Por Cel Marco Antonio Esteves Balbi
Estava eu posto em
sossego no dia de hoje. Meu filho mais velho completou 43 anos. Percebi que um
querido amigo postou um link com o texto cujo título é o mesmo desse texto.
Fora publicado no site Alerta Total do Jorge Serrão.
Para quem não conhece ou sabe, cabe aqui um esclarecimento.
Jorge Serrão acha que todas as mazelas do Brasil são originárias alhures. Em
especial é tudo culpa dos Rockfeller, de um tal de Consenso de Washington, dus
americanus e ingreses dos oio azul. Ou seja, Jorge Serrão e Lula, quando lhes
interessa, arrumam os mesmos inimigos. Até aí tudo bem. Cada um arruma o
inimigo que lhe interessa. Mas, por vezes, Jorge Serrão extrapola, no meu modo
de entender e, por algumas vezes, postei comentários na área apropriada,
estranhando as colocações apresentadas, quase todas elas dizendo respeito às
Forças Armadas, mormente ao Exército de Caxias.
Jorge Serrão até já publicou textos da minha autoria. Até aí
morreu Neves, já dizia aquele velho ditado francês. Mas, hoje foi demais!
Milico, não é isso aí, Serrão! Não, mesmo, Waldo!
Por oportuno, julgo importante esclarecer que não tenho
nenhuma das qualificações do articulista Waldo! Ele diz ser escritor,
economista e poeta. Eu sou só um coronel reformado do EB, menininho pequeninho
lá dos Campos dos Goytacazes, criado pela Dona Laurita e Seu Crementino, que me
puseram para estudar no Liceu de Humanidades de Campos. Mesmo que por vezes
alguns safanões tivessem sido necessários e oportunos. Prestei concurso de
admissão para a Academia Militar das Agulhas Negras e, após passar pela seleção
intelectual, física, médica e psicológica ingressei na carreira mais democrática
que eu conheço no Brasil.
Por meus méritos próprios e acompanhado e orientado pelos
meus chefes e apoiado pela minha família atingi o posto mais alto da carreira:
coronel do Exército. Minha mulher, bem mais corajosa que o Waldo, me acompanhou
por todo o tempo, fazendo 17 mudanças em 34 anos de carreira, criando dois
filhos e cuidando de todos os afazeres domésticos, muita das vezes sozinha.
O Waldo, ensimesmado, não percebe que o Exército Brasileiro
é uma síntese do Brasil. Seus homens, e agora também suas mulheres, vivem no
mesmo diapasão que todos os brasileiros. Conhecem todos os rincões do Brasil,
palmilham o seu território de norte a sul, de leste a oeste, vivenciam todas as
dificuldades e participam das raras alegrias do povo brasileiro. O que para
alguns exércitos de oio azul do Serrão é uma deficiência, para nós é uma
virtude. Estamos em todos os cantos, irmanamo-nos com todos, independente de
cor, classe ou crença.
Comandantes da ativa ou ex-chefes na reserva não têm
partido, não são governistas ou anti-governistas. O Exército é uma instituição
do Estado brasileiro e seus profissionais servem a este Estado, que mercê dos
impostos dos cidadãos lhes pagam os seus proventos.
A coisa mais fácil do mundo é ser crítico da história.
Dedicando-me a ler e estudar poderia escrever um tratado sobre como fulano ou
sicrano deveria ter agido em tal ou qual circunstância! Ah Castelo Branco
jamais deveria ter se rendido, suspendido a eleição e prorrogado o seu mandato!
Ah, jamais deveriam ter cassado o político a, b ou c! Pôxa, como foram permitir
que fulano conduzisse a política econômica ou a política externa! Assim é fácil
Waldo, até eu! Mas, eles é que estiveram lá e conduziram as coisas de acordo
com as circunstâncias! Tomaram as decisões naqueles momentos cruciais como
melhor lhes aprouveram!
Como ex-instrutor de duas das mais importantes escolas do
nosso EB posso lhe garantir uma coisa Waldo: você não sabe nada do que nelas se
ensina! Nem faz idéia de como se faz! Elas servem de parâmetro, em termos de
atualização das grades curriculares e das metodologias do ensino para muitas
das instituições civis, Waldo! Por certo, nelas ninguém desconhece Augusto
Comte e o positivismo, mas vão um pouquinho além! Conhecem Gramsci e sabem que
seu artigo encaixa-se como uma luva na estratégia ditada desde os cárceres pelo
italiano tão copiado no Brasil do PT de hoje!
E os atuais alunos das escolas militares, assim como os meus
alunos de ontem, hoje oficiais generais, reagirão na hora oportuna e adequada
para colocar ordem no caos. Leia o nosso guru, General Sérgio Coutinho. Ele já
nos dizia, pouco antes de partir, que o líder militar surgiria no momento
adequado e oportuno. Mas, ele nos dizia também, que caberia aos civis liderarem
o processo. Aonde estão os Lacerda, os Magalhães Pinto e os Ademar de Barros,
entre outros? Se depender de você e do Serrão estão bem escondidos, deitando
falação nas redes sociais e esperando pela solução que caia do céu. Ou do
inferno, se a turma do Foro de São Paulo prevalecer e uma guerra fratricida se
tornar inevitável. Nesta hora o senhor deverá estar escondido debaixo da cama,
enquanto eu e outros de pijama, sem as fraldas geriátricas e sem cocô nas
calças, tiraremos a graxa anti-óxido dos nossos trabucos enferrujados e nos ombrearemos com os nossos
ex-cadetes e alunos para expulsar os apátridas, sejam eles Jaques, Eva, Amorim,
Luis ou Dilma.
A história nos ensina que eles não desistem. Tentaram em
1935, em 1964, em 1968/1974, tentarão de novo! Mas, por aqui não passarão!
Seu artigo não me atingiu. Nem a mim nem a meus
companheiros. Mas, tenho certeza, atingiu a vários companheiros que até hoje
nos honram, chamando-nos comandante. Muitos ainda na ativa, outros já na
reserva, assim nos consideram porque em algum momento da carreira e da vida
profissional deles fomos capazes de liderar e dizer a eles: este é o caminho do
dever! E, eles acreditaram em nós e nos seguiriam e nos seguirão aonde for que
o conduzamos! Jamais o poeta, escritor e economista Waldo vai entender isto!
Serrão muito menos!
Lula, Dilma, Amorim e Jaques passarão. Serão considerados
como uma excrescência na história do Brasil. O Exército Brasileiro, este
permanecerá o mesmo, honrando as tradições, os valores e as virtudes forjadas
na têmpera do aço desde Guararapes, passando por Caxias, Sampaio, Osório e
Mallet, os febianos de Mascarenhas de Moraes, os boina azuis espalhados pelo mundo,
respeitado como a instituição de maior credibilidade perante o povo brasileiro.
É contra isso que você Waldo e você Serrão pretendem se contrapor? Vão se
catar, antes que eu me esqueça!
_________________________
Marco Antonio Esteves Balbi é Coronel Reformado do EB