terça-feira, 4 de agosto de 2015

Apagando incêndio com gasolina

Por Reinaldo Azevedo



STF autoriza transferência de Dirceu para Curitiba


O ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, é preso pela PF na 17ª fase da operação da Lava Jato
O ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, é preso 
pela PF na 17ª fase da operação da Lava Jato
(Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)
Ministro Luís Roberto Barroso atende pedido de Sergio Moro e determina que petista seja levado para cidade da Lava Jato

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, relator do processo do mensalão, autorizou na noite desta segunda-feira a transferência do ex-chefe da Casa Civil José Dirceu de Brasília (DF) para Curitiba (PR). Dirceu foi preso na 17ª fase da Operação Lava Jato e levado para a superintendência da Polícia Federal em Brasília. Os demais presos, incluindo o irmão de Dirceu, Luiz Eduardo, já foram levados para a capital paranaense.

A transferência de Dirceu precisou de aval do STF porque ele cumpria em regime domiciliar a pena a que foi condenado por corrupção ativa no julgamento do mensalão. A exemplo do que já havia acontecido com o ex-deputado Pedro Correa (PP-PE), penalizado no mensalão e investigado na Lava Jato, Barroso entendeu que o ex-homem forte do governo Lula pode ser levado para o Paraná, onde tramitam os processos de investigados sem direito a foro privilegiado. "Entendo que a concentração dos atos de apuração criminal no foro do juízo que supervisiona o inquérito é perfeitamente justificável, na medida em que é lá que se encontram em curso as investigações", disse Barroso em seu despacho.

Nove meses após deixar o presídio da Papuda para cumprir prisão domiciliar, o ex-ministro-chefe da Casa Civil e mensaleiro condenado foi preso preventivamente pela Polícia Federal. O nome desta fase da Lava Jato - "Pixuleco" - faz referência justamente ao termo que o então tesoureiro do PT João Vaccari Neto usava para se referir ao dinheiro de propina com que a empreiteira UTC abastecia o caixa do PT. Foram presos também o irmão de Dirceu, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, na cidade paulista de Ribeirão Preto, e o carregador de malas do petista, Bob Marques .

A já complicada situação de José Dirceu se deteriorou ainda mais depois que os ex-companheiros do petista, que por anos o abasteceram com dinheiro, acabaram como delatores do petrolão e reforçaram os indícios de participação do petista no esquema que fraudou mais de 6 bilhões de reais em contratos. Além de Pascowitch ter apontado o caminho que levou à prisão do ex-ministro, outros depoimentos sobre os tentáculos do PT não deixam de ser menos espantosos: o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco estimou que o PT recebeu até 200 milhões de dólares em dinheiro sujo do esquema, enquanto o ex-vice-presidente comercial da gigante Camargo Corrêa, Eduardo Leite, afirmou às autoridades que a empresa pagou 63 milhões de reais para a diretoria de Serviços, então comandada por Renato Duque, aliado de Dirceu, e outros 47 milhões de reais para a Diretoria de Abastecimento da Petrobras.

A inflação deve continuar alta até o fim do ano

Por Denise Campos de Toledo



PT fica em situação difícil após prisão de JOSÉ DIRCEU, afirma OPOSIÇÃO


No governo Lula Dirceu comandou a Casa Civil.
Foto: Dida Sampaio/AE
Para membros da Oposição, partido de Lula e Dilma se complicou

Representantes de partidos de oposição avaliam que a prisão do ex-ministro José Dirceu, na manhã desta segunda-feira, 3, deixa ainda mais complicada a situação do PT e do governo. Dirceu integrava a cúpula do partido até sua prisão por envolvimento no mensalão. No governo Luiz Inácio Lula da Silva, ele comandou a Casa Civil.

"É um quadro cada vez mais complicado para o PT e para o governo, um quadro que gera ainda mais dificuldade política para eles", disse o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE). "O PT, como um todo, está cada vez mais em uma situação difícil. Os seus nomes mais importantes totalmente envolvidos, presos. José Dirceu é um quadro que mostra que o PT, no governo, desmantelou toda a estrutura do Estado brasileiro. Temos um quadro caótico de governança", afirmou o parlamentar.

No PSDB, a avaliação é que a prisão de Dirceu liga Lula diretamente ao esquema de corrupção na Petrobras investigado pela Operação Lava Jato. "Com certeza, piora o clima para o governo e o PT, e aproxima de Lula", disse o vice-líder tucano na Câmara, deputado Nilson Leitão (MT).

O presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (SP), disse em nota que "demonstra que é preciso criar no País um novo governo para que ele possa, junto com a Justiça, corrigir os rumos do Brasil". O deputado afirmou que "há o encaminhamento de que o impeachment pode se tornar necessário" e que este é o momento "para fazer a intervenção constitucional, legítima para dar um paradeiro nisso tudo", já que, para o parlamentar, "a ingovernabilidade está instalada no País".


"Essa prisão significa um passo importante para a elucidação de quem é o chefe dessa organização criminosa", disse o líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR).

A Prisão José Dirceu




A Polícia Federal prendeu, nesta segunda-feira (03), o ex-ministro José Dirceu e o irmão dele Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, durante mais uma fase da operação que investiga o esquema de corrupção na Petrobras.

Vaccari usou dinheiro do Petrolão para comprar o vigarista fantasiado de blogueiro


get_imgA volta de José Dirceu à prisão ofuscou o regresso ao noticiário político-policial de Leonardo Attuch, um comerciante disfarçado de jornalista que prospera com o site Brasil 274 (podem chamar de 171 que ele atende). O título da reportagem do site de VEJA sobre a reincidência do meliante sem cura faz o resumo da ópera: MORO: BRASIL 247 RECEBEU DINHEIRO DO PETROLÃO A PEDIDO DO PT. O texto informa que o intermediário da negociata foi o companheiro João Vaccari Neto.

Os leitores da coluna não têm o direito de surpreender-se. Em outubro passado, um post aqui publicado revelou as ligações mais que promíscuas entre Attuch e o doleiro Alberto Youssef. O blogueiro que caiu na vida murmurou que revidaria a denúncia com uma ação judicial que, passados 10 meses, ainda não deu as caras. Nem dará: réus vocacionais querem distância de tribunais.

O blogueiro extorsionário especializou na produção de textos abjetos sobre jornalistas independentes, aos quais se seguem “comentários” que difamam, caluniam e injuriam quem ousa criticar o governo lulopetista. “A prudência recomenda a Attuch suspender o serviço sujo e procurar a ajuda de um advogado excepcionalmente imaginoso”, sugeri em outubro. “Vai precisar de um álibi e tanto para escapar do enquadramento no Código Penal”.


A última frase exige reparos. Pelo que se soube hoje, pelo que ainda falta saber, Attuch vai precisar de um balaio de álibis e de uma junta de advogados especialistas na absolvição de culpados. Mesmo assim, é improvável que se livre de dividir com o comparsa Vaccari uma cela na cadeia em Curitiba.

Marina Silva NÃO apoia IMPEACHMENT

Por Reinaldo Azevedo



Gleisi Hoffmann recebeu R$ 5 mi das empreiteiras da refinaria investigada no escândalo do Petrolão


gleisi_hoffmann_101Olho do furacão – A cada novo desdobramento da Operação Lava-Jato torna-se mais complicada a situação da senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR), que já responde inquérito por corrupção passiva qualificada no Supremo Tribunal Federal. O último pesadelo da senadora foi a condenação de ex-executivos da Camargo Corrêa – empreiteira responsável pelas obras da Repar no Paraná. Em quatro campanhas (2006, 2008, 2010 e 2014), Gleisi recebeu R$ 5 milhões através de doações suspeitas de sete empresas com serviços prestados na Refinaria Getúlio Vargas em Araucária.

O juiz federal Sergio Moro, responsável na primeira instância pelos processos decorrentes da Lava-Jato, condenou, no último dia 20 de julho, três ex-executivos da Camargo Corrêa por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e atuação em organização criminosa referente a superfaturamento e pagamento de propina para obtenção de contratos de obras da refinaria no Paraná. Moro também condenou dois delatores de Gleisi: o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e o doleiro Alberto Youssef. Ambos terão de devolver R$ 50 milhões aos cofres públicos.

O grosso dos repasses das empreiteiras da Repar se concentrou nas campanhas de 2008 (Gleisi disputou a prefeitura de Curitiba e perdeu) e de 2010 (ao Senado). Em 2008, Gleisi recebeu R$ 1,1 milhão da Camargo Corrêa (R$ 500 mil), OAS (R$ 250 mil), UTC (R$ 250 mil) e Mendes Junior (R$100 mil). Em 2010, Gleisi recebeu mais 2,8 milhões da Camargo Corrêa (R$ 1 milhão), OAS (R$ 780 mil), UTC (R$ 250 mil), Coesa (R$ 220 mil), Fujiwara (R$ 300 mil) e IBQ Indústrias Químicas (R$ 250 mil).

Nota-se que os anos de 2008 e 2010 foram de pico nas obras de ampliação da Repar, suspeitas de superfaturamento e investigadas pelo TCU. As suspeitas apontam desvios de R$ 85,9 milhões desviados das obras e metade desse total, R$ 43 milhões, foram para engordar os cofres do PT. Na campanha de 2006 (a primeira tentativa ao Senado), Gleisi recebeu R$ 220 mil de duas empreiteiras: OAS (R$ 100 mil) e UTC (R$ 100 mil). A UTC repassou mais R$ 900 mil para a campanha de Gleisi em 2014 (derrotada ao governo do Paraná).

Divulgadas em fevereiro deste ano, as planilhas do ex-gerente da Petrobras, Pedro Barusco, revelam que pelo menos R$ 85,9 milhões foram desviados de obras da refinaria Getúlio Vargas no Paraná para pagamento de propina. Metade desse total, R$ 43 milhões, foi entregue ao PT. Os detalhes constam da planilha com 87 contratos alvos de corrupção entregues à Justiça quando Barusco fechou acordo de delação premiada.

Os três contratos da Repar que aparecem na planilha foram fechados entre 2009 e 2010, com os consórcios Skanska/Engevix, Conpar (Odebrecht, UTC e OAS) e Interpar (Setal, Mendes Júnior e MPE). Eles somam, em valores globais, R$ 5 bilhões. Organizado, o ex-gerente alimentava periodicamente a tabela relacionando os contratos fechados com a estatal, o porcentual que seria desviado, como o dinheiro seria dividido e o nome dos executivos tratados como “contato” nas empresas.

No caso da Repar, os três contratos teriam tido o mesmo tipo de divisão. Do total, 1% dos recursos iria para o ex-diretor Paulo Roberto Costa – que em seguida dividia o dinheiro entre ele, o doleiro Alberto Youssef e políticos do PP, segundo as investigações. O outro 1% seria dividido entre o PT. Metade iria para João Vaccari Neto, tesoureiro do partido, e o restante para a “Casa”, em uma referência à diretoria de Serviços da Petrobras, comandada por Renato Duque, que foi indicado ao posto pelo PT, e pelo braço-direito Barusco.

O documento de Barusco mostra contratos fechados entre 2003 e 2011, compreendendo os dois governos do ex-presidente Lula e o primeiro ano de mandato de Dilma Rousseff. Os acordos, no total, representam R$ 47,1 bilhões e US$ 12,9 bilhões.