Por Nivaldo Cordeiro
Esse é o sentido das grandes manifestações populares
anti-PT, como a do 15 de Março e como será a de 12 de Abril. Toda a gente
anseia pelo jardineiro que irá fazer as flores florirem novamente. A
higienização do quintal é a tarefa preliminar. Remover o PT é um imperativo
histórico, é a expressão dessa higienização.
José Augusto Guilhon de Albuquerque, em excelente artigo (O
day after) proclama o dilema brasileiro: ou impeachment ou o caos. É claro que
o caos não pode imperar, de onde se conclui que uma transição de poder terá que
acontecer. A questão é saber qual virá. Eu torço para uma solução
constitucional, com a saída de Dilma Rousseff e a posse do vice, Michel Temer.
Como os motores da história estão em movimento e são imprevisível, nada pode
ser antecipado.
Michel Temer tem o perfil adequado para ser esse jardineiro
reparador do monturo. Não espero dele santidade, espero que faça o que o PMDB
tem feito, de fortalecer as instituições, a separação de poderes e a contenção
dos ímpetos revolucionários. Ter um jurista constitucionalista como ele como
vice faz com que rememoremos o bordão: o homem certo no lugar certo. O PMDB,
como partido hegemônico, poderá dar a estabilidade necessária.
Já o PSDB é um partido invertebrado e vacilante. Não recebe
a ojeriza que o público devota ao PT, mas não encanta, não tem discurso, não
tem esqueleto. A derrota em Minas Gerais do candidato Aécio Neves foi
emblemática e decisiva e só não aconteceu em São Paulo porque aqui toda a gente
quer o fim do PT. PSDB é um saco vazio que não pode se manter em pé. Aliás, nas
eleições do ano que vem em São Paulo, para prefeito, poderemos ver o efeito
desse desencanto dos eleitores. Poderemos ter grandes surpresas. O partido
perdeu o timing dos acontecimentos e está a reboque dos fatos. Não consegue
liderar nada. Um vácuo.
De qualquer modo, uma transição ensejará e demandará uma
composição do PMDB e do PSDB. Este último não gosta muito do primeiro, mas é
inevitável que algo assim acontece. O PT e seus íntimos aliados revolucionários
é que formarão a nova oposição.
Tudo está pronto para a transição. Quem viver verá.
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