Por PercivalPuggina

Ele pertencia à alta
hierarquia de seu partido e estava bem informado. O tempo o comprovou. O PT
destruiu os fundamentos macroeconômicos então vigentes (responsabilidade
fiscal, câmbio flutuante e meta de inflação). Exibiu, pouco a pouco, sua
vocação para o totalitarismo. Empenhou-se na armação da luta de classes,
forçando o divisionismo dentro da sociedade. Ensaiou várias tentativas de
controlar a mídia. Levou o revanchismo até onde pode. Concebeu várias agendas
socialistas. Aliou-se aos piores vilões da política nacional e internacional.
Não lhe faltaram tentativas de impor absurdos, mediante decretos felizmente
rejeitados pela opinião pública e pelo Congresso. Tais foram os casos do
PNDH-3, que fazia gato e sapato em nome dos direitos humanos, e do decreto Nº
8.243 (decreto dos sovietes), que pretendia uma desabilitação do poder
legislativo. O partido viria, como de fato veio, contaminar e aparelhar o Estado
em conformidade com um desígnio totalitário. Tudo para alterar a trajetória do
transatlântico.
Na política, tudo ia
bem. Os corruptos prosperavam. Não faltava dinheiro à mídia chapa branca, nem
capitanias hereditárias aos partidos e aos políticos da base. O crescimento
chinês empurrava a economia para a frente, mais ou menos como as elevações da
taxa de juros engordam os lucros dos bancos sem que os banqueiros precisem sair
da poltrona. O petróleo a mais de US$ 100 viabilizava qualquer estripulia na
Petrobras e o pré-sal era portentosa mina, a ser drenada ainda antes de
gotejar. A megalomania, os delírios de poder e de riqueza, os projetos
faraônicos, o messianismo característico dos partidos e movimentos totalitários
recebiam injeções de adrenalina na veia. No limite das aparências, Lula era um
Midas. Além das aparências, uma bomba de efeito retardado.
Só agora, concluída
aquela curva descrita pelo meu interlocutor no debate acima referido, veem-se
todas as dimensões do estrago. O desvio de rota jogou o país contra os
rochedos, de modo desastroso. Lula e Dilma, que sequer se animam a aparecer em
público, fazem lembrar o rápido e furtivo desembarque do comandante Francesco
Schettino após jogar o Costa Concórdia contra os arrecifes junto à ilha de
Giglio.
A direção pretendida
quando a grande curva foi desenhada chegou onde inevitavelmente haveria de
chegar, porque nunca foi diferente o resultado de tais políticas. E se há muita
incerteza, hoje, sobre o futuro do país, se os comandantes se escondem mas não
desembarcam, ninguém duvida de que o desvio de rota e a megalomania os
condenaram à insignificância.
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Percival Puggina
(70), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e
escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas
de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a
tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.
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