrosa que nos empobrece e envergonha, preparem-se para fazer
outras opções e, principalmente, para aceitar as servidões daí decorrentes,
sabendo que, na verdade, os estados, sem exceção, devolvem menos
do que tiram, assim que, quanto menores, menor será a diferença!
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