Em numerosos artigos, entrevistas e discursos, o doutor em
extravagâncias bacharelescas deixou claro seu menosprezo pelo preceito
constitucional que garante a propriedade privada no Brasil. Nunca escondeu os
laços afetivos com o MST, uma velharia comunista que não tem existência
jurídica. E sempre defendeu enfaticamente a desapropriação de terras produtivas
para fins de reforma agrária, sem o pagamento de indenização aos proprietários
lesados.
Indicado para uma vaga no Supremo Tribunal Federal por Dilma
Rousseff, Fachin superou a sabatina no Senado com a ajuda militante do cabo
eleitoral Álvaro Dias. Na discurseira em que se derramou em elogios e rapapés
ao sabatinado, o parlamentar tucano advertiu os que lastimaram a deserção do
até então combativo oposicionista: todos iriam arrepender-se quando Fachin
começasse a agir no Supremo.
Nesta terça-feira, em decisão monocrática, o magistrado dos
sonhos de Álvaro Dias suspendeu a comissão do impeachment que a Câmara começou
a montar horas antes. A palavra final caberá ao plenário do tribunal, que
examinará a pendência na próxima quarta-feira. Mas agora está claro que Fachin
entrou em campo para manter no cargo a presidente a quem deve o emprego.
Na conversa gravada pelo filho de Nestor Cerveró, o senador
Delcídio do Amaral e seus comparsas se mostram muito animados com a informação
de que determinado caso seria julgado por Fachin. A interrupção do processo de
impeachment ajuda a entender o entusiasmo da turma empenhada em desmoralizar a
Operação Lava Jato.
Para devolver à condição humana ministros convencidos de que
a toga transforma advogados em divindades, basta que os milhões de indignados
retomem as ruas e mostrem claramente o que o país que presta pensa de gente
assim. O Congresso fará a vontade do povo. O STF não ousará desafiá-la com
atrevidas manifestações de gratidão ao padrinho. Ou madrinha.
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