Por Maria Lucia Victor Barbosa
Os recentes atos terroristas perpetrados na França por
fundamentalistas islâmicos levam a reflexões importantes, pois envolvem
situações globais que atingem indivíduos isoladamente ou mesmo populações
inteiras.
Para começar lembremos que a liberdade é essencial à vida,
uma espécie de oxigênio que permite viver com dignidade. É fruto da sociedade
ocidental capitalista, do Estado Liberal que evoluiu para o Estado Democrático
de Direito. É um bem precioso que foi conquistado aos poucos, lembrando que
sistemas totalitários como o comunismo e o nazismo extinguiram a liberdade e
massacraram os que tentaram exercê-la, assim como os regimes ditatoriais.
Mas existe limite à liberdade de expressão? Pode a mídia ser
antissemita, racista, achincalhar, insultar, tripudiar sobre valores incluindo
os religiosos? E não me venham dizer que não posso perguntar isso ou que estou
do lado do terror. Tenho direito de me expressar livremente enquanto o ministro
petista Berzoine não baixar a cesura total.
Que fique bem claro de minha parte, que as charges sem graça
e de péssimo gosto jamais justificariam a chacina dos chargistas levada a cabo
pelos irmãos terroristas Chérif e Said Kouachi, na redação do jornal Charlie
Hebdo, em Paris. Defender o terrorismo e
legitimar o mal é característica da esquerda primitiva e acéfala que culpa os
franceses, os Estados Unidos, os judeus, a islamofobia, a direita pelos brutais
assassinatos em nome da fé. Tudo indica que os grupos fundamentalistas sendo
totalitários, expansionistas, tribais, medievais atraem irresistivelmente a
esquerda que encontra naquelas organizações fanáticas ecos do seu próprio modo
de ser, identificando-se com as mesmas.
Seguiram-se às mortes dos jornalistas o assassinato de
quatro judeus em um supermercado Kosher, pelo terrorista, Amedy Coulibaly e sua
amante, Hayat Boumeddiene. As quatro vítimas chamavam-se: Yoav Hattab, 21,
Yohan Cohen, 20 (que salvou uma criança de três anos quando lutou com o
terrorista), Philippe Braham, 45 e François Saada, 64.
Lembra Gilles Lapouge sobre os judeus na França (O Estado de
S. Paulo, 14/01/2015), que “fundidos na sociedade francesa e sentindo-se
franceses até a raiz dos cabelos, seus talentos (Bergson, Lévi-Strauss, Mendés
France, Léon Blum, Montaigne e outras milhares de centenas de pessoas) levaram
à incandescência o gênio da França, à beleza de sua civilização – excluindo,
claro, o vergonhoso espetáculo da ocupação nazista (1940 – 44) quando o general
Pétain empreendeu uma campanha de perseguição aos judeus”.
Contudo, passado um dia ou dois dos ataques terroristas tudo
voltou ao normal e as afrontas, as agressões e ameaças aos judeus se
multiplicaram. Uma contradição, sem dúvida, pois se milhões de franceses foram
às ruas para defender a liberdade de expressão, por que alguns negam a outros a
liberdade de existir?
Um dos irmãos Kouachi também matou o policial Ahmed Merabet,
um mulçumano que ferido e deitado no chão pediu clemência, mas levou um tiro na
cabeça. Coulibaly, um dia antes de entrar no Koscher atirou em dois policiais,
sendo que a agente Clarissa Jean-Philippe, de 25 anos, morreu.
Os franceses acorreram às ruas para defender um valor que
lhes é caro, a liberdade ou para defender sua sobrevivência. Afinal, o ato
terrorista se seu dentro do seu território e atingiu o chamado Quarto Poder.
Porém, há uma legitimação do mal que não é só apanágio da esquerda diante das
facções jihadistas ou guerra santa. Afirmo isso porque houve mais espanto do
que manifestações mundiais quando emissários de Bin Laden derrubaram as Torres
Gêmeas em 11 de novembro de 2001. Atualmente ninguém se comoveu com o sequestro
e assassinato de três jovens Israelense, ao que tudo indica pelos terroristas
do Hamas cujo objetivo é dar fim a israel. Mulçumanos matam mulçumanos e fica
por isso mesmo entre eles. O Boko Haram sequestra jovens que são estupradas,
mantidas como escravas, vendidas, além de dizimar populações inteiras a ferro e
fogo, algo que parece apenas uma notícia longínqua que não interessa a ninguém.
Outras facções do Islamismo radical seguem atuantes como o Taleban e agora
entra em cena o Estado Islâmico com seus degoladores, crucificadores de
cristãos, experts em todo tipo de atrocidades. Isso se dá sob a indiferença,
legitimação ou aceitação das maiorias que aguardam sua vez de se submeter. Afinal,
Islã quer dizer submissão.
Está na hora do mundo se movimentar para valer em vez de
ficar esperando a ação dos Estados Unidos para depois criticá-la. E nem
menciono o Brasil porque aqui a governanta quer diálogo com o terror, como se
isso fosse possível, enquanto já se diz que fundamentalistas recrutam jovens em
nossas favelas. Só falta Maria do Rosário declarar que terroristas desumanos
têm direitos humanos.
Publicado originalmente no site A Verdade Sufocada
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Maria Lucia Vitor Barbosa é socióloga - mlucia@sercomtel.com.br