Por Percival Puggina
A frase que dá título a este artigo sustenta a tese. Bem
entendida, vale por uma confissão. Se a presidente nada fez de errado, então
fez tudo certo e as ações de seu governo, de seus auxiliares diretos e de seu
partido levaram o país deliberadamente ao caos (e ainda há quem afirme que
“golpe” é propor seu impeachment!). Na outra hipótese, ela não tem ideia do que
diz nem do que fez e supôs que o Brasil fosse uma lojinha de tudo por R$ 1,99.
Nesse caso, quem a indicou para presidir a república tinha que estar enfiado em
camisa-de-força. Dilma desmente a tese segundo a qual cada povo tem o governo
que merece. Eu sei, o povo brasileiro elegeu quatro governos petistas, de corrida,
um atrás do outro. Mas nem por isso merece tamanho castigo.
Malgrado o caos que se instalou no país, o completo
desacerto do governo em relação ao modo de enfrentar a situação, a presidente
agarra-se ao cargo como se sua permanência fosse mais importante do que o bem
do país. O afastamento voluntário, pelo qual a nação anseia, torna-se
impensável por exigir grandeza moral que não encontra medida na régua petista.
Diante de tudo que se sabe, parece inadmissível não haver
previsão legal para fundamentar um processo político de impeachment contra quem
deteve e detém poder de mando e função de controle sobre o corpo e o espírito
do governo. Como pode não ser crime de responsabilidade comandar uma
administração onde a probidade era a exceção? Como pode não ser crime de
responsabilidade atentar contra a lei orçamentária? São perguntas que se faz
todo cidadão medianamente informado. Então vale a informação: tudo isso é
crime, sim, em todas as leis que tratam da matéria, como muito bem está
salientado no pedido de impeachment formulado pelos juristas Hélio Bicudo e
Miguel Reale Jr.
Volto, então, à frase do título. Ou a presidente tem
responsabilidade, ou é irresponsável. Em nenhum dos dois casos deve permanecer
no cargo por sobradas razões jurídicas e políticas. Isso para não mencionar a
dignidade nacional nem as urgências sociais e econômicas.
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Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é
arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista
de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra
o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do
grupo Pensar+.
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