Por Denise Campos de Toledo
O governo falou tanto em crise externa, para justificar a
piora e as dificuldades da economia brasileira, e agora podemos ter,de fato,
problemas relacionados ao cenário internacional. O mercado há bastante tempo já
contava com um ajuste mais forte da bolsa chinesa, que chegou a subir mais de
150% em dólares. mas na hora em que o ajuste começa a ocorrer vem o temor de
desdobramentos mais sérios. Até porque esse ajuste está ligado á desaceleração
do crescimento da China.
Além do impacto sobre o mercado financeiro, como essa onda
pesada de queda das bolsas de valores, ainda tem a diminuição das importações
do país e a baixa dos preços de commodities, que prejudica o comércio exterior
até de economias mais fortes, como os Estados Unidos. O Brasil já vem sentindo
os reflexos desse movimento, tanto na balança como no desempenho das empresas
que operam com commodities, como a Vale.
Afinal, a China é o nosso maior parceiro comercial. Mas
ainda tem a preocupação com a alta do dólar, que veio junto com toda essa
instabilidade do mercado. Um avanço mais forte do dólar pode pressionar a
inflação, que continua rodando em patamar elevado demais. Enfim, tudo que o
Brasil não precisa é de uma crise no exterior, trazendo mais problemas, com a
economia fragilizada como está e com projeções ainda bem ruins. O relatório
Focus, divulgado hoje, mostrou que o mercado trabalha com a previsão de
inflação em 9,29% este ano e em 5,5% no ano que vem. Inflação muito alta, para
uma economia em recessão, com desemprego crescendo rápido e queda geral do
consumo.
O mercado, que já prevê uma retração de 2,06% para o PIB, o
Produto Interno Bruto, este ano; e de 0,24% no ano que vem, fala em piora
dessas projeções, diante da falta de sinalização de retomada da atividade. Ao
contrário, os indicadores ainda estão piorando e não se vê uma ação mais
efetiva do governo no sentido de dar maior fôlego à economia. Liberações
pontuais de crédito e favorecimento de alguns setores não vão garantir uma
reação. Isso deve vir, aos poucos, lá para o final do ano que vem ou em 2017,
através de uma melhoria das exportação de manufaturados. Essa é a saída
clássica de crises, desde que não surjam problemas adicionais, como essa ameaça
agora da China.
Fonte: YouTube/Jornal da Gazeta
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