Por Ucho.Info
Além de Renan, participaram da reunião o ex-presidente e
ex-senador José Sarney (PMDB-AP), que em 2014 anunciou sua saída da vida
política, e os senadores Romero Jucá (PMDB-RR), Eunício Oliveira (PMDB-CE),
Jorge Viana (PT-AC) e Delcídio Amaral (PT-MS).
Informações divulgadas apontavam que Lula discutiria com os
senadores algumas alternativas para a crise política que vem chacoalhando o
Brasil, mas na verdade o encontro serviu para o petista tentar o evitar
desembarque do PMDB da base aliada. Recentemente, Lula criticou sua sucessora e
pediu renovação do PT, que, em sua opinião, perdeu a capacidade de gerar
utopias e está apegado a cargos.
Lula também participou na noite de segunda-feira (29), na
capital dos brasileiros, de reunião com as bancadas do PT na Câmara e no
Senado. Na ocasião, ele reconheceu que a situação atual do governo Dilma, alvo
de novas denúncias de corrupção, “é preocupante e dramática”, como se ele próprio
não fosse responsável pelo cenário de crise que se alastra de forma
impressionante. O petista ressaltou que o PT precisa “ressurgir”, discurso
evasivo que, após o escândalo do Mensalão, foi entoado por Tarso Genro, que na
ocasião assumiu o comando do partido e prometeu refundá-lo.
O ex-presidente ainda encontrou-se com João Santana,
marqueteiro da campanha pela reeleição de Dilma, e telefonou para o
ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que foi citado na delação
premiada do dono da UTC, Ricardo Pessoa. Não se pode esquecer que a relação
entre Lula e Mercadante sempre foi ruim, por isso causa espécie a atitude do
ex-presidente de procurar o chefe da Casa Civil, como se a ele coubesse a
responsabilidade de gerenciar o governo atual.
Coincidentemente, a passagem de Lula por Brasília aconteceu
enquanto Dilma Rousseff está em viagem oficial aos Estados Unidos, causando
grande desconforto no Palácio do Planalto. De acordo com avaliação de
assessores da presidente, o “timing” é péssimo e o petista está passando a
imagem de que está assumindo as rédeas da articulação política do governo.
Que Lula sempre mandou no PT e principalmente nos bastidores
do governo de sua sucessora todos sabem, mas o que está em voga no momento é um
golpe dentro do próprio partido, o que faz do petista um ferrenho adversário de
Dilma.
Lula sabe que a situação de Dilma Rousseff é frágil e que os
desdobramentos da Operação Lava-Jato, em especial das delações premiadas, podem
abreviar o governo do PT. De tal modo, diante da possibilidade de impeachment
ou de cassação do registro da candidatura de Dilma, Lula começa a se apresentar
como candidato natural, precisando para tanto do apoio do PMDB, partido que
sempre pautou sua existência pelo fisiologismo e pelas negociatas criminosas.
Luiz Inácio da Silva é um animal político, ao mesmo tempo em
que é um alarife experimentado, por isso procurou o PMDB para reforçar a
artilharia contra Dilma no Congresso Nacional, assunto que vem sendo comandado
por Renan Calheiros e Eduardo Cunha. Faz necessário lembrar que Lula desconhece
o modus operandi do presidente da Câmara, que pode ser uma perigosa armadilha
no caminho dos seus projetos políticos. (Danielle Cabral Távora com Ucho
Haddad)
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