sábado, 16 de maio de 2015

Lava Jato: Depoimento de Carlos Alberto Pereira da Costa à Justiça Federal

Por Carlos Alberto Pereira da Costa




Fonte: YouTube

HOOD ROBIN, PATRONO DO AJUSTE FISCAL

Por Carlos Chagas

Acaba de ganhar um patrono o ajuste fiscal caracterizado pela supressão de direitos trabalhistas: é o Hood Robin, que ao contrário do Robin Hood, não tira dos ricos para dar aos pobres, mas inverte a equação. Tira dos pobres para dar aos ricos.

As medidas provisórias 665 e 664, aprovadas pela Câmara dos Deputados, configuram uma ode à traição, praticada não apenas pela presidente da República, mas pelo PT e a maioria dos partidos da base oficial. Não há como evitar a comparação de haver a Praça dos Três Poderes se transformado no reino do João Sem Terra, ou melhor, no império de Dilma Sem Palavra

Porque Madame jurou, na campanha eleitoral, que todos os direitos trabalhistas seriam preservados. O resultado aí está, com a fatura dos desvarios econômicos do primeiro mandato sendo enviada aos mesmos de sempre. O trabalhador perde boa parte do salário-desemprego do abono salarial. Fica impossibilitado de pleitear pensões por morte do cônjuge se for jovem e tiver sido casado há menos de dois anos.

Trata-se de um esbulho incapaz de ser compensado por alterações no fator previdenciário, mero expediente dos asseclas do sherife de Nottinghan instalados na Floresta de Sherwood para confundir os incautos, tanto que Dilma mandou anunciar seu veto a matéria aprovada.

O irônico nessa invertida história de horror é que o Ricardo Coração de Leão, no caso, o Lula, virou Luiz Fígado de Gatinho. O ex-presidente apoiou, em vez de protestar contra a redução de direitos trabalhistas. Se já foi guerreiro e trabalhador, agora é algoz de seus antigos liderados.

Razão mesmo parece estar com o antípoda do Tiririca, porque fica pior, sim senhor, a cada dia que a equipe econômica inventa novos expedientes para equilibrar a recessão. Ainda agora Joaquim Levy acaba de aquinhoar o BNDES com 50 bilhões de reais para continuar emprestando aos poderosos.


Em suma, como disse um deputado da oposição, a maldade é uma arte...


Os bandidos gaúchos do leite inspiraram-se na desfaçatez do Mensalão e no Petrolão


Não vale o que está escrito

Por Merval Pereira

De duas, uma. Ou a presidente Dilma está arrependida de ter indicado o jurista Luiz Edson Fachin para a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal ou está dando gargalhadas diante das respostas dele na sabatina na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Porque o Fachin que esteve ontem a responder aos senadores não é o mesmo que escreveu textos que colocavam em dúvida o direito à propriedade ou questionavam a família tradicionalmente formada.

Fachin ontem nem precisou explicitar o pedido para esquecerem o que escreveu. Ele mesmo tratou de fazer uma releitura de anos e anos de militância jurídica, explicando que todas as ideias polêmicas que defendeu ao longo de sua vida eram apenas questões que estavam sendo "problematizadas" em discussões acadêmicas, e não representam o pensamento que vai guiá-lo se for aprovado pelo Senado para o STF . Na verdade, o que se viu ontem no Senado foi um jurista quase conservador, defensor da tradição, família e propriedade. Ao jurista que escreveu um prefácio de um livro a favor da bigamia, afirmando que as ideias pertenciam a "mentes generosas e corajosas, preocupadas incessantemente com o que nos define como humanos", o jurista sabatinado respondeu ontem : "sempre acreditei que os valores da família , de pátria e de nação são fundamentais para progredir".

O jurista "que tem lado" escreveu, sobre a bigamia, que "quem se acomoda no dogmatismo enclausurado ou (...) elimina a instância jurídica como instrumento de emancipação " não cabe em um bonito sonho sobre "(...) as propostas que embalam significantes e significados no berço que desempacota os nós de alguns ninhos". Mas ontem foi às lágrimas quando se referiu ao casamento de quase 40 anos com a desembargadora Rosana Amara Girard Fachin, e aos filhos, todos presentes. Sobre propriedade privada, Fachin escreveu que "o instituto da propriedade foi e continuará sendo ponto nevrálgico das discussões sobre questões fundamentais do país. (...) De um conceito privatista, a Constituição em vigor chegou à função social aplicada ao direito de propriedade rural. É um hibridismo insuficiente, porque fica a meio termo entre a propriedade como direito e a propriedade como função social. Para avançar, parece necessário entender que a propriedade é função social."

Nos vídeos que mandou colocar na internet e nas palavras que disse ontem no Senado, Fachin acha que a propriedade é um direito fundamental e, como tal, nós devemos seguramente obediência a esse comando constitucional. "Por que a Constituição é o nosso contrato social. [...] Nenhum de nós pode ter uma Constituição para chamar de sua ". Garantismo constitucional e valores cristãos e democráticos podem ser as definições de seus compromissos mais profundos, segundo afirmou ontem. A certa altura, como quem não queria nada, lembrou que fora coroinha de igreja quando criança, a ressaltar suas raízes católicas. Fachin ressaltou sua formação civilista com louvores à democracia e à necessidade de o Poder Judiciário não assumir funções que são próprias do Legislativo: "O juiz não pode nem deve substituir o legislador", disse numa homenagem aos sabatinadores . Foi de tal ordem a diferença entre o Fachin de antes e o de depois da indicação, que parece que ele foi indicado por certas virtudes na visão de Dilma que fez questão de negar no Senado, talvez sentindo que seus pensamentos não correspondiam ao pensamento médio dos senadores.


O senador Ricardo Ferraço, que foi o primeiro a levantar a questão da dupla militância como advogado — procurador do estado do Paraná e advogado particular ao mesmo tempo, o que era proibido pela Constituição do estado quando assumiu a função na Procuradoria — insistiu na denúncia, que foi rebatida por Fachin com os mesmos subterfúgios de "expectativa de direito" pois era permitido quando fez o concurso , e teve permissão da OAB local. O senador definiu Fachin, logo no início da sabatina, como "vítima das suas convicções". Deve ter chegado ao final com a convicção de que Fachin não tem convicções, apenas se dispõe a "problematizar" os temas pelo gosto de um bom debate acadêmico. Tamanha a diferença entre um Fachin e outro que o senador Cássio Cunha Lima teve que perguntar se ele garantia que sua posição no Supremo corresponderia ao seu depoimento, e não aos textos que escrevera até então. Fachin garantiu que o que vale não é o que está escrito, mas o que falara naquela sessão.


Cenas desconexas: Moro é aplaudido na Avenida Paulista, Lula sai escondido de reunião com Renan

 
Imagem é tudo. Bombam nas redes sociais cenas e fotos do juiz Sérgio Moro e sua esposa Rosângela sendo aplaudidos no lançamento do livro "Bem vindo ao Inferno", prefaciado pelo herói da Lava Jato, ontem, no conjunto Nacional da Avenida Paulista. O Jornal Nacional da Rede Globo, editorialmente, preferiu mostrar outro acontecimento político, ocorrido mais cedo, em Brasília: o poderoso Luiz Inácio Lula da Silva saindo, com a fisionomia bem séria e formal, bem escondidinho, de um almoço indigesto com Renan Calheiros, Edson Lobão e Delcídio Amaral.

Por acaso a cena guarda alguma coincidência com o fato de delações premiadas da Operação Lava Jato citarem os santos nomes ligados à Família Sarney? Eis a ironia da história. O magistrado Sérgio Moro é tratado, popularmente, como um presidenciável - uma referência de líder para o Brasil. Humildemente, ele não aceita a fama de herói. Já o ex-Presidente Lula, em descarada campanha para retornar ao Palácio do Planalto em 2018, enfrenta o maior desgaste de imagem nunca antes visto em sua história pessoal. Lula nem pode sair a rua, sem ser vaiado ou xingado. Já Sérgio Moro, que não é político, consegue atravessar a Avenida Paulista sob aplausos.

Será com os aliados prestigiados ontem por Lula que o PT vai criar uma nova frente política de esquerda no País com vistas as eleições de 2016 e 2018 - conforme o petista gaúcho Tarso Genro anunciou esta semana no Rio de Janeiro? Em debate na Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Tarso Genro praticamente respondeu que não. Ainda mais quando falou da crise vivida pelo Partido dos Trabalhadores e proclamou que o ciclo desenvolvimentista iniciado por Lula está esgotado: "Nós, que somos minorias dentro do partido, não temos ninguém a nos opor, porque não há hegemonia partidária hoje. Há um condomínio administrativo e um partido em crise, que está se segurando para não entrar numa depressão profunda. Não existe grupo dirigente. Existe um acordo de funcionalidade partidária e um projeto de estado vencido."

O ideólogo Tarso Genro defende que o Brasil saia de uma posição dependência subordinada e partir para uma relação de cooperação recíproca com o capital financeiro internacional. Pregando "acabar com o monopólio da mídia", Tarso também repetiu o discurso nazistalinista de atacar o que chama de "classes dominantes" (as zelites a que Lula sempre se refere). Tarso espancou: "Eles são contra as ousadias dessas poucas reformas populares que foram feitas. A classe média brasileira está se 'paulistinizando', está cada vez mais paulista. O cara tem 50 mil no banco e acha que é o Ermírio de Moraes. Ele não quer pobre perto dele, ele não quer o negro na universidade, ele não quer aceitar a diversidade sexual. Pensa que é rico; não sabe o que é riqueza".

O grave problema estrutural e conjuntural é que a política brasileira não dá sinais de mudanças, embora seja esta a vontade do cidadão-eleitor-contribuinte. Assim, em 2018, existe o risco concreto de Lula retornar ao poder federal. Ainda não aparece no horizonte quem possa confrontá-lo. As lideranças continuam as mesmas. O debate continua ideologizado e sem ideias para colocar o Brasil nos eixos.

Assim, o País continua aquela velha vanguarda do atraso. Lula, um mito em decadência, segue em frente. E o Brasil fica esperando que outros Sérgios Moros apareçam para cumprir seu dever cívico, em qualquer dos três poderes, contaminados pela corrupção sistêmica.    

Direito e Justiça em Foco


No programa Direito e Justiça em Foco do próximo domingo, o desembargador Laércio Laurelli recebe a advogada Ana Luíza Reale - trata das mudanças do Código Civil no Brasil e de outros temas técnico-jurídicos.

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