quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Intervenção Militar: 1964 x 2015


Em 1964, nas FFAAa imensa maioria de seus quadros era legalista, respeitando, incondicionalmente a Constituição. Goulart caiu por causa da estratégia e das táticas que adotou. Pretendeu implantar as reformas com ou sem o apoio do Congresso,“na lei ou na marra”, por meio da mobilização das massas com o apoio passivo das FFAA e o apoio ativo de um dispositivo militar que pensava haver implantado.

Da preocupação dos empresários com a infiltração comunista resultou uma série de encontros de empresários do Rio de Janeiro e de São Paulo. Da troca de ideias sobre as suas responsabilidades, surgiu, no final de novembro de 1961, o Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais (IPES).

Passaram a integrar os quadros do IPES, profissionais liberais, militares da reserva, clérigos, funcionários públicos, etc. Com isto foi possível aperfeiçoar sua estrutura para estender sua ação a vários segmentos sociais. Criou-se um programa detreinamento de lideranças democráticas para homens de negócios, estudantes e operários.

Inúmeras outras organizações surgiram no ano de 1963, com objetivos semelhantes aos do IPES, algumas dispostas mesmo a ação revolucionária, se necessário. Um desses grupos, por exemplo, contatou Júlio Mesquita Filho, dono do jornal “o Estado de São Paulo”, que se tornou o seu chefe nacional, e que, em 1964, chegou a armar-se para participar diretamente da revolução.

Embora essas organizações não tivessem constituído um bloco ideológico e político monolítico, elas encontrariam unidade na situação pela qual passava o País e iriam influir decisivamente no movimento revolucionário.

Nos meios políticos, a oposição mais objetiva às esquerdas e ao Governo, decisiva mesmo para o êxito da Revolução, seria desempenhada pelosgovernadores, principalmente os de Minas Gerais, São Paulo e Guanabara.

Desde 1962, organizara-se, no Congresso, um bloco interpartidário denominado Ação Democrática Parlamentar (ADP), que se constituiu numa oposição atuante até a revolução. Contando com cerca de duzentos parlamentares.

Os mais influentes jornais e emissoras de rádio e televisão deram, desde o início, seu apoio às campanhas em defesa da democracia. É fácil deduzir quão importante foi essa atuação no preparo da opinião pública.

Em todos os segmentos onde o proselitismo esquerdista atuava houve reação. No meio sindical, eram realizadoscursos para trabalhadores, dirigidos pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), organismo patrocinado por empresas privadas de São Paulo. O IBAD [Instituto Brasileiro de Ação Democrática] era outra entidade que atuava nesse meio.

A área educacional era onde as esquerdas haviam obtido seu maior êxito. Surgiram, então, entidades democráticas para atuar em oposição à UNE. Uma das mais importantes  foi o Grupo de Ação Política (GAP) que atuava no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e em São Paulo.

Essas inúmeras entidades atestaram que a juventude não esteve omissa nos anos agitados que antecederam o 31 de março de 1964.

Desde 1954, existia, em São Paulo, o Movimento de Arregimentação feminina (MAF). O Marechal Cordeiro de Farias diria: “… a Revolução foi feita pelas mulheres brasileiras, principalmente as de Minas e São Paulo”.

Em 1963, mais de oitenta por cento dos militares continuavam com sua postura legalista. Dos restantes, aproximadamente a metade fazia parte do dispositivo janguista ou concordava com suas posições. Os da reserva, haviam começado a atuar desde a posse de Jango, ligando-se, orientando e participando das organizações civis mencionadas.
Em setembro, com o levante dos sargentos em Brasília, começou a haver uma mudança de posicionamento das FFAA.

No dia 4 de outubro, houve a tentativa frustrada da prisão do Governador da Guanabara e da decretação do Estado de Sítio. Os oficiais que se negaram a cumprir a ordem de prisão do Governador foram punidos. Sob o estímulo emocional dessas prisões, criou-se um grupo conspiratório. Liderado pelo então Coronel João Batista de Figueiredo.

Graças à confiança que esse grupo depositava no General Castello Branco, decidiram seus membros confiar suas apreensões ao Chefe do Estado Maior do Exército que integrou-se, de forma efetiva, ao esquema revolucionário.

Esse grupo elaborou um plano defensivo contra a tomada de poder pelas esquerdas: resistir e estimular a resistência civildar ânimo aos políticos a se oporem às proposições esquerdizantes; e preparar a resistência militar. Essa conspiração de cúpula não afetaria, ainda, a disposição da grande maioria dos militares, que se mantinha fiel à Constituição.

No comício do dia 13 de março, na Central do Brasil, promovido pelo Presidente Goulart,protegidos por tropas do Exército, estavam no palanque todas as facções do movimento revolucionário esquerdista. A partir desse momento, os conspiradores sabiam que o desfecho do golpe da esquerda estava próximo.

O Comício resultou numa mudança no posicionamento da imprensa. Os editoriais passaram a exigir diretamente que os militares assumissem a responsabilidade de resolver a crise.

Apesar dessa situação, a maioria militar não estava ainda convencida da necessidade de participar da revolução.

No dia 19 de março, dia de São José, Padroeiro da Família, as mulheres de São Paulorealizaram um protesto de rua contra o comício da Central do Brasil. Nesse dia, os cinemas não funcionaram, o comércio e a indústria suspenderam suas atividades às 15 horas. Às 16 horas, começava a primeira Marcha da Família Com Deus pela Liberdade”.

Para os militares legalistas, a etapa decisiva seria o motim dos marinheiros e seu desfecho que abalaram as convicções até daqueles que até a véspera  lutariam ao lado do Presidente e suas reformas. A revolução já poderia ser desencadeada sem que houvesse o risco da divisão interna das FFAA.

Quando, no dia 30 de março, João Goulart se dirigiu ao Automóvel Clube do Rio de Janeiro para falar a uma assembleia de sargentos, o desencadeamento da Revolução já estava decidido. O início do movimento foi marcado para a noite de 2 para 3 de abril.

Por razões diversas o movimento revolucionário foi antecipado em Minas Gerais. Na madrugada de 31 de março, as tropas ali sediadas começaram a marchar em direção ao Rio de janeiro. No encontro dessas forças com as do I Exército, que se deslocaram para barrá-las, não houve o primeiro tiro. Episódio semelhante ocorreria no ponto de encontro das tropas dos I e II Exércitos, no eixo Rio-São Paulo.

Pelo meio da tarde de quarta-feira, tudo estava terminado. Ruíra o dispositivo militar do Presidente, ninguém moveu ou esboçou resistência em defesa de Goulart, ou de suas reformas.

Depois de meses de tensão e de luta, os políticos brasileiros, liderados pela maioria dos governadores, podiam respirar aliviados, convictos do acerto das decisões tomadas.

Na madrugada de 2 de abril de 1964, o Presidente do Congresso Nacionaldeclarava vaga a Presidência da República e convidava para assumi-la, imediatamente, o Presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzili. Ao seguir-se o rito constitucional, restava a eleição, pelo Congresso Nacional, do Presidente e do Vice-Presidente da República, dentro de trinta dias.

A perplexidade dos primeiros dias deu margem a uma série de manobras políticas de grupos e de partidos que buscavam fazer o pêndulo do poder oscilar para o lado dos seus interesses.

O Comando Revolucionário desejava que o Congresso começasse por sua própria depuração, e que votasse uma legislação antissubversiva de emergência. Em vez disso, o Congresso tentou viabilizar um ato de emergência próprio. Esse procedimento provocou  a pronta reação do Comando Revolucionário, que praticou seu primeiro ato realmente revolucionário, outorgando o Ato Institucional nº 1.

Por esse ato, o Congresso passava a ser uma projeção do processo revolucionário e não a sua origem.

Anunciado na tarde de 9 de abril, o Ato outorgava à Revolução poderes para a rápida transformação do País, mantendo o Legislativo, o Judiciário e a própria Constituição. Dava ao Presidente da República o poder de introduzir emendas constitucionais; abreviava o processo de elaboração dos atos legislativos; dava ao Executivo competência exclusiva em legislação financeira; suspendia, por seis meses, as garantias de vitaliciedade e estabilidade, permitindo, mediante investigação sumária, a demissão, a disponibilidade ou a aposentadoria dos que houvessem “tentado contra a segurança do País, o regime democrático e a probidade administrativa”; excluída a apreciação judicial, autorizava, também, nos seis meses seguintes, a suspensão de direitos pelo prazo de dez anos e a cassação de mandatos legislativos. Finalmente, o Ato institucionalizava o mecanismo de transferência do Poder Executivo, através do Colégio Eleitoral, encarregado de escolher indiretamente o Presidente da República.

“Fica, assim, bem claro que a revolução não procura legitimar-se através do CongressoEste é que recebe desse Ato Institucional, resultante do exercício do Poder Constituinte inerente a todas as revoluções, a sua legalização”.(AI-1)

Na noite de 1º de abril, os principais Governadores que haviam apoiado a Revoluçãoacordaram que o Chefe do Governo Revolucionário deveria ser um militar. Castello Branco   foi eleito, com a quase unanimidade dos sufrágios, obtendo 361 dos 388 votos, e empossado em 15 de abril de 1964.

Entretanto, à medida que a Revolução se desenvolvia e sua estratégia ia sendo traçada, ela passava a desgostar indivíduos e grupos que, na não coincidência de rumos com suas próprias concepções e interesses, viam descaminhos revolucionários.

Antes da Revolução essa discussão não fora aprofundada, porque poderia tornar impossível a coligação que a tornou vitoriosa. Depois, apresentava o risco de provocar cisões irremediáveis nas forças revolucionárias e mesmo precipitar “um contra movimento executado pelas forças janguistas”.

Castello não queria que a Revolução fosse utilizada como instrumento de vinganças, de perseguições, e zelou, pessoalmente, por isso.

No final de julho de 64, o Congresso aprovou a emenda constitucional que prorrogava o mandato até 15 de março de 1967, marcando, ao mesmo tempo, a eleição presidencial para novembro de 1966. Castello, praticamente, foi obrigado a conformar-se. Quem não o fez, porém, foi o Governador Carlos Lacerda, que, se julgando prejudicado,abriu campanha contra o Governo revolucionário. Receptivos a essa pregação estariam setores que sofreram restrições impostas pela necessidade de contenção da anarquia e da desordem, nas relações sociais e na economia.

Já no dia da vitória, começaram as divergências quanto aos seus objetivos, prioridades, formas e modos de alcançá-los. O próprio restabelecimento da ordem e da tranquilidade nacionais, que era uma aspiração generalizada à qual se entregaria , nesse ano, o governo revolucionário, imporia a adoção de medidas que sacrificavam, na essência, o que era um dos objetivos prioritários da Revolução – a manutenção e o aperfeiçoamento do regime democrático.

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Ao fazer esta compilação do ORVIL, convido-os  a conhecer e a entender a intervenção militar ocorrida no ambiente e na conjuntura de 1964, deixando à iniciativa e ao conhecimento de cada um a comparação e a equiparação com o que ocorre no ambiente e na conjuntura dos nossos dias, bem como a chegada às conclusões daí decorrentes.

O Exército fantoche da hierarquia

Por Sérgio Alves de Oliveira
 
A desmoralização que se passa no Exército Brasileiro cresce a cada dia. Chegou a níveis intoleráveis. Passou dos limites que um ser humano normal consegue suportar. Quem manda no EB hoje são os antigos terroristas que lutaram com armas contra o Regime Militar, de 1964 a 1985, e depois foram anistiados, mais tarde subindo ao poder, enganando o povo numa debilitada democracia.

Os militares foram respeitados por todos os governos que se seguiram após eles deixarem o poder, espontaneamente, em 1985. Esse respeito durou até 2003, quando finalmente o Partido dos Trabalhadores - PT conseguiu eleger presidente da república o sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva, que já havia concorrido antes, sem sucesso. A partir daí começou a era do desprestígio das Forças Armadas, que paulatinamente foram marginalizadas e mesmo desmoralizadas, no que contaram com alguma ajuda interna de alguns dos seus próprios membros, que  logo foram requisitados ao natural para  preencher os mais importantes comandos da corporação militar.

Nos 12 anos dos seus governos ,o PT começou um trabalho progressivo de muita paciência, quase “oriental”,  sempre contando com os  melhores aliados que poderia ter,inclusive dentro da caserna, mais precisamente,além dos seus simpatizantes  que ali se dispunham a ajudar, a DISCIPLINA, os REGULAMENTOS e ,fundamentalmente,o ilimitado respeito nutrido pelos militares ao princípio da HIERARQUIA. O militar não sabe nem nunca soube dizer NÃO ao seu superior. Ora, desde o momento em que os “cupinchas” fardados foram os escolhidos para os comandos militares, e  devido a esta inflexível subordinação hierárquica,é evidente que o domínio da tropa ficou consolidado. Isso significa reforçar o fato de que os antigos terroristas que ontem eram os “caçados”, hoje são os “caçadores”. Caça e caçador inverteram as suas respectivas posições, pois.

Em um descarado “revide”aos militares de 64, os “Petralhas & Cia” espalharam por todos os cantos as tais “comissões-da-verdade”,que não passam da nova versão dos “tribunais-da-inquisição” da Idade Média, malgrado as disposições da Lei da Anistia abrangendo os dois lados do conflito armado da época. O Coronel Brilhante Ustra foi talvez a maior vítima dessa patifaria,o qual acabou morrendo de desgosto recentemente e  não teve nenhum gesto de solidariedade dos comandos da corporação que serviu com tanta dignidade, fidelidade e honradez durante uma vida inteira: o Exército Brasileiro. A única homenagem militar (póstuma) que teve foi no Rio Grande do Sul, onde nasceu, e custou a cabeça do Comandante Militar do Sul, General Mourão, que foi afastado do comando que exercia.

Sem dúvida a hierarquia é necessária na convivência humana. No meio militar também. E principalmente. Mas ela tem um limite. Quando o seu preço é a vida, a própria honra, ou qualquer outro valor superior, ela não pode nem deve ser respeitada. Nessas condições, a “rebelião” fica legitimada, a fim de afastá-la para que se estabeleça uma nova ordem e um novo “estado-de-direito”.

Até agora “matamos a cobra”. Resta “mostrar-o-pau” (que matou a cobra, claro).

Há poucos dias o Comandante do Exército disse - após exonerar o General Mourão do Comando Militar do Sul - que o efetivo do Exército seria diminuído. Diminuído? Mas como se explica então o aumento do número de generais  feito agora (anexo do Decreto 8.399/15)? Não seria uma contradição?

Os saites que tratam dos assuntos militares noticiaram nos últimos dias que as vagas para generais do EB passaram a ser de 152, para um total de 219.639 militares, entre oficiais e praças. Em 2009 eram 137 generais, para um total de 222.151. Significa dizer que o número de generais está aumentando e o total de militares diminuindo. Qual o propósito que o Governo tem em vista?

A matéria foi enriquecida com a informação que o EB passa a ter 1 general para  cada grupo de 1.400 militares, enquanto o exército israelense possui 1 general para cada 9.000, lembrando que Israel está permanentemente em conflitos armados, o que não acontece com o Brasil. Outra informação interessante é que o EB pegou alguns vícios do exército português, onde nada funciona bem..

A intenção governamental seria nivelar as Forças Armadas do Brasil com as repartições públicas em geral, onde  nada funciona bem e têm mais chefes que funcionários? Será que o Governo pensa que os generais deveriam ser como os seus ministros? Teria que haver um batalhão de ministros e outro de generais?

A enorme vantagem que o Governo tem é que ele está conseguindo a maioria dos generais que precisa no “canetaço”, não ouvindo quem quer que seja, muito menos a “velha guarda” desses oficiais, alguns dos quais ainda “falando grosso”, mas só para as paredes.

Além do mais infelizmente não tem surtido qualquer efeito a convocação que a sociedade brasileira está fazendo às suas FFAA para que façam uso da prerrogativa contida no artigo 142 da Constituição, em nome e representação do PODER INSTITUINTE  DO POVO BRASILEIRO. Enquanto isso o Poder Executivo faz “gato-e-sapato” das “suas” FFAA, usando o art.142 da CF para que elas intervenham até em briga de bordel. E não é esse o sentido que se deve emprestar ao citado dispositivo constitucional.

É preciso ter em mente que um preceito constitucional está acima de qualquer outra lei, decreto, ou  poder hierárquico das organizações políticas, administrativas ou mesmo militares. Se a Constituição autoriza a INTERVENÇÃO MILITAR em nome da sociedade, não há lei, regulamento, ou ordem superior com força bastante para impedir. Nesses casos, a “rebelião” é CONSTITUCIONAL.

E o que se precisa no Brasil de hoje é justamente uma REBELIÃO, contra o Três Poderes, mesmo que necessário o emprego de violência, que ainda seria bem menor que a violência sofrida pela sociedade brasileira durante esses últimos anos.


Fonte: Alerta Total

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Sérgio Alves de Oliveira é Sociólogo e Advogado.

O banqueiro aprisionado


Nada mais extravagante e fora do lugar do que um banqueiro, e dos grandes, aprisionado. Em prisão preventiva, diga-se de passagem, a pior delas, aquela que é determinada para que a investigação dos supostos crimes possa prosseguir sem a sua interferência. Normalmente, tal expediente é usado para investigar crimes de sangue ou de tráfico de drogas, tomados em flagrante delito, mas ficou usual entre nós, depois que o PT chegou ao poder, não porque este tenha decidido “investigar” mais, mas precisamente porque o partido decidiu delinquir mais na política, fez do poder de Estado um duplo instrumento de autoperpetuação no poder e de máquina para se locupletar.

O banqueiro – falo de André Esteves – secundou o maior dos nossos empreiteiros, Marcelo Odebrecht, que está na mesma condição há meses, preso preventivamente, sem data para sair da prisão. Banqueiros e empreiteiros são dois tipos de grandes negociantes com as coisas do Estado, aqueles dos quais o PT transformou em fonte de rio de dinheiro para suas campanhas eleitorais e para a conta corrente de seus dirigentes, todos enriquecidos à sombra do poder de Estado.

Desde que chegou à Presidência da República o PT se comportou como se tivesse tomado o poder pelas armas e pudesse reiniciar o país em tudo. Enganou-se. As instituições funcionaram e as falcatruas reveladas desde o mensalão estão devidamente tratadas pelo Poder Judiciários, em todas as instâncias. Sentenças têm sido prolatadas em profusão. Não deixou de ser muito irônico que o ministro Teori Zavascki, que chegou ao STF supostamente para ajudar juridicamente o PT, tenha assinado monocraticamente a ordem de prisão do banqueiro e do senador Delcídio Amaral, líder do PT naquela Casa. O Estado tem se revelado maior do que o partido.

Desde o mensalão o PT tem tentado “acalmar” os réus vendendo a falsa ideia de que controla o Poder Judiciário, comprando com isso o silêncio de incautos como Marcos Valério, que foi apenado com quarenta anos de prisão, em regime fechado. Os novos réus perceberam a fragilidade dessa promessa e passaram a negociar delações premiadas, que relaxam a prisão preventiva e reduzem a pena a cumprir, por acordo com o Ministério Público. Os dedos-duros têm se multiplicado.

Marcelo Odebrecht tem permanecido impávido, em silêncio total, o que tem lhe custado a longa prisão preventiva. Parece que passará as festividades de final de ano na cadeia. Vamos ver se a visão utilitarista típica de um banqueiro vai quebrar o silêncio de André Esteves. É provável que sim, mas isso causará um terremoto na vida política nacional. Se falar livremente vai comprometer toda cúpula da política e não apenas a do PT. Grandes fortunas súbitas, como a do André Esteves, só são possíveis mediante assalto impiedoso aos cofres públicos, de todas as formas. O negócio dos banqueiros os deixa em posição favorável em qualquer decisão governamental, a começar por aquelas que são referidas à dívida pública.

A propósito, o sistema brasileiro “democratizou” o butim da dúvida pública, toda a gente pode comprar seus papéis, que pagam generosos juros, os maiores do mundo. Não devemos esquecer, todavia, que para um título público chegar às mãos de um particular paga, antes, comissão a um banqueiro. A trilionária dívida pública é a vaca leiteira do sistema bancário.

Não sei se André Esteves é culpados dos crimes dos quais é acusado, mas a prisão dele não é injusta se tomarmos como referência o conjunto de sua obra. A súbita fortuna que logrou acumular veio acumulada de boatos de negociatas com fundos de pensão de empresas públicas, com o manejo da dívida do Estado, com súbitos movimentos lucrativos próprios dos muito bem informados, como as variações cambiais. Não é uma injustiça, portanto, que esteja preso.

O Brasil precisará ser passado a limpo, agora. Tantos políticos e gente rica aprisionados levam-me a acreditar que um mínimo de moralidade agora será exigido no trato da coisa pública. Fatalmente a rentabilidade desses maganos irá minguar. Ninguém pode ter permanentemente lucros extraordinários sem delinquir, é isso que a prisão do banqueiro revela.


Quem viver verá.

Elite são os dois filhos de Lula


MEC – O assalto final às mentes


Será impossível no espaço deste texto escrutinar o subproduto do Plano Nacional de Educação que atende pelo nome de Base Nacional Comum Curricular (BNCC). É o que poderíamos chamar de veneno diluído em abundantes doses curriculares. Ninguém morre intelectualmente com uma pitada, mas depois de uma dúzia de anos não sobra neurônio com autonomia. O objetivo final do petismo na Educação e na Cultura é tornar-se hegemônico. No meio, fica tudo: da música ao teatro, da internet à sala de redação, do seminário religioso à reserva indígena, do sistema bancário à barraquinha da praia, dos corações às mentes. Para conquistar mentes e corações, os companheiros burocratas do MEC trataram, primeiro, de unificar tudo, inclusive os exames vestibulares através do ENEM (com o qual a BNCC tem que "dialogar"). A esquerda adora os sistemas únicos, os coletivos, totalmente controláveis. Depois, criaram um Plano Nacional de Educação que o Congresso parcialmente comprou pelo valor de face. Agora, pretendem impor um currículo único que, uma vez definido, fará com que todos entendam e interpretem as coisas como o PT quer. Ao menos em 60% dos conteúdos. Os outros 40% não o interessam.

Para afastar o Brasil dos padrões ocidentais, nada melhor do que romper com o relato eurocêntrico da história. Então, nos delírios da BNCC, vamos acabar com a cronologia, enfatizar a história africana, ameríndia e, definitivamente, jogar no ostracismo os mestres da nossa cultura. Ensinar segundo a versão proposta pela BNCC é servir burrice em linguagem de redes sociais, com vocabulário de creche. Se lhe parece difícil crer no que estou dizendo, informe-se aqui: basenacionalcomum.mec.gov.br.

Todo leitor atento e todo estudante que entrou em contato com a linguagem esquerdista já com plena vigência docente nas salas de aula do país, sabe que existe um vocabulário padrão. Há palavras que mesmo avulsas no espaço valem por uma frase inteira e servem como prova de identidade ideológica. Uma delas é “problematizar”. Quando um professor diz que vai problematizar algo, ele está, na verdade, afirmando que vai usar sua autoridade (mais do que seu estreito conhecimento) para destruir alguma crença ou valor que suspeita estar presente nas mentes dos alunos. E a BNCC é pródiga em "problematizações". Ela problematiza o papel e a função de instituições sociais, culturais, políticas, econômicas e religiosas. Problematiza os processos de mudanças de instituições como família, igrejas e escola. Problematiza as relações étnicas e raciais e seus desdobramentos na estrutura desigual da sociedade brasileira. Problematiza, para "desnaturalizar", modos de vida, valores e condutas sociais. Quem disse que existem valores, modos de vida e condutas que são naturais?

Não era difícil imaginar a dedicação com que os companheiros do MEC se atirariam à tarefa de preparar uma base comum a todos os estabelecimentos de ensino do país. Melhor que isso só iniciar cada aula bradando – “Seremos como el Che!”. Agora, o MEC vai ouvir a sociedade, mas todos sabem que, para esse governo, ouvir a sociedade e com ela debater é reunir-se com os seus e decidir por todos. Então, não é ao governo que a sociedade deve protestar. Está tudo pronto para que as coisas aconteçam como convém a ele e a seu partido. Atenção, Brasil! Atenção, meios de comunicação, intelectuais, educadores, lideranças empresariais e sindicais, pais e mães! Atenção todos os cidadãos comprometidos com o bem dos nossos jovens e do Brasil! É preciso impedir que se cometa mais esse crime contra a nação e que o governo imponha sua ideologia a todos através das salas de aula.


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Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil, integrante do grupo Pensar+.

Estudantes da rede estadual fazem ato na Paulista


Escola estadual em Osasco é alvo de vandalismo


Oposição pede cassação de Delcidio do Amaral


Cunha e Dilma tentam trocar não cassação de mandato por não abertura de processo de impeachment

Por UCHO.INFO

dilma_cunha_1001Quando o UCHO.INFO afirma que o Congresso Nacional é um enorme e imundo balcão de negócios – isoladas algumas raríssimas exceções –, muitos políticos se rebelam, como se esse não fosse o retrato da realidade. Com o Brasil derretendo por conta de uma crise múltipla, que mescla questões políticas e econômicas, o Parlamento ampliou de forma desavergonhada a área de escambo. Isso porque a petista Dilma Rousseff e o peemedebista Eduardo Cunha precisam, cada um a seu modo, salvar a própria pele.

Nesta terça-feira (1º), a política está marcada por duas decisões polêmicas, as quais podem mudar os destinos do País. Em primeiro plano está a reunião do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, que, após pedido de vista coletivo, decidirá sobre a continuidade do processo contra Cunha, acusado de quebra do decoro parlamentar por ter mentido durante depoimento na CPI da Petrobras. O presidente da Câmara diz a pessoas próximas ter onze votos no Conselho, que tem 21 membros, o que lhe garantiria o arquivamento do processo. Por outro lado, os que fazem oposição a Eduardo Cunha afirmam que o processo avançará de todo modo.

Deixando de lado os prognósticos de parte a parte, fato é que o processo de Eduardo Cunha está atrelado à admissibilidade de um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. Ciente de que um processo de impedimento seria uma “cereja” no indigesto bolo da crise, Dilma acionou seus comandados para que Cunha seja poupado no Conselho de Ética, como forma de evitar o pior. Essa estratégia exige que os três deputados petistas que integram o Conselho de Ética votem pela não continuidade do processo contra o presidente da Câmara.

Entre atender ao pedido do Palácio do Planalto e dar uma explicação à sociedade – se é que isso faz alguma diferença no meio do caos – há a necessidade de esculpir um discurso minimamente convincente. Os petistas do Conselho de Ética começam a entabular um discurso que tem como base a alegação de que é preciso evitar uma instabilidade institucional no Congresso e garantir a alteração da meta fiscal do governo para 2015. A votação dessa matéria (alteração da meta fiscal), em sessão do Congresso, estava agendada para a última quarta-feira (25), mas a prisão do senador Delcídio Amaral (PT-MS) atrapalhou os planos do governo.

Vencido o imbróglio envolvendo o ex-líder do governo no Senado, o tema deve rechear a pauta de votação do Congresso na noite desta terça-feira (1º). A grande questão é saber se o Conselho de Ética decidirá pelo arquivamento do processo contra Eduardo Cunha. Do contrário, Dilma que comece a arrumar as gavetas, não sem antes escolher uma empresa de mudanças que leve suas tranqueiras governamentais até capital gaúcha.

A desfaçatez que envolve os dois temas é tão grande, que na segunda-feira (1) a cúpula do governo Dilma passou a maior parte do tempo reunida com a bancada do PT, finalizando o acordo que poderá salvar o mandato de Cunha e evitar que o impeachment suba a rampa do Palácio do Planalto.

O deputado federal José Geraldo, que defende a não continuidade do processo contra Cunha, diz que é preciso fazer um sacrifício pelo País. “Eu defendo a reflexão que devemos votar pelo país, não pelo Cunha. Não acreditamos no Cunha, mas o que pode acontecer amanhã no país pode ser o pior dos mundos”, disse o petista. Na opinião do parlamentar paraense, o “pior dos mundos” seria a abertura de um processo de impeachment contra Dilma. E para que isso não ocorra é preciso acreditar em Eduardo Cunha, apesar desse discurso desconexo e pouco convincente.

Traduzindo para o idioma da realidade, para manter no principal gabinete palaciano uma incompetente que foi conivente com a corrupção é preciso salvar a pele de um político profissional que fez das negociatas nos bastidores a cartilha do próprio cotidiano. E a população que continue acreditando que o Brasil é o país do futuro.

Promotoria entra com ação contra Haddad por aplicação de dinheiro de multas


Sogro do filho de Bumlai é suplente de Delcídio do Amaral


As difíceis eleições na Venezuela